Michelson Borges e Lutzcifer jamais vencerão a “ideia perigosa do Cristianismo” defendida por Lutero

Pretender impor regras e padrões para a interpretação da Bíblia, subordinando-a à Ciência e ao que chamam de fatos observáveis, como fazem Michelson Borges e Eduardo Lutzcifer, é tentar anular o principal avanço trazido pela Reforma protestante, que libertou os cristãos da nefasta autoridade do Papa, do clero, teólogos, filósofos, tradições, concílios, credos e da própria Igreja, estabelecendo a Bíblia e a Bíblia somente como autoridade doutrinária.

https://www.youtube.com/watch?v=Ity_Yqa9FKk

Michelson e Lutzcifer querem acorrentar novamente as Escrituras e impedir o acesso dos leigos a elas. Em recente palestra (vídeo acima) Borges chega a dizer que “a Bíblia não é livro para pessoas ignorantes. Bíblia é livro para pessoas cultas”. E Eduardo, que se diz astrofísico, ousa impor regras sobre “como estudar a bíblia sem concluir absurdos”.

Sem sequer mencionar a possibilidade de Deus, através da iluminação de Seu Espírito, conceder sabedoria a todos os leitores da Bíblia que Lhe peçam, ignorantes ou cultos, Lutzcifer afirma que “existem maneiras corretas e maneiras erradas de ler qualquer texto, inclusive a Bíblia. No caso da Bíblia, temos complicações adicionais pelo fato de se tratar de textos muito antigos, escritos numa época muito diferente da atual, numa língua muito diferente da que nós usamos agora e com uma cultura completamente diferente da atual, do pensamento-analítico, com diversas a expressões idiomáticas que não são familiares das pessoas modernas… É muito fácil tirar conclusões erradas da leitura do texto bíblico!”

Em seguida, apresenta suas seis regras para “estudar a Bíblia sem concluir absurdos”:

1. Buscar sinceramente a verdade, não apenas querer justificar seu ponto de vista.

2. Comparar os textos que falam do mesmo assunto: Cada texto pode ser entendido de várias maneiras; a comparação dos textos ajuda a reduzir a margem de erros de interpretação.

3. NUNCA jamais em hipótese alguma se deve tirar conclusões sobre a realidade com base em figuras de linguagem mesmo em textos literais (não explicitamente simbólicos)

4. SEMPRE se deve levar em conta o contexto, incluindo o objetivo da mensagem e a acessibilidade da linguagem.

5. Buscar os significados originais das expressões.

6. Descartar interpretações incompatíveis com fatos observáveis.

Perceba a imperfeição da lista, de seis regras, observando que a primeira e única deveria ter sido:

(1) Tenha em mente que a Bíblia é a Mensagem de Deus aos homens e apenas Ele pode conduzi-lo à correta compreensão de Sua Palavra. Ore pedindo a sabedoria e o discernimento necessários para compreendê-la e desde já decida-se a submeter-se a ela, ainda que a Verdade divina contrarie seus atuais pontos de vista.

A sexta regra é a mais absurda de todas as regras que Lutzcifer sugere, embora todas façam do homem e não de Deus o sujeito da interpretação bíblica. Ensina que as palavras de Deus na Bíblia não merecem confiança incondicional, de modo inquestionável ou indiscutível, Segundo ele, deve ser aceito como verdade apenas aquilo que seja compatível com fatos observáveis. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” Hebreus 11:1.

Em outra lista de regras, no mesmo vídeo acima, Eduardo inclui outra vez essa mesma recomendação contrária à fé e à submissão à Palavra de Deus:  “Descartar significados que entram em conflito com fatos observáveis”.

E Lutzcifer vai ainda mais longe, afirmando que “é possível forçar a interpretação de qualquer texto pela manipulação dos significados. Isso é fato,” diz ele. “Um grande número de denominações religiosas afirma seguir a Bíblia, porém elas discordam em várias doutrinas supostamente bíblicas. Isso significa que a maioria não faz o dever de casa, conferindo os significados intrínsecos dos textos; e que a maioria das pessoas não segue regras confiáveis para interpretar textos; então, várias pessoas leem o mesmo texto e retiram conclusões absolutamente incompatíveis entre si.”

E acrescenta: “É por isso que existem tantas denominações religiosas, onde cada um é do jeito que acha que está com a verdade, porque ele só está defendendo o que está na palavra de Deus… Mas a palavra de Deus aqui é uma interpretação equivocada muitas vezes de textos. Muito do que as pessoas pensam ser ensinamentos bíblicos são apenas erros de leitura…”

Idênticos argumentos são apresentados pela Igreja Católica para condenar o Protestantismo:

“…A doutrina protestante pode ser assim resumida:

“1 – “Sola Scriptura”. Só a Bíblia, nada além da Bíblia. A Palavra de Deus escrita é a única regra de fé, prescindindo da Tradição Apostólica e do Magistério da Igreja.

“2 – Livre Exame. Cada crente possui o poder de ler e interpretar autenticamente a palavra de Deus, sob iluminação direta do Espírito Santo.

“De 1 e 2 decorre o dogma da “perspicuidade” ou clareza das Escrituras. A Bíblia é tão simples e sua interpretação tão fácil que qualquer pessoa pode entendê-la sem risco de erro.

Vamos analisar cuidadosamente cada um desses pontos.

‘Sola Scriptura’

“Em latim, ‘Sola Scriptura’ quer dizer ‘Só a Bíblia’ ou ‘a Bíblia apenas’. Os protestantes ensinam a suficiência material e formal das Escrituras Sagradas, ou seja, a Bíblia, sozinha, contém todas as verdades necessárias para a salvação, sem necessidade de Tradição ou Igreja para interpretá-la autenticamente.

“Esta doutrina é obviamente falsa, pois vai contra a própria Escritura e a lógica mais elementar. …

“…A Igreja Católica reconhece a suficiência material da Bíblia, mas ensina também que a Tradição Apostólica, ou seja, os ensinamentos transmitidos oralmente pelos Apóstolos, formam com a Escritura ‘um só todo’, ‘um só Sagrado depósito da Palavra de Deus’.

A Igreja Católica nega a suficiência formal das Escrituras (“Sola Scriptura”), afirmando que “o encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado exclusivamente ao Magistério da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunhão com ele.” (Catecismo da Igreja Católica, n. 100)

Livre Exame

“…A Bíblia não deve ser interpretada segundo a nossa vontade ou estado de espírito.

“Se existem milhares de denominações protestantes no mundo é porque existem milhares de interpretações diferentes da Bíblia, saídas da mente dos fundadores e dos pastores dessas igrejas supostamente ‘evangélicas’.

“Obviamente o Espírito Santo, que é comunhão e unidade, nada tem a ver com tamanha confusão…

“Além disso é bom lembrar que várias verdades de fé, como a Trindade e a união das naturezas divina e humana em Jesus, cridas pelos protestantes, não podem ser deduzidas via ‘Sola Scriptura’.

“…Se a Bíblia fosse tão clara como acham os protestantes, não haveria divergências em sua interpretação nem existiriam milhares de seitas divididas umas contra as outras.

“Mas a Bíblia não é tão clara (cfr. 2Pd 3,16) e para compreendê-la precisamos da ajuda de nossos pastores, do Magistério do Sucessor de Pedro e dos bispos em comunhão com ele.”

Fonte: afeexplicada.wordpress.com/2011/05/06/doutrina-protestante/

Ler mais: https://larcatolico.webnode.com.br/news/o-protestantismo-condenado-pela-biblia/

Ideia perigosa 

Quer Michelson Borges e Eduardo Lutzcifer aceitem ou não, a defesa do terraplanismo como doutrina bíblica é hoje uma sequência daquilo que o escritor Alister Mcgrath, ainda que evolucionista teísta, chamou de “a idéia perigosa do Cristianismo”, em seu livro A idéia perigosa do cristianismo: a revolução protestante – uma história do século XVI ao século XXI

“Essa ‘ideia perigosa’ que está no coração do protestantismo é que a interpretação da Bíblia é o direito e a responsabilidade de cada indivíduo. A disseminação desse princípio resultou em quinhentos anos de notável inovação e adaptabilidade, mas também criou incoerência cultural e instabilidade social. Sem nenhuma autoridade abrangente para conter o pensamento ‘rebelde’, lados opostos em questões controversas só podem apelar para a Bíblia – mas a Bíblia está aberta a muitas interpretações diversas.” Christianity’s Dangerous Idea: The Protestant Revolution–A History from the Sixteenth Century to the Twenty-First, por Alister Mcgrath,

“Como Martinho Lutero e a ‘ideia perigosa do cristianismo’ mudaram o mundo

“Quando Martinho Lutero pregou nas portas da Igreja do Castelo de Wittenberg suas 95 teses, há 500 anos, ele não tinha ideia dos acontecimentos importantes que estava prestes a desencadear: a Reforma, o nascimento das igrejas protestantes, as sangrentas guerras europeias, o Iluminismo, até mesmo a democracia moderna.

“A semente que ele plantou, que o historiador Alister McGrath chama de ‘a ideia perigosa do cristianismo’, gerou mudanças profundas que influenciam o mundo até hoje em vários campos: educação, comunicação, trabalho, ciência, capitalismo, democracia, filosofia e secularismo.

“Essa ideia revolucionária é que a Bíblia pode ser entendida por qualquer um e, portanto, os cristãos devem ser capazes de interpretá-la sozinhos, não precisando simplesmente aceitar o ensino da Igreja. ,,,

Fonte: https://www.gospelprime.com.br/martinho-lutero-e-a-ideia-perigosa-do-cristianismo/

Baixe também o livro: Autoridade Bíblica Pós-Reforma – Kevin Vanhoozer.

Autoridade Bíblica Pós-Reforma - Kevin Vanhoozer

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