O Que o SDABC Diz Sobre o Homem Jesus Como um Perfeito Sacerdote

“Na qualidade de Messias, Jesus deveria ocupar a posição de sumo sacerdote ou mediador entre Deus e o homem (Zacarias 6:13; Hebreus 4:14-16). Esta função requeria a natureza humana. Cristo preencheu as qualificações: (1) Seria capaz de ‘condoer-Se dos ignorantes e dos que erram’, uma vez que ‘Ele mesmo está rodeado de fraquezas’ (Hebreus 5:2). (2) É ‘misericordioso e fiel’ uma vez que em todas as coisas foi tornado ‘semelhante aos irmãos’ (Hebreus 2:17). (3) É ‘poderoso para socorrer os que são tentados’ em virtude de haver Ele sido tentado (Hebreus 2:18). (4) Simpatiza com nossas fraquezas porque também foi tentado em todas as coisas ‘mas sem pecado’ (Hebreus 4:15).” – Nisto Cremos, pág. 75.

 

Apresentamos abaixo dois importantes textos bíblicos, Hebreus 5:4-10 e 7:27-28, e sua análise feita pelo Comentário Bíblico Adventista. Citados pela lição da Escola Sabatina, estes versículos mostram a experiência de Cristo como homem, a fim de ser um qualificado Sumo Sacerdote. Ocupando hoje este ofício, Jesus é superior aos antigos sumos sacerdotes do povo de Israel.

E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. Assim também Cristo não Se glorificou a Si mesmo, para Se fazer sumo sacerdote, mas Aquele que Lhe disse: “Tu és Meu Filho, hoje Te gerei” [Salmo 2:7]. Como também diz, noutro lugar: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” [Salmo 110:4]. O qual, nos dias da Sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que O podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo Ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que Lhe obedecem; chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. - Hebreus 5:4-10.

Grande clamor e lágrimas.

Isto parece se referir especialmente à experiência no jardim do Getsêmani.  Os escritores dos evangelhos não mencionam lágrimas em relação com a agonia que Cristo sofreu ali, mas podemos imaginá-las facilmente. Alguns acreditam que o autor se está referindo aos sofrimentos na cruz.  Ver Mateus 26:36-44; 27: 46; Marcos 14:32-41; 15: 34; Lucas 22:39-44, 23: 46.

O podia livrar.

O fato de que o Pai pudesse libertar ao Filho da morte fez que a prova fosse ainda maior. A humanidade do Filho de Deus se estremeceu de horror diante da idéia da separação do Pai. Cristo esteve disposto a beber o cálice, mas ao mesmo tempo orava fervorosamente para ser liberto de bebê-la, se era possível [ver as referências bíblicas acima]; mas não foi possível, e a bebeu.

Da morte.

O grego diz “de dentro da morte”, o que poderia indicar que Cristo morreria, mas Deus O tiraria da morte; ou seja, seria ressuscitado.

Foi ouvido.

Esta afirmação tem causado certa dificuldade porque foi permitido que Cristo morresse, e entretanto se afirma que Cristo “foi ouvido”. Se “da morte” entende-se como explicamos acima, então “foi ouvido” não apresenta nenhuma dificuldade. Mas se interpretarmos que Cristo não sofreria “a morte” então caberia a seguinte explicação: o texto não diz que Cristo pediu para ser libertado “da morte” mas sim orou para Aquele “que O podia livrar da morte”. O relato dos evangelhos sinóticos [Mateus, Marcos e Lucas] claramente afirma que Cristo “orou para que, se fosse possível, passasse dEle aquela hora” (Marcos 14:35); e também diz que exclamou: “Pai Meu, se este cálice não pode passar de Mim sem Eu a beber, faça-se a Tua vontade” (Mateus 26:42). Estas declarações se podem ser entendidas unicamente se tivermos em conta que Cristo desejava não passar pela morte se fosse possível e que Ele sempre estava sujeito à vontade de Deus.

Se Cristo tivesse rogado ser libertado “da morte” de forma absoluta então teríamos que admitir que o Seu pedido foi negado; mas o texto afirma que Ele “foi ouvido”. Quando acrescentou as palavras de submissão "faça-se a Tua vontade", deixou livre o caminho para que o Pai procedesse da maneira que Lhe parecesse melhor, e Se comprometeu em aceitar a decisão de Deus. A vontade de Cristo era também a vontade do Pai, e por esta razão algo que decidisse também seria a decisão de Cristo. Jesus, portanto, foi ouvido, e sob tal condição -submetendo-se à vontade divina- será ouvida toda oração que é dirigida a Deus.

Nenhum cristão deve pensar que sua oração não é ouvida. Toda oração fervorosa e com fé é ouvida embora não seja respondida sempre de maneira positiva. “Não” é uma resposta tanto quanto “sim”, embora com freqüência a resposta não é nem “sim” nem “não”, mas “espere”. 

Quanto ao que temia.

[A versão em espanhol utilizada pelo Comentário que traduzimos, diz: “por causa de Seu temor”. A melhor tradução, neste caso, é a Revista e Atualizada, que traz: “por causa da Sua piedade”.]

Em grego, chás eulabéias, “da piedade”, “do temor”; ou seja, devido a Sua piedade ou ao Seu temor. “Em atenção à submissão incondicional com que orava” (BC, nota). Os comentaristas estão divididos quanto a se eulábeia (variação de eulabéias) deve ser considerado como um “temor reverente” ou como um temor comum.  Se tratava-se de um temor comum, a passagem significa: “Foi ouvido [ou seja, libertado] de Sua ansiedade”; entretanto, o uso bíblico de eulábeia e suas formas derivadas favorece o significado de “piedade” ou “temor reverente”. Por exemplo, eulábeia é traduzido como “reverência e piedade” (Hebreus 12: 28).  Compare-se com o uso do adjetivo eulabes em Lucas 2:25; Atos 2:5; 8:2, e do verbo eulabéomai em Atos 23:10; Hebreus 11:7. [...]

Aprendeu.
Em grego mantháno, “aprender”, “chegar a saber”, “compreender”, “inteirar-se de”. Cristo chegou a entender o que significava a obediência, mas isto Lhe ocasionou sofrimentos e morte: foi “obediente até a morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:8). Veio a esta Terra para fazer a vontade de Deus (Hebreus 10:9) e nada O desviou deste objetivo. Cristo enfrentou uma luta constante porque fazia a vontade de Seu Pai; mas nenhuma só vez cedeu a tentação. Como sabe por experiência pessoal tudo o que significa a obediência humana à vontade divina, pode “socorrer” aos que são tentados a desviar-se do caminho da obediência (Hebreus 2:18).

Às vezes surge a pergunta a respeito de como poderia dizer-se que Cristo -que foi, é e será perfeito em todo momento- precisava aprender a obediência. Duas observações podem ajudar a responder a esta questão: (1) No que se refere a Sua vida terrestre, Cristo desenvolveu-Se como os outros seres humanos. “Crescia... em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas 2:52); e como acontece com os demais, aprendia pela observação e a experiência. (2) Embora Cristo fosse Onisciente em Sua divindade antes da encarnação, entretanto não conhecia por experiência os problemas que os seres humanos enfrentam quando procuram obedecer a Deus. Mas ao tornar-Se homem e enfrentar as tentações da vida como homem, obteve esse conhecimento experimental. Desta forma cumpriu com um dos requisitos e qualidades essenciais para o sumo sacerdote, ou seja: que o escolhido pertença à família humana (Hebreus 5:1-3). [...]

Sumo sacerdote.

O mundo cristão conhece a Cristo geralmente como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29); conhece-O como o crucificado que foi entregue por nós para que pudéssemos ser salvos. Mas nem todos os cristãos conhecem a Cristo como o Sumo Sacerdote que oferece o Seu próprio sangue no santuário celestial. Entretanto, sem esse ministério o plano de salvação seria ineficaz. Quando a páscoa foi instituída no Egito, Deus não só ordenou que israelitas matassem o cordeiro, mas também pusessem o seu sangue nos umbrais e vergas de suas casas (Êxodo 12:7-13); e na realidade de aquilo era símbolo, o sangue de Cristo, nossa Páscoa (I Coríntios 5:7), não só foi derramado mas também é aplicado em nosso favor no céu, através de nosso grande Sumo Sacerdote, como uma parte vital do plano de Deus para nos salvar.

Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo-Se a Si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre. - Hebreus 7:27-28.

Que não necessitasse... cada dia.

Não é registrado que o sumo sacerdote oferecesse diariamente uma oferta expiatória. Havia sido ordenado a Arão e a seus descendentes que apresentassem diariamente uma oferta, mas era preparada com “flor de farinha” mas uma oferenda pelo pecado (Levítico 6:20-22). Portanto, a dificuldade desta afirmação consiste em que o antigo sumo sacerdote apresentava diariamente uma oferta pelo pecado, e que Cristo não precisava fazer isto.

Esta dificuldade foi explicada tendo em vista que em todos os serviços em que os sacerdotes participavam eles estavam como representantes do sumo sacerdote. Oficiavam em lugar dele, e o que faziam era considerado como se o próprio sumo sacerdote tivesse realizado. Eram somente seus ajudantes, e como ofereciam diariamente uma oferta pelo pecado, pode-se dizer que o sumo sacerdote também as oferecia.

Por seus próprios pecados.

O sumo sacerdote apresentava no dia da expiação uma oferta por seus próprios pecados, e depois outra pelos pecados do povo (Levítico 16:11, 15). Isto era necessário. Sendo pecador não podia apresentar-se diante de Deus no lugar santíssimo a menos que já tivesse apresentado uma oferta por si mesmo. Cristo não precisava fazer isto porque jamais cometeu algum pecado [Hebreus 4:15].

Isto fez Ele, uma vez. 

Tem surgido a pergunta quanto ao significado  do pronome “isto”. Acaso alguma vez Cristo apresentou uma oferta por Seus próprios pecados, como o fazia o sumo sacerdote, e depois pelos do povo? Cristo mesmo não tinha pecados próprios. Os únicos pecados que tinha foram os que levou por nós. Ele feito pecado por nós (II Coríntios 5:21). Mas quando ofereceu a Si mesmo “uma vez” pagou por todos os pecados levava sobre Si. Esses pecados, que eram nossos pecados, Ele levou em Seu corpo sobre o madeiro [I Pedro 2:24]. Eram Seus unicamente no sentido de que tomou sobre Si mesmo a responsabilidade por eles. Foram levados por Ele como nosso substituto e fiador. – Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, págs. 443-445, 457.

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