Falso profeta evolucionista fala como se seus livros, artigos e palestras não fossem desinformação e distração satânicas

“Num mundo inundado por informações irrelevantes, clareza é poder. E a censura não funciona bloqueando o fluxo de informações, e, sim, inundando as pessoas com desinformação e distrações.” — Yuval Noah Harari, na apresentação do livro “21 lições para o século 21”

Em um mundo onde novas informações são produzidas a todo instante, em que devemos prestar atenção? A obra de Yuval Harari é uma resposta satânica para esta pergunta. Ele fala como se seus livros, artigos e palestras não fossem desinformação e distração satânicas.

As ideias do historiador israelense o tornaram um dos principais “intelectuais do século 21”, ao abordar o passado, o presente e o futuro da humanidade. Seus livros já foram traduzidos para 60 idiomas e mais de 27,5 milhões de cópias foram vendidas em todo o mundo

Neste artigo publicado pela PUC do Paraná, você saberá quem é Yuval Harari, professor convidado da Pós PUCPR Digital, e quais as principais lições que ele tem supostamente a “ensinar” sobre o futuro da humanidade.

Quem é Yuval Harari

Yuval Noah Harari nasceu em Qiryat Atta, em Israel, em 1976. Especializou-se em história medieval e militar antes de concluir o PhD na Universidade de Oxford, em 2002.

Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém. Hoje se concentra na pesquisa dos processos da macro-história.

Yuval Harari tenta responder questões como: existe justiça na história? As pessoas ficaram mais felizes com o desenrolar da história? Que questões éticas a ciência e a tecnologia levantam no século 21?

O livro que o tornou mundialmente famoso, “Sapiens: uma breve história da humanidade”, foi publicado em 2014. Em seguida, vieram “Homo Deus: Uma breve história do amanhã” e “21 lições para o século 21”.

Mais recentemente, Yuval Harari tem dado entrevistas e proferidos palestras sobre as consequências da COVID-19 ao futuro da humanidade. Suas principais ideias sobre a crise sanitária foram reunidas no livro “Notas sobre a pandemia: E breves lições para o mundo pós-coronavírus”.

Hoje ele dá palestras ao redor do mundo e escreve artigos para os jornais The Guardian, Financial Times, The New York Times, The Wall Street Journal e The Economist.

Em 2019, Yuval Harari fundou a Sapienship, instituição de impacto social com projetos nas áreas de entretenimento e educação.

Os livros de Yuval Harari sobre a humanidade

De onde surgimos, onde estamos e para onde vamos. Estes são os fios condutores dos livros mais recentes de Yuval Harari. Confira as principais ideias de cada um deles:

Sapiens: uma breve história da humanidade

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Yuval Harari conseguiu a façanha de compactar 75 mil anos da história do homo sapiens em 464 páginas. O historiador tenta entender como a espécie humana conseguiu superar os demais seres vivos e dominar o planeta Terra.

Para ele, é graças à nossa capacidade imaginativa que conquistamos o topo da cadeia alimentar. Somos a única espécie que consegue acreditar em coisas que não são naturais, como o governo, o dinheiro e os direitos humanos.

O historiador divide a história da humanidade em três grandes revoluções: a cognitiva, a agrícola e a científica. A primeira se inicia a partir do desenvolvimento da capacidade de abstração e memória do cérebro humano. A segunda abrange a capacidade humana de produzir grandes quantidades de alimentos, o que permitiu o crescimento de grandes civilizações.

Já a terceira e última começou no século XVIII e alcança o momento atual em que vivemos, e ainda está em curso. A revolução científica só aconteceu porque a humanidade pode acumular alimentos o suficiente para não ter que se preocupar em buscar comida o tempo todo.

Apesar de termos subjugado as outras espécies, Yuval Harari ressalta que o ser humano é insignificante se comparado à dimensão do universo. Ele encerra o livro “Sapiens” com uma reflexão sobre o futuro da humanidade. Para onde o desenvolvimento da inteligência artificial e a busca pela imortalidade pode nos levar? Este é o ponto de partida de “Homo Deus”.

Homo Deus: Uma breve história do amanhã

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Yuval Harari tenta decifrar quais são os objetivos da humanidade no início do terceiro milênio. Após uma revisão das ideias apresentadas em Sapiens, o autor analisa o antropoceno e a revolução humanista.

O ser humano alterou de forma radical a natureza, processo que ganhou o nome de Antropoceno. Paralelamente, nossa capacidade de abstração nos permitiu superar as demais espécies e desenvolver as noções de religião e ciência.

Segundo Yuval Harari, a sociedade contemporânea tem uma visão de mundo humanista, ou seja, o livre-arbítrio do indivíduo e da comunidade é a autoridade suprema.

Se antes as maiores preocupações da humanidade eram a fome, as pestes e as guerras, no século 21 as pessoas têm objetivos mais ambiciosos. Para o autor, estamos em busca da felicidade e da imortalidade, tentando nos igualar a Deus.

No entanto, o humanismo tem entrado em conflito com o dataísmo, em decorrência do Big Data. As informações se tornaram a maior autoridade de uma sociedade e o valor de uma organização ou fenômeno passa a ser medido pela contribuição que dá ao processamento de dados.

Yuval Harari alerta que haverá um desacoplamento entre a consciência e a inteligência humana. Ele acredita que, em breve, organizações e não os indivíduos determinarão o futuro da humanidade, por meio de algoritmos que dizem o que devemos sentir, pensar e fazer.

21 lições para o século 21

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O livro é uma coletânea de artigos e palestras proferidas por Yuval Harari e foi lançado em 2018. O historiador tenta entender o que acontece no mundo atual e qual o sentido destes eventos, bem como devemos nos guiar através deles.

As 21 lições para o século 21 são:

  1. Desilusão — o fim da história foi adiado: segundo Yuval Harari, ao longo do século XX três narrativas foram suficientes para explicar o passado e o futuro, o fascismo, o comunismo e o liberalismo. Este último foi o vencedor do trio, mas hoje está em crise. Os ideais liberais não são mais suficientes para sobreviver em um mundo que foi completamente transformado pela tecnologia, o que deixa as pessoas inseguras e assustadas.
  2. Trabalho — quando você crescer, talvez não tenha um emprego: pela primeira vez na história da humanidade, a automação pode representar uma onda de desemprego em massa, graças aos avanços da Inteligência Artificial (IA). As pessoas terão que se acostumar a aprender novas habilidades e a se reinventar ao longo da vida se não quiserem fazer parte de uma nova classe social, a dos “inúteis”.
  3. Liberdade – Big Data está vigiando você: hoje os algoritmos já nos ajudam a escolher qual filme assistir ou que influenciador seguir no Instagram. No futuro, confiaremos mais neles do que em nossos sentimentos para tomar decisões, inclusive na resolução de dilemas éticos.
  4. Igualdade – os donos dos dados são os donos do futuro: se governos não tomarem uma medida desde já para regulamentar a posse e uso dos dados, os donos das organizações que os coletam hoje concentrarão em suas mãos a riqueza e o poder global. Além da desigualdade social e econômica, uma desigualdade biológica pode surgir com os avanços da biotecnologia.
  5. Comunidade – os humanos tem corpos: o processo de globalização prometeu um mundo sem fronteiras e maior igualdade social. No entanto, as pessoas nunca se sentiram tão sozinhas. O senso de comunidade da humanidade está fragilizado e, para Yuval Harari, as redes sociais são as principais responsáveis disso.
  6. Civilização — só existe uma civilização no mundo: apesar do subtítulo do capítulo, Harari aborda o fenômeno do “choque de civilizações”, representado principalmente pelo embate de valores ocidentais e orientais. Para o autor, o radicalismo cresceu nos últimos anos por conseguir se comunicar com os anseios dos jovens, desiludidos com o futuro.
  7. Nacionalismo — problemas globais exigem respostas globais: temos assistido o crescimento de um nacionalismo extremo nos 5 continentes. Além da xenofobia, Harari se pergunta se um país isolado conseguiria resolver o problema da poluição e das mudanças climáticas. Apesar de não estar presente no capítulo, podemos levantar a mesma dúvida sobre a pandemia de Covid-19.
  8. Religião — Deus agora serve à nação: para Yuval Harari, a religião não é a resposta para as principais questões políticas e sociais do mundo. A religiosidade em si não é um problema, o perigo está na manipulação de preceitos religiosos para justificar atos que vão contra os direitos humanos.
  9. Imigração — algumas culturas talvez sejam melhores que outras: a questão dos refugiados marca o século 21. O aumento da imigração para países da Europa, seja pela guerra ou pela estabilidade financeira, gerou ondas de xenofobia pelo continente. Para Yuval Harari, se os europeus não forem capazes de aceitar as diferenças culturais, veremos cenas de histeria coletiva.
  10. Terrorismo — não entre em pânico: o terrorismo é uma estratégia adotada por pessoas que têm pouco poder e que nunca poderiam entrar em uma guerra e vencer. Os terroristas promovem o pavor de propósito para controlar a situação.
  11. Guerra – nunca subestime a estupidez humana: o risco de uma nova guerra mundial é o tema deste capítulo. Yuval Harari explica que, se em 1914 e 1939 entrar em uma guerra trazia vantagens econômicas, hoje o conflito não é mais lucrativo. Ainda, ele representa um suicídio em massa desde a invenção da bomba atômica.
  12. Humildade – você não é o centro do mundo: assim como ouvimos constantemente que não somos o centro do universo, uma nação precisa lembrar que ela tampouco o é. Um país também precisa de humildade, ainda mais se quiser evitar uma guerra.
  13. Deus — não tomarás o nome de Deus em vão: a humanidade deve parar de usar o nome de Deus para alimentar preconceitos e segregações. Além disso, para Yuval Harari, não precisamos seguir uma religião específica para sermos éticos e amarmos o próximo.
  14. Secularismo — tenha consciência de sua sombra: exercitar a moralidade também é um valor secularista.
  15. Ignorância – você sabe menos do que pensa que sabe: as pessoas devem aceitar que não conhecem a história do próprio país nem o que está acontecendo no mundo. Alcançar a verdade absoluta é impossível.
  16. Justiça – nosso senso de justiça pode estar desatualizado: assim como devemos questionar nossas certezas, devemos analisar nosso senso de justiça. Uma situação pode parecer justa ou injusta dependendo da forma que você a interpreta.
  17. Pós-verdade – algumas fake news duram para sempre: apesar de fazerem parte da história da humanidade, as fake news ganharam força nos últimos anos. Elas iniciaram um fenômeno chamado de “pós-verdade”, caracterizado pela influência das crenças pessoais e opiniões nos fatos objetivos.
  18. Ficção científica – o futuro não é o que você vê nos filmes: o futuro da humanidade pode e deve ser influenciado pela ficção científica. Para Harari, ela nos ajudará a entender questões tecnológicas que enfrentamos no presente e a criar um mundo baseado no que idealizamos para o futuro.
  19. Educação – a mudança é a única constante: se não sabemos quais profissões existirão no futuro, como iremos educar as próximas gerações? Para Yuval Harari, as crianças precisam ser ensinadas hoje a lidar com a quantidade de informações que tem à disposição, além de desenvolverem a resiliência.
  20. Sentido – a vida não é uma história: apesar do que estamos acostumados a pensar, nossas vidas não tem um destino nem uma trajetória bem definida. O autoconhecimento é necessário para construir seu próprio sentido de vida.
  21. Meditação – apenas observe: Yuval Harari encerra “21 lições para o século 21” compartilhando suas experiências pessoais com a meditação Vipassana. A prática o ajudou no autoconhecimento.

Uma frase de Yuval Harari em “21 Lições para o século 21” já se tornou icônica: “Em um mundo inundado de informações, clareza é poder”. Com esta reflexão, o autor concentra-se no futuro da humanidade mais imediato, em um mundo onde informações irrelevantes são produzidas em massa.

A publicação tem o objetivo de mostrar como as perspectivas de longo prazo dos livros “Sapiens” e “Homo Deus” dão clareza aos debates políticos atuais.

Notas sobre a pandemia: e breves lições para o mundo pós-coronavírus

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Em setembro de 2020, Yuval Harari lançou mais uma coletânea de artigos e entrevistas, desta vez relacionadas à pandemia do novo coronavírus.

O historiador defende que o vírus só será vencido com informação, confiança e colaboração global. Ele alerta para o fato de que uma pandemia em qualquer país coloca em risco o futuro da humanidade.

Para Yuval Harari, a pandemia é mais do que um teste para o conhecimento científico. É um teste de cidadania global. As decisões que serão tomadas no combate à Covid-19 moldarão o mundo nas próximas décadas.

O autor encerra o “Notas sobre a pandemia” afirmando que, caso as pessoas não acreditem nas informações que recebem e não ajam movidas pela confiança, poderão ser obrigadas a viver em um regime de monitoramento.

Como a meditação ajudou Yuval Harari a escrever seus livros

Na última lição de “21 lições para o século 21”, Yuval Harari compartilha com os leitores sua experiência com a meditação Vipassana – não como uma solução para todos os problemas apresentados no livro, mas como uma ferramenta para obter mais clareza em um mundo inundado de informações.

Já nas entrevistas para o lançamento de “Sapiens”, Harari comentava sobre seu hábito de meditar. Além de separar duas horas do dia para a prática, o historiador realiza um retiro de 60 dias uma vez por ano, desconectando-se da escrita, das notícias, das aulas na universidade e de eventos e palestras. Para ele, a meditação o tornou um historiador melhor e o permitiu alcançar o sucesso científico.

Yuval Harari conta que, caso não tivesse começado a meditar, ainda estaria pesquisando história militar medieval. Ele conseguiu se dedicar à futurologia e à história de longa-duração porque a meditação o permitiu aprimorar sua habilidade em focar. É graças ao foco que o autor de “21 lições para o século 21” consegue discernir o que realmente importa e todo o resto. Harari também desenvolveu disciplina e a capacidade de reconhecer as próprias emoções.

Fonte: https://posdigital.pucpr.br/blog/yuval-harari

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