Pastor e cantor adventistas promoveram “live” com ex-freira feminista que rejeita a Bíblia

Pastor Ezequiel Gomes

A transmissão promovida pelo Pr. Alan Gentil em parceria com o cantor Leonardo Gonçalves era uma reflexão sobre o diálogo entre o feminismo e o cristianismo. A entrevistada, freira e doutora Ivone Gebara proponente brasileira da teologia feminista, foi por outro caminho. Crer na Bíblia e ser feminista, explicou Gebara, é impossível.

Irmã do Canal da Bíblia

https://www.youtube.com/watch?v=O3HE5eWVR3M

Temos que ter coragem para combater o mal. Não estamos combatendo pessoas, mas o mal. A palavra de Deus sendo posta em descrédito e a turma do não julgueis a todo vapor é que faz com que esse mal cresça na igreja. Os jovens sendo desencaminhados e os títulos acadêmicos se superiorizando diante da palavra. Quem dá luz no entendimento das escrituras é o Espírito e não a formação acadêmica.

David Boechat — ANTES

David Boechat — DEPOIS

 

Ontem o Leonardo Gonçalves resolveu fazer uma live sobre teologia feminista com Ivone Gebara. LG disse várias vezes que a ideia é dialogar com o diferente, com outras visões. Em tese, eu não teria problema nenhum em dialogar com alguém que pensa de modo significativamente oposto ao meu. Há, contudo, aqueles “detalhes” incômodos…

Não vou entrar no mérito da responsabilidade de LG de ser alguém que tem a exposição que tem e dar voz para alguém que pensa o oposto da fé cristã ortodoxa para uma audiência sugestionável. Mas eu fiquei com outro tipo de incômodo que se passou por “verdade”.

Eu não conhecia a Gebara. Mas o nível de falsidade que ela propaga por segundo é uma coisa impressionante. De relativização das Escrituras até pregação do evangelho panteísta, passando pela negação da ressurreição de Jesus (e.g., “as pessoas pobres não entendem a ressurreição como literal”; um acadêmico tem que se alienar muito do mundo real para soltar uma dessas), pela negação da verdade objetiva e pela destruição de qualquer tipo de conhecimento teológico… [ante]ontem teve de tudo.

Mas dentro daquele contexto, talvez nada seja pior do que sugerir que se a mulher tem algo a falar sobre a teologia, é falar aquele nível de falsidade. Aquilo está a anos luz de ser uma teologia que represente a grande quantidade de mulheres de fé pelo mundo; ela só representa a crença acadêmica liberal europeia. Nada do que Gebara falou, da relativização das Escrituras à visão de Deus, é diferente do que Baruch Espinosa falou (um “macho branco europeu”, para colocar nos termos dela).

O LG disse que “precisamos de uma teologia negra, de uma teologia feminista” de “ouvir outras vozes”. Mas… quais outras vozes precisamos ouvir para fazer teologia negra? Teologia produzida por negros? Se sim, por que Santo Agostinho, Atanásio e Guilherme de Carvalho não valem como “teologia negra”? E uma teologia produzida por mulheres? Então porque não vale St Tereza D’ávila, Susana Wesley, Ellen White, Edith Schaeffer, Linda Zagzebski?

Na verdade, como mostra o Philip Jenkins no livro A Próxima Cristandade, é de um anacronismo gigante dizer que a teologia cristã é “branca europeia”; o primeiro berço do cristianismo foram Alexandria, Antioquia e Jerusalém (ou seja, África e Oriente). E hoje grande parte dos cristãos está no Sul global. E pelas bandas marginalizadas de cá, o que triunfa é uma teologia ortodoxa, sobrenatural e que lê as grandes coisas do evangelho de modo completamente oposto ao que Gebara sugere.

E o mais irônico é que o tipo de teologia da Gebara não é, de modo algum, da massa africana e latinoamericana, de mulheres e negros. É uma teologia europeia, liberal, branca e rica, produzida nas universidades da Alemanha e da França, pela turma de Samuel Reimarus, Ernest Renan, Friedrich Schleiermacher, Paul Ricoeur, Michel Foucault e Jacques Derrida (“machos brancos europeus colonizadores”).

É uma teologia produzida por requinte, que só consegue prosperar em salas de aula de pós-graduação e na imaginação política do progressista, não na vida real.

Negros e mulheres fizeram, e ainda fazem, contribuições valiosíssimas para a fé cristã. No Brasil, as principais pessoas que eu busco imitar na minha caminhada cristã são “marginalizados” no sentido que o progressista quer (e.g., Guilherme de Carvalho e Vanedja Cândido).

A sugestão de que, para ser teologia negra e feminina, é preciso negociar a ortodoxia é tão falsa quanto nota de três reais. Na verdade, ela serve a uma agenda política que quer relativizar a ortodoxia e ser ortodoxo na agenda política (produzida por “machos brancos europeus colonizadores”, claro!).

(Bruno Ribeiro Nascimento é professor de Filosofia)

Fala sério, pastor! — ANTES

Fala sério, pastor! — DEPOIS

Não foi ruim, foi péssimo. Foi muito pior que eu esperava. Frases como “a Bíblia é cheia de mitos”, “a criação é um mito”, “não existe uma verdade”, “a mulher foi criada antes do homem”, “a minha fé não é uma fé bíblica”, “os cristãos acham que Jesus ressuscitou”… Agora a pior de todas: “Nós não afirmamos que Deus é uma mulher. Afirmamos Deus como mistério maior. E o mistério maior inclui masculino, feminino, gay, lésbica, planta, barata, passarinho, floresta, rio…”

Só quero ver se o @LeonardoGonçalves vai falar algo a respeito, se ele vai discordar, se vai pontuar os erros ou se o propósito era apenas disseminar o mal mesmo.

Íntegra da LIVE

Nota [de Michelson Borges]: Leia Efésios 5:11 e entenda por que tantos adventistas zelosos estão reagindo à live com a freira Gebara nos canais de um pastor e um cantor adventistas. Curiosamente, perfis relativistas liberais autointitulados “adventistas” (como esse abaixo), em lugar de apontar as heresias ditas pela entrevistada numa live que nada teve de diálogo, agora partem para o ataque dos que estão reprovando o erro. Buscar ter a lei no coração e segui-la (Josué 1:7-9; Salmo 119:9, 11) fielmente é “clubismo” e ter espírito fariseu? Os mandamentos de Deus estavam materializados nas tábuas da lei e no rolo do livro, ambos no compartimento santíssimo do santuário terrestre. As tradições dos rabinos faziam parte do livro da lei ou foram acrescidas posteriormente? Devemos equiparar os dois? O que a live polêmica apresenta está mais para o Livro da lei, valorizado altamente por Deus, ou para tradições humanas extrabíblicas? Assista e veja por si mesmo…

UMA FREIRA FEMINISTA

Ela defende o casamento gay, o aborto e um papel de liderança pra mulher na Igreja Católica. Por essas e outras, foi punida pelo Vaticano. Ela é Ivone Gebara, freira e feminista

POR MADSON DE MORAES 11.05.2017

Esqueça o hábito, as novenas e os cânticos, a vida enclausurada e o silêncio em comunhão com o divino. Isso não é parte do cotidiano da freira Ivone Gebara, filósofa e uma das expoentes da teologia feminista na América Latina. O que interessa a esta rebelde com causa, de 73 anos, é usar sua voz para provocar e questionar conceitos estipulados há séculos pela Igreja Católica, os quais têm marginalizado e oprimido mentes e corpos das mulheres: “Dentro do cristianismo, nós, mulheres, ainda somos colonizadas pela figura divina masculina”.

As posições defendidas pela religiosa feminista incomodaram o Vaticano. Em seus textos, Ivone faz questionamentos teológicos a respeito da imagem de Deus, da função das mulheres na Igreja, dos conteúdos dogmáticos ou de temas como o casamento gay e a descriminalização e legalização do aborto, além de críticas à estrutura patriarcal da Igreja. “É muito difícil de você mudar em 30, 40 anos de militância na teologia feminista”, reflete.

Suas convicções ideológicas aparentemente inconciliáveis – catolicismo e feminismo – ganharam as manchetes na década de 90, quando afirmou em entrevista à Veja que era a favor da descriminalização do aborto. As críticas vieram de todos os lados e Ivone acabou punida pelo Vaticano, sendo proibida proibida de dar aulas e entrevistas. “Na Igreja, se aprende que os textos são a palavra de Deus. Nós, teólogas feministas, defendemos que sejam vistos como a produção literária de uma época com abertura à transcendência”, sustenta Ivone.

Porém, a punição do Vaticano, que tinha como objetivo silenciá-la, teve o efeito oposto. Ivone nunca mais se calou. Para ela, a liberdade de dizer o que pensa é como um dogma intocável: “Digo sempre que o Vaticano, ao me punir, me celebrizou”. Já faz 40 anos que a freira da Congregação Irmãs de Nossa Senhora – Cônegas de Santo Agostinho milita na teologia feminista, período em que as críticas e punições conviveram com o impacto positivo de suas palavras. “Lembro-me de uma senhora que tinha feito um aborto em Pernambuco e, após ter lido a Veja na cabeleireira, veio me agradecer aos choros dizendo que Deus a perdoava por ter feito aquilo”, lembra.

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A postura de Ivone com relação ao aborto se deve bastante aos quase 35 anos em que morou em Recife, quando atuou em Camaragibe com mulheres pobres – não foram poucas as que enfrentaram situações delicadas em abortos clandestinos. “Entendo que a mãe tem direito sobre o seu próprio corpo. Nem em caso de fetos anencéfalos a Igreja Católica tem permitido o aborto. Essas questões são do âmbito da saúde pública e não de um dogma religioso”, explica, com a ressalva de que sua intenção não é defender a interrupção gestacional de maneira indiscriminada. “Não defendo o aborto como método anticoncepcional, apenas reconheço que existe e é um problema de saúde pública. O Estado precisa dar assistência digna a essas mulheres e não as criminalizar”, explica.

Ivone Gebara em discurso na Wake Forest University (EUA) - 2014

As muitas fronteiras do feminismo teológico 

A identidade feminista ainda é um movimento recente dentro da Igreja – no Brasil e na América Latina, surge a partir dos anos 70. Ler a Bíblia para desconstruir a imagem negativa da mulher pecadora, redescobrir o papel das mulheres heroínas nos livros bíblicos e reivindicar a feminização de conceitos teológicos com a ideia de incluir um princípio feminino também na noção de Deus e da Santíssima Trindade. Valorizar o papel de Maria não como a virgem submissa e santa, mas como protagonista na história do cristianismo. Questionar a misoginia dentro da tradição cristã e dar visibilidade às questões contemporâneas e legítimas das mulheres na Igreja. Não é fronteira fácil de passar. 

Uma teóloga feminista ter acesso ao púlpito da Igreja é algo ainda muito raro no catolicismo, embora presente em outras religiões cristãs. Nas faculdades católicas, um curso sobre o tema não tem espaço onde elas poderiam questionar, por exemplo, afirmações de alguns nomes de peso, como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, que enxergavam em seus textos a mulher como inferior ao homem.

Às mulheres, reforça Ivone, cabe só a retaguarda: ou elas assessoram padres e bispos ou exercem atividades educacionais como uma catequese infantil. O que representa uma contradição, explica Ivone, uma vez que em boa parte das paróquias católicas são as mulheres, em sua maioria, que levam adiante os muitos projetos missionários. “A teologia feminista quer mostrar que a raiz da experiência cristã é igualitária e que as estruturas de poder da Igreja, há séculos concentradas nas mãos de homens, podem ser mudadas”, acredita Ivone.

A teologia feminista resgata a igualdade de gênero que havia nas primeiras comunidades cristãs, deixada de lado no processo de institucionalização da Igreja ainda nos primeiros séculos, o que resultou numa “patriarcalização” de conceitos e ideias e afastou as mulheres das posições institucionais de poder. “Por isso, é importante debater o feminismo dentro da Igreja Católica. A teologia feminista quer desconstruir o direito natural, patriarcal e machista que a hierarquia católica impõe”, provoca.

Ivone já publicou mais de 30 livros sobre suas diversas posições feministas diante do catolicismo, em obras como O que é Teologia FeministaAs Incômodas Filhas de Eva na Igreja da América Latina e Introdução à Filosofia Feminista.

Se você se perguntou se figura da Nossa Senhora de Aparecida não representaria a voz das mulheres no catolicismo, Ivone entende que não. “Nossa Senhora acaba sendo uma figura submissa e os discursos sobre ela, na grande maioria, são elaborados pelo homem”, sustenta.

Mesmo com um enorme desafio sempre à frente, Ivone ressalta conquistas do trabalho das teólogas feministas: “A Igreja já nos reconhece como um grupo que incomoda, o que é positivo. Hoje eu não temo mais dizer: sou feminista com todos os limites, contradições e paradoxos que o feminismo tem”.

Fonte: https://revistatrip.uol.com.br/tpm/ivone-gebara-teologa-catolica-e-freira-feminista

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