EGW Nunca Foi uma Trinitariana Tão Convicta Quanto Querem Nos Dizer

 

Caros irmãos, a crença no Espírito Santo como terceira pessoa da Trindade, hoje está sendo questionada por uma parte dos membros da IASD. Caso esses adventistas estejam errados, provavelmente não irão herdar a vida eterna. Caso eles estejam certos, então a maioria dos membros da IASD poderá não ir para o céu. O tema é complexo e muita paixão está envolvendo o estudo do mesmo. Sendo assim, devemos adotar para esse estudo, o princípio que o apóstolo Paulo nos deixou: "Examinai tudo, e retende o bem."

Como adventistas, temos a palavra do Espírito de Profecia como uma manifestação do Espírito de Deus, e é com base nos escritos da Sra. White, que tratarei desse assunto, mais do que nunca, tão oportuno. Se o Espírito Santo for uma pessoa, certamente encontraremos essa idéia manifestada pelo Dom Profético, e se o Espírito Santo for o Espírito do próprio Pai, nos também saberemos.

Introduzirei o assunto apresentando um trecho do livro "O Desejado de Todas as Nações", onde ela procura mostrar para a igreja o que é o Espírito Santo.

"Antes de se oferecer a Si mesmo como a vitima sacrifical, Cristo buscou o mais essencial e completo dom para outorgar a Seus seguidores, um dom que lhes poria ao alcance os mais ilimitados recursos de sua graça." DTN p. 643

Com este texto introdutório, o irmão pode perceber que a Sra. White identifica o Espírito Santo como um dom. Para ela, ele é o "mais essencial e completo dom." Agora o irmão deve perguntar a si mesmo: se ele é um pessoa, então ele está além da pessoa do próprio Cristo ? Pois como pessoa, ele seria "a mais essencial e completa" pessoa. Quando acreditamos que Nosso Senhor Jesus Cristo, como pessoa, é a maior dádiva que Deus poderia ter dado ao homem, devemos então ver o Espírito Santo não como uma pessoa, mas como um dom. Caso ele, o Espírito, fosse uma pessoa, então seria maior do que o querido Mestre.

Depois de apresentar o Espírito Santo como sendo um dom, o mais "essencial e completo dom", a Sra. White, fazendo citação de um texto bíblico, mostra que para esse dom ser colocado à disposição do homem, o próprio Cristo rogaria ao Pai: 

"Eu rogarei ao Pai" disse, "e Ele vos dará outro consolador para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece: mas vós O conhecereis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixareis órfãos; voltarei para vós." DTN p. 644

A partir dessa parte do texto, parece que a Sra. White começa a definir o Espírito Santo, que anteriormente foi chamado de "dom", como uma pessoa. Ela usa o texto bíblico que utiliza as palavras "outro consolador" parecendo ter a intenção de separar o Espírito Santo da pessoa do Filho e torná-lo uma pessoa independente dele. Ela continua a discorrer sobre o assunto e usando a linguagem bíblica, afirma que o Espírito Santo é o "Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece." 

Novamente devemos começar a fazer perguntas ao texto para que seja possível começarmos a entendê-lo. Como seria possível enviar ao mundo "outro consolador" se o mundo não pode recebê-lo? Se o Espírito Santo fosse uma pessoa, ele seria a "mais essencial e completa" pessoa. Se ele fosse uma pessoa, o mundo não poderia recebê-lo.

Se ele fosse uma pessoa, uma outra pessoa independente do Pai e do Filho, o mundo não o via e nem o conhecia, o mundo não o veria e nem o conheceria. Seguindo na leitura do texto, a Sra. White, citando a Bíblia, diz a respeito dos discípulos: "Mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixareis orfãos; voltarei para vós." Neste trecho do texto ela diz que, aquele que o mundo não podia receber e nem o conhecer, era conhecido pelos discípulos e habitava com eles. Naquele momento, numa interpretação literal do texto, quem era conhecido pelos discípulos e habitava com eles, era o próprio Cristo.

Naquele momento, numa interpretação literal do texto, o Espírito Santo era o próprio Cristo. No texto bíblico, Cristo continua dizendo: "Não vos deixareis órfãos, voltarei para vós." O "outro Consolador" que o "mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece", mas que os discípulos viam e conheciam porque habitava com eles e estaria com eles, não os deixaria órfãos porque voltaria para eles, era o próprio Jesus Cristo. A Sra. White fecha magistralmente a argumentação dizendo:  

"Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela. Ele Se representaria como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente. "Mas o Consolador, O Espírito Santo, a quem o Pai enviará, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" [ João 14:26]. "Mas eu vos digo a verdade; convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" [João 16:7]. Manuscripts Releases Vol.14, página 7.

Segundo a Bíblia e o Espírito de Profecia, o Espírito Santo é o próprio Cristo. Mas será que a questão está resolvida? Ainda não! Existe de fato um Espírito Santo. Um Espírito Santo que permitiu que Cristo, mesmo "Impedido pela humanidade", pudesse ser representado "como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente."

A humanidade impedia Cristo de ser onipresente, ele estava "embaraçado" com ela. Ele podia deixar a humanidade? É certo que não. Ele se fez homem para sempre.

"O Salvador ligou-se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Para nos assegurar seu conselho de paz, Deus deu seu Filho Unigênito a fim de que se tornasse membro da família humana, retendo para sempre sua natureza humana." DTN p. 21

Como então seria possível a Cristo se tornar onipresente e onisciente? De quem é de fato o Espírito Santo ? O Espírito Santo é o Espírito de Deus, o Pai e é Ele quem torna Cristo onisciente e onipresente.

"Mas o Consolador, O Espírito Santo, a quem o Pai enviará, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." "Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. "Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto." DTN p. 644.  

Da mesma maneira como os discípulos não entenderam as palavras de Cristo, hoje também a maior parte do mundo cristão continua não as entendendo. As palavras de Cristo não tinham um sentido literal, e sim espiritual.

"Os discípulos ainda deixaram de compreender as palavras de Cristo em seu sentido espiritual, e novamente Ele lhes explicou sua significação. Pelo Espírito, disse, manifestar-Se ia a eles. 'Aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vós ensinará todas as coisas'. Não mais haveis de dizer: Não posso compreender. Não mais vereis por um espelho, imperfeitamente. Sereis capazes de 'compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede a todo o entendimento.' " DTN p. 645.' "

A promessa do envio do Espírito Santo foi dada em forma de parábola. Os discípulos não a entenderam e o mundo cristão continua não a entendendo. O próprio Jesus Cristo era "cheio" do Espírito Santo. Se a "plenitude da divindade", como os trinitarianos crêem, fosse os atributos divinos como propriedade pessoal de Cristo, e o Espírito Santo uma outra pessoa, haveria em Cristo uma sobreposição de poderes divinos. O seu poder pessoal como pessoa essencialmente divina, mais o poder do Espírito Santo. Na realidade, haveria uma sobreposição de pessoas.

A apresentação do Consolador, tanto pela Bíblia quanto pelo Espírito de Profecia, deve ter duas leituras: uma leitura espiritual e outra leitura literal. Numa leitura espiritual, o Consolador é o próprio Cristo. "Eis que eu estou convosco até a consumação dos séculos." Numa leitura literal, o Consolador não é o próprio Cristo. "Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente." Literalmente, o Espírito Santo não é uma pessoa e nem Cristo é o Espírito Santo.

O Espírito Santo não sendo uma pessoa, erra quem diz que o Espírito Santo é o anjo Gabriel. Cristo foi instrumento do Espírito Santo, assim como nós e os anjos somos. Em última análise, é o Espírito de Deus realizando tudo em todos; é o próprio Deus em Cristo, nos anjos e em nós, trabalhando para na nossa salvação.

Uma outra maneira para descobrirmos qual a visão da Sra. White sobre a questão do Espírito Santo, é fazendo uma comparação entre suas obras publicadas enquanto viva. O livro "O Desejado de Todas as Nações", que segundo os teólogos adventistas, define a entrada da IASD no caminho do trinitarianismo, precisa ser comparado com o livro "Atos dos Apóstolos". Para os teólogos adventistas trinitarianos, o livro "DTN" é um marco no trinitarianismo da IASD.

Antes de embarcarmos no raciocínio dos teólogos profissionais, algumas observações merecem ser feitas. O livro "DTN" foi publicado em 1898. A partir dessa data devemos esperar que a Sra. White não tenha mais dúvida à respeito do que seja o Espírito Santo. Depois da publicação do "DTN", caso a Sra. White tenha se convertido ao trinitarianismo, seu discurso em relação ao Espírito Santo, deveria ser claro e harmônico com o Dogma da Trindade. Ela não deveria ter dúvidas de que o Espírito Santo é uma pessoa, e a terceira formadora do Deus Triúno, igual ao Pai e ao Filho. Porém, o que se observa é que, após treze anos da publicação do "DTN", a Sra. White orientou a IASD a não tentar definir a natureza do Espírito Santo.

"Não é essencial que sejamos capazes de definir exatamente o que seja o Espírito Santo. Cristo nos diz que o Espírito é o Consolador, o "Espírito de verdade que procede do Pai." Declara-se positivamente, a respeito do Espírito Santo, que, em sua obra de guiar os homens em toda verdade, "não falará de si mesmo". São João 15:26; 16:13. A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a tais mistérios - demasiado profundo para o entendimento humano - o silêncio é ouro." WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1990, p. 51,52.

O livro "Atos dos Apóstolos" foi publicado em 1911 e nesta data, quatro anos antes da sua morte, onze anos após a publicação do "DTN", a Sra. White ainda dizia que não era "essencial" que fossemos "capazes de definir exatamente o que seja o Espírito Santo." Definir o que é o Espírito Santo, é o que a IASD hoje faz, quando diz que ele é a "terceira pessoa da Trindade", igual ao Pai e ao Filho; da mesma natureza, essência e substância do Pai e do Filho. Foi contra essa tentativa de definição que já rondava o arraial adventistas, que ela estava se contrapondo.

Como é que os adventistas da época que tendiam para o trinitarianismo, tentavam fazer a definição do Espírito Santo? Da mesma forma que hoje os adventistas trinitarianos fazem: tomando como referencial a pessoa humana. Como isso ocorre? Juntando-se aleatoriamente passagens que parecem dizer que o Espírito Santo fala, ensina, guia, convence, testifica, envia, intercede, entristece, etc, para tentar provar que o Espírito Santo é uma pessoa.

Ao colocar sobre o Espírito Santo os sentimentos da pessoa humana, as ações da pessoa humana, os trinitarianos o vêem como uma pessoa e concluem que ele é também uma pessoa distinta do Pai e do Filho. Não o vêem mais como Espírito de Deus, mas agora o vêem como Deus Espírito Santo ou Espírito Santo, Deus. Quando o adventista adota essa forma de ver o Espírito Santo, caem naquilo que a Sra. White tentou evitar:

"A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja."  WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1990, p. 51,52

A igreja está sendo enfraquecida justamente porque fizeram o que a Sra. White disse para não fazer: tentar definir o que seja o Espírito Santo. A igreja fez isso e foi muito além disso ao fazer da Sra. White, uma trinitariana convicta. Que Deus tenha misericórdia dos que estando enganados, enganam outros. -- Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de vinte anos, excluído da igreja em 29/11/2003, por não crer na doutrina católica da trindade e falar contra ela.

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