Porque Alberto Timm Merece a Chuteira de Ouro Apesar da Cabeçada Contra Nicotra
Estava me preparando para assistir a final da copa de 2006, Brasil e Alemanha.
Mas jogaram França e Itália. O Brasil perdeu para a França porque, segundo os
comentaristas, ninguém estava chutando. E a França também acabou perdendo a
final para a Itália por não chutar direito. No melhor lance do jogo, Zidane deu
uma cabeçada no peito do adversário. Ao invés dos pés ou das mãos, usou a cabeça
para agredir, uma atitude típica de religiosos, que não podendo mais torturar ou
matar os “dissidentes”, usam a cabeça, sua capacidade intelectual, para
desmerecer e agredir os que honestamente discordam deles.
No futebol, o chute é fundamental. Na atual teologia adventista, também. No artigo “o que o Pelé e os teólogos tem em comum”, foi observado que os teólogos norte-americanos e os teólogos da Bahia tinham duas explicações distintas e incompatíveis sobre o “trono do Espírito Santo”. Era esperado que eles chegassem a um acordo.
Conversassem entre si, definissem, e apresentassem aos membros uma só versão.
Não é bonito ver os maiores intelectuais da igreja discordando em público, como
se não soubessem o que estão falando. Esperei uma atitude que levasse à unidade
doutrinária. Os membros aceitariam sem questionar, como de praxe. Roma locuta,
causa finita est.
Mas
ao invés de partir para a unidade doutrinária, o que fazem nossos brilhantes
teólogos? De lá para cá, criaram mais três explicações para o trono do Espírito
Santo. Agora, a Igreja Adventista conta com cinco explicações diferentes sobre a
questão do trono, e não dá para as cinco estarem certas. Envolvidos pelo
espírito da copa do mundo, os chutes continuaram.
Quem
começou a chutar foram os teólogos americanos, no livro A Trindade. Na sua
versão, o Espírito Santo é o Rio da Vida. Logo, não está no trono. É fácil
concluir que não dá para sentar um rio em um trono.
Nossos teólogos do SALT-IAENE, na Bahia, com argumentação mais racional,
observaram que a Bíblia afirma que o Espírito habita nos crentes, e concluíram
que é inútil procurar o trono do Espírito no Céu, já que Ele habita os crentes.
Na época, procurei conciliar os dois conceitos, dizendo que no céu os
adventistas americanos adorariam o Rio, e os brasileiros, que consideram o
Espírito habitando os crentes, adorariam os americanos, coisa que já fazem
normalmente, (ou vocês nunca foram ao shopping center assistir filmes de
Hollywood?)
Nem
todo mundo concorda com esse modo de falar, acham que é desrespeito, etc. Mas
chamar de burro, ignorante, mal informado, tendencioso, ilógico, isso pode.
Certo, “burro”é uma palavra que eles não usam, como já dissemos, os teólogos
usam o método Zidane, ofendem com a cabeça. Mas se bem observado o que dizem,
parecem crer que os que pensam diferente deles comem capim.
Não
vejo mal algum em fazer graça com os erros dos arrogantes teólogos que ganham
bem para não errar. Seria errado fazer graça com tema em si – e isso não faço –
ou com pessoas mais humildes – e é isso que os doutores teólogos fazem, adoram
bater nos que já estão caídos.
10 Golias da Teologia X 1 Davizinho Leigo
Então, tínhamos duas versões para a “teologia do trono”. Mas, enquanto todos
estavam distraídos, surgiram mais três.
Primeiro,
na “Resenha Crítica ao livro ‘Eu e o Pai Somos Um’, de Ricardo Nicotra. Esta
resenha, que já está disponível na Internet, foi publicada na revista Parousia,
http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/03/parousia_vi.pdf
no segundo semestre do ano passado. Como eu não tinha conhecimento deste
material, errei ao afirmar semanas atrás, no Adventistas.com que o livro do Nicotra não
tinha sido respondido. Foi respondido, muito bem respondido.
Foi um trabalho de equipe. Dez dos teólogos mais conceituados do Brasil, tendo o pastor Timm como relator. Para fazer o livro “A Trindade”, foram gastos 3 teólogos. Para responder ao Nicotra, foram necessários 10. O trabalho ficou muito bem feito. É uma grande obra, me pareceu, em termos argumentativos, melhor que o livro dos americanos. Podemos estar seguros e orgulhosos, temos homens com grande capacidade intelectual, estudiosos e que escrevem muito bem, na área teológica do UNASP. Após ler a “resenha crítica”, fui à estante para pegar o livro do Nicotra e queimar. Mas não tenho mais nenhum exemplar.
Que coisa. Havia um site de “oposição à oposição”, cujo objetivo principal era ofender Ennis Méier e Robson Ramos, que após dizer que o livro do Nicotra tinha “silogismos gregos” falsos, mostrava que o livro devia ser jogado no lixo. Eu devia ter seguido o conselho. Jogar o livro “Eu e o Pai Somos Um” no lixo.
Não joguei. Mas
não fui o único. Dez dos nossos melhores teólogos também não o fizeram. Além de
não jogar no lixo, esquadrinharam o livro de ponta a ponta para respondê-lo.
Eles dizem no início da resenha que o livro “com um estilo simples (...) é de
fácil compreensão e auto-elucidativo, podendo-se detectar com facilidade suas
inconsistências”. Agora, se foram necessários 10 teólogos para detectar as
inconsistências em um livro simples e de fácil compreensão, imaginem se o livro
fosse “menos simples”...
Interessante que na Resenha, os teólogos usam o mesmo argumento dos “silogismos
gregos” do site da “imprensa marrom”. O que levanta a suspeita, se por trás dos
anônimos inimigos do “adventistas.com” não estaria algum dos nossos valentes
teólogos...
Então, na sua crítica, o grupo dos 10, (que chamaremos de G10) volta ao assunto do trono do Espírito Santo. Com um estilo complicado, de difícil compreensão e não auto-elucidativo, os teólogos paulistas mostram que o Espírito Santo na verdade, não precisa de trono, pois nenhuma de suas funções exige um trono. Assim, não tomam partido nem dos americanos nem dos teólogos da Bahia. Encerram a discussão mostrando que, se o terceiro Deus da Trindade não está sentado no trono, é porque estaria longe dali, mantendo o Universo.
Fiquei curioso, pois
eles usam para afirmar isso o verso de Gênesis 1:2, onde diz que o Espírito de
Deus pairava sobre as águas. Procurei a versão da Bíblia de Jerusalém,
considerada mais fiel ao original, editada pela Sociedade
Bíblica Católica Internacional. O verso diz: ... “e um vento de Deus pairava
sobre as águas”. Há uma nota de rodapé explicando: “não se trata aqui do
Espírito de Deus e de seu papel na criação. Esta será a obra da ‘palavra’ de
Deus ou de sua ‘ação’ ”...
Recapitulando. Teólogos americanos: A terceira Pessoa da Divindade não tem trono
pois é o Rio. Teólogos da Bahia: Não tem trono, pois está dentro das pessoas.
Teólogos de São Paulo (G10): não tem trono, pois dele não precisa, estará longe
mantendo o Universo.
Time dos teólogos completo! Faltava o técnico...
Já
não bastava? Três explicações diferentes. Mas não. É ano de copa do mundo.
Michelson Borges tem um blog, que é um dos poucos espaços oferecidos pela igreja
oficial que possui artigos e coisas inteligentes. O padrão geral dos sites
oficiais são artigos insossos, repetitivos, e cheios de propaganda de CDs de
música gospel e, nos mais acessados, espaço para jovens que querem namorar.
Ainda bem que no meu tempo (sou do milênio passado) não tinha internet, a gente
namorava ao vivo. Acho que era melhor. Mas, voltando ao Michelson, seu
blog e seus artigos nas revistas, são bons e instrutivos. Michelson é um
guerreiro. Luta na linha de frente contra os que não crêem em Deus, por isso
merece nosso respeito.
Michelson também é prático. Ao invés de ficar procurando explicações para a
ausência do trono do Espírito Santo, ele arranjou um trono para ele!
https://www.adventistas.com/junho2006/michelson_citacao.htm. Pronto, discussão encerrada. Não tem trono por causa disso, não tem trono por
causa daquilo, chega de discussão! Taí o trono, pronto. O fato do Apocalipse não
mencionar, não quer dizer que não tenha!
Está
resolvido o problema da seleção. O G10 quase formava um time, agora, com a
entrada triunfal do Michelson, são 11 jogadores. Falta o técnico...
Não
há teólogos só
Esta
é a afirmação teológica mais ousada, original e profunda desde o concílio de
Nicéia! Porque ninguém pensou nisso antes? “Os que questionam a Trindade apenas
repetem os hereges do passado”, dizem os trinitarianos, repetindo os mesmos
argumentos dos inquisidores do passado. Mas agora, surge algo inédito.
Deus falou do Seu Espírito a muitos autores, como algo no estado físico gasoso: vento, ar, respiração. Os teólogos americanos fizeram uma mudança do estado gasoso para o líquido: de vento, virou rio. Uma interpretação ousada. Mas o líquido ainda possui a capacidade de ocupar vários lugares ao mesmo tempo, como no caso de uma enchente ou tsunami, embora causasse menos estrago se fosse como ar, figura de linguagem que a Divindade achou própria para explicar o assunto.
Agora, vem o pastor Miranda, para justificar a perseguição que faz a membros de sua igreja, e congela o Espírito. Nem ar, nem líquido. Agora, é sólido. Estático. Virou o mar de vidro.
Proposta inconciliável com as outras, principalmente com a dos teólogos de São Paulo (G10), que vêem o Espírito como mantenedor do Universo pairando sobre as águas. Não faz sentido um mar sólido de vidro pairar sobre as águas. Mais difícil ainda seria colocá-lo dentro dos crentes, como afirma o prof. Demóstenes, no IAENE, Bahia. Caber nas casinhas que o Michelson fez, também não cabe. O único que faria algum sentido seria junto com o rio da vida made in USA, onde o rio viraria mar e vice versa, talvez conforme as estações.
Por isso, sugiro o pastor José Miranda, que é um bom
pastor e meu amigo pessoal, como técnico da seleção dos chutes teológicos.
Sugiro também que considerem isto uma prova à coerência e ética da IASD. Se ele
pune membros que não entendem o Espírito de Deus da mesma forma que a IASD, ele
também deveria ser punido, com a mesma pena, pois ninguém mais na igreja ensina
isto.
E a chuteira de ouro?
E
assim está, a verdade é progressiva, e a confusão, mais progressiva ainda. Temos
então cinco teorias diferentes e díspares para explicar a ausência do trono:
Duas
transformam o Espírito de Deus em algo visível: o Rio (W. Whidden- EUA) e o Mar
(José Miranda - ES)
Duas
fazem com que o Espírito de Deus não esteja lá: habitando os crentes para sempre
na Terra (Demóstenes - BA) e longe, sendo o mantenedor do Universo (Timm - SP).
E
uma, mais prática, encerra a discussão e coloca lá o trono (Michelson - SP)
Imagine você indo ao médico, que lhe dissesse, “olha, você tem um tumor no
fígado, vamos ter que operá-lo”. É sempre bom uma segunda opinião. O médico
seguinte lhe informa que seu problema é na garganta, vamos tirar as amígdalas. O
terceiro lhe informa que são apenas traumas de infância, que serão curados com
umas noventa sessões de psicanálise a 1000 reais cada. O quarto vai lhe garantir
que com certeza o problema é uma fratura, bastam dois meses com as pernas
engessadas e tudo ficará bem. O quinto acha melhor extirpar os órgãos que
produzem sua testosterona. E agora?
Vamos
aguardar. Espero que os nobres defensores de nossa fé, que costumam escrever
artigos na Revista Adventista na seção “em defesa da fé”, ou na seção “boa
pergunta” - (péssima resposta), possam se reunir e chegar a um consenso. E
não vou admitir que vocês se esqueçam do pastor Miranda! O mar de vidro vai
entrar na discussão, sim, pois foi com ele que vários membros sinceros e com
vidas dedicadas à igreja, foram condenados. E o pastor Miranda, que é do Estado
do Espírito Santo, mudou o estado do Espírito Santo (estado físico gasoso para
sólido). (Tá, o trocadilho não soou muito bem, mas a culpa não é minha...)
Final
de copa. Além da taça para os campeões, a FIFA distribui outros prêmios. Quem
vai levar a chuteira de ouro?
Embora o Michelson tenha sido prático, o pastor Miranda, ousado, os americanos
tenham chutado primeiro e forte, e o prof. Demóstenes tenha mais base...
Em minha modesta opinião, a chuteira de ouro deve ser entregue ao pastor Timm, relator do G10. Sua afirmação de que o Espírito Santo, após o apocalipse, será o mantenedor do Universo, baseando essa afirmação em Gênesis 1:2, para mim é o maior e mais poderoso chute que já foi dado por um ser humano. Ele chuta a bola no início do Gênesis, ela vai parar pra lá do Apocalipse! Que chutasso! Chuteira de ouro para o pastor Timm! -- Tales Fonseca
Leia também: