Apêndice D

 

QUAL É O FUTURO DA IGREJA

ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA?

 

"O Senhor Jesus Cristo sempre terá um povo escolhido para servi-Lo. Quando o povo judeu rejeitou a Cristo, o Príncipe da Vida, Ele retirou deles o reino de Deus e transferiu-o aos gentios. Deus continuará a traba­lhar desse modo com todo ramo de Sua obra. Quando uma igreja se demonstra infiel à obra do Senhor, seja qual for sua posição, embora elevado e sagrado seu chamado, o Senhor não pode mais agir com ela. Outros então são escolhidos para levar importantes responsabilidades. Mas, se estes por sua vez não purificam suas vidas de toda ação errada, se não estabelecem princípios santos e puros em todos os seus limites, então o Senhor os afligirá e humilhará dolorosamente e, a não ser que se arrependam, os removerá de seu lugar e os fará um opróbrio." E.G.White, Olhando para o Alto, Meditações Matinais 1983, p. 125.

 

É verdade que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem  retardado  a proclamação ao mundo do evangelho eterno em sua pureza1. Todos compartilhamos da responsabilidade por esse fracasso. Há envolvimento coletivo. Ellen White freqüentemente comparava nossas falhas com as do antigo Israel quando cada geração compartilhava da culpa de seus pais em vista de que não somente compartilhavam da mesma natureza humana caída, mas exerci­am a mesma descrença2. Há muitas evidências trágicas de nossos deslizes, desobediência ao Espírito de Profecia, e mesmo apostasia. Nossa história do século passado desde 1888 é clara.

Significa isso que o Senhor rejeitou esta igreja ou sua liderança? Ou se Ele já não o fez, fa-lo-á no futu­ro? Estaria  a denominada Igreja Adventista do Sétimo Dia assinalada para o fracasso?

Quando os que decidem seguir a Cristo protestam contra o que crêem ser apostasia ou ações erradas na Igreja e se vêem sob oposição, devem concluir que a situação é sem esperança? Devem retirar o seu apoio e a condição de membro da Igreja?

É-nos dito no livro Atos dos Apóstolos, p. 11, que "almas fiéis" têm sempre constituído a verdadeira igre­ja. Um novo grupo ou confederação independente constituída de "almas fiéis" poderia completar a comissão e­vangélica deixando a Igreja Adventista do Sétimo dia organizada para trás a desfazer-se em apostasia terminal?

Se compararmos a Igreja com um navio, estaria destinada a afundar como o Titanic? Ou poderia ser to­mada de assalto por uma tripulação amotinada? Deveriam "almas fiés" abandonar o navio e pular para a água fria por sua iniciativa? Não haverá algum "navio" nos últimos dias, com cada antigo passageiro nadando individual­mente ou agarrando-se a pedaços da naufragada embarcação? Ou cada passageiro se tornará um membro da tripu­lação e, sob a liderança de Cristo como Capitão, navegarão um navio de velas bem ajustadas ao porto?

Ellen White comparou a Igreja Adventista do Sétimo Dia a uma "nobre embarcação que transporta o povo de Deus", e declarou que velejaria "com segurança ao porto"3. Qual é a verdadeira Igreja? É a Igreja orga­nizada ainda o cumprimento da profecia de Apocalipse 12 do "restante da sua semente [da mulher], que guarda os mandamentos de Deus, e o testemunho de Jesus Cristo" (vs. 17)? Ou seria o verdadeiro "remanescente" mera­mente um grupo difuso, não coeso, desorganizado, de "almas fiéis"? Estas perguntas atingem a própria razão para nossa existência como um povo por 150 anos.

Nenhuma pessoa inteligente ousaria dizer que uma ligação nominal com a Igreja organizada pode garantir a salvação pessoal de alguém. Logicamente não. Esta não é a questão. A questão importante é se o pertencer à Igreja como membro e apoiá-la são deveres válidos que o Senhor requer das "almas fiéis". Qual é a "mente de Cristo" com respeito à Igreja Adventista do Sétimo Dia? Se pudermos determinar a resposta a essa pergunta, po­demos saber qual deve ser nossa "mentalidade" sobre ela.

Há diretrizes nas Escrituras que são de auxílio, bem como numerosas declarações de Ellen White:

(1) A intenção de Deus sempre tem sido de que Seu povo sobre a Terra seja uma "família" visível, de­nominada, organizada. A razão disso é para que sejam Suas testemunhas, agentes ganhadores de almas no mundo. A "semente" de Abraão foi o antigo equivalente da Igreja. O Senhor lhe disse: "Em ti serão benditas todas as fa­mílias da Terra. . . . Darei à tua descendência esta terra". "Estabelecerei a Minha aliança entre Mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações . . . e da tua descendência". "A Minha aliança . . . estabelecê-la-ei com Isaque" (Gên. 12:3, 7; 17:7,21).

(2) Deus nunca mudou essa aliança e não pode mudá-la. No decorrer de todos os séculos das apostasias do antigo Israel e Judá, o Senhor permaneceu fiel a Sua promessa. Nos dias de Elias e do apóstata rei Acabe e sua ímpia esposa Jezabel, Israel era ainda Israel. No ponto mais baixo da história de Judá, ao tempo de Jeremias, quando o Senhor os entregou ao cativeiro sob Babilônia, eram ainda o povo denominado do Senhor. Nunca se tornou Babilônia, conquanto estivesse sob o cativeiro em Babilônia. Somente aqueles que recusaram retornar ao final do Cativeiro perderam o seu lugar na história. A aliança ainda se estendia àqueles que retiveram sua identi­dade denominada, e mediante eles o Messias finalmente veio.

(3) Isso não equivale a dizer que a descendência carnal de Abraão fez com que qualquer indivíduo fosse um herdeiro da aliança. A promessa sempre foi a de que "em Isaque será chamada a tua descendência". "Os da fé é que são filhos de Abraão" (Rom. 9:7; Gál. 3:7). O verdadeiro Israel sempre foi constituído por aqueles que ti­nham a fé de Abraão. Mas sempre deveriam ser um povo denominado, identificável, segundo o plano de Deus, de modo que pudesse funcionar eficientemente para evangelizar o mundo. Até a serva da esposa de Naamã preservou esse relacionamento fiel em sua escravidão e ganhou almas4.

(4) A Igreja Cristã primitiva dos apóstolos não foi um apêndice ou desdobramento de Israel. Era o ver­dadeiro Israel. Isso se dava porque os seus membros conservavam a fé de Abraão5. Desde o próprio início, quan­do Jesus chamou os primeiros discípulos, Sua Igreja era uma corporação organizada, denominada6. Ao longo dos anos de Seu ministério terrestre era organizada bem junto com Ele como sua Cabeça.

O Novo Testamento indica que nos tempos apostólicos a Igreja também era altamente organizada e de­nominada, com apóstolos, anciãos, mestres, evangelistas, diáconos, diaconisas e outros com vários dons, todos operando num inter-relacionamento disciplinado sob a direção do Espírito Santo7. Quando Saulo de Tarso foi con­vertido, o Senhor o trouxe à imediata comunhão com Sua Igreja organizada8. "Almas fiéis" verdadeiramente cons­tituíam a Igreja primitiva, mas aquela Igreja de modo algum era desorganizada. Há numerosos exemplos de sua rígida disciplina. Quando utilizada para deixar implícito que a Igreja organizada não pode ser a verdadeira, a de­claração de AA, p. 11, sobre "almas fiéis", tem sido distorcida de seu contexto.

(5) Os registros do cuidado de Deus sobre "a mulher [que] fugiu para o deserto . . . mil duzentos e ses­senta dias" indicam que novamente  essa perseguida Igreja durante a Idade Média seguiu os padrões neotestamen­tários de organização e disciplina9. Os verdadeiros crentes sempre operaram como um corpo, conquanto os deta­lhes precisos dos métodos de organização variassem.

(6) Nos dias pioneiros dos adventistas do sétimo dia, batalhas foram travadas sobre organização, com anarquistas fanáticos se rebelando contra a disciplina apropriada dentro da corporação10. O Espírito Santo impôs o Seu inegável selo de aprovação sobre a necessidade de ordem. Nossos pioneiros viram a Igreja Adventista do Sé­timo Dia denominada em seu estado organizado como cumprimento de Apocalipse 12:17 e 14:12. Eles a viram como divinamente designada para operar eficientemente a fim de proclamar a mensagem ao mundo e preparar um povo para a vinda do Senhor11.

Qualquer movimento que o Espírito Santo dirija deve ser organizado e disciplinado, porque "Deus não é Deus de confusão"12. O estabelecimento de mais de um século da Igreja Adventista do Sétimo Dia entre tantas culturas diferentes é claramente obra do Espírito Santo. Não existe nenhum outro movimento de amplitude mundi­al ou corporação de crentes que possa mesmo remotamente ser identificado como cumprimento de Apocalipse 14:6-12. Ellen White nunca duvidou de nossa identificação histórica13.

Aqui está uma corporação já em existência soberbamente moldada pelo Senhor para cumprir a tarefa de proclamação do "evangelho eterno". Nenhum movimento independente ou desviado pode possivelmente crescer dentro do tempo de vida  de alguém para tornar-se um instrumento tão potencialmente eficiente de ganhar almas. Os verdadeiros adventistas do sétimo dia estão mais preocupados com a honra e vindicação de Cristo do que com sua própria recompensa pessoal. Pensam primariamente em termos de realização de Sua comissão evangélica para o mundo, antes que em sua própria segurança. Para eles, o amor próprio deu lugar a uma experiência de ser cru­cificados com Cristo. Estão "debaixo da graça", que é uma nova motivação imposta por uma apreciação de Seu sacrifício, em lugar de estar "debaixo da lei", sua motivação anterior de preocupação espiritual centralizada no eu.

Suportam o mesmo teste que Moisés suportou. Quando Deus Se dispôs a abandonar o Seu povo organi­zado de Israel e fazer prosperar a Moisés como o líder de seus sucessores desvinculados, Moisés preferiu ter o seu nome riscado do livro da vida a ver a honra de Deus assim comprometida14. O "peneiramento" nos últimos dias separará do povo de Deus todos cuja motivação mais profunda seja mera preocupação com a própria segu­rança.

(7) Uma motivação "debaixo da lei" de preocupação consigo deriva da falha em apreciar a justificação pela fé. Isso tem envenenado a aplicação de nossos princípios de organização eclesiástica. Tiago e Ellen White instavam pelo reconhecimento de Cristo como o verdadeiro Líder da Igreja:

 

"Em ocasião alguma durante o Seu ministério público Cristo dá a entender que qualquer de Seus discípu­los devesse ser designado como líder dos demais. . . . E não há sugestão de que os apóstolos de Cristo designas­sem um deles sobre outro como líder. . . Cristo, portanto, é o líder de Seu povo em todas as épocas. . . Cristo conduzirá o Seu povo, se desejar ser conduzido." (Tiago White, RH de 1o de dezembro de 1874).

"Não era o desígnio de Deus que qualquer sistema de organização existisse na Igreja Cristã que remo­vesse a liderança de Cristo.

"O ministro que se lança em qualquer Comissão de Associação em busca da direção, retira-se das mãos de Cristo. Que Deus conserve a nossa organização e o modo de disciplina eclesiástica em sua forma original." (ibid. 4 de janeiro de 1881).

 

Todavia, reconhecer a Cristo como Cabeça da Igreja que dirige a sua organização requer submissão do coração a Ele; isso se torna impossível quando o evangelho da justificação pela fé não é claramente compreendi­do. A motivação de "debaixo da lei" suplanta a motivação de "debaixo da graça", e líderes e povo sofrem. "Poder dominante" é exercido, e ministros e povo aprendem a olhar aos homens falíveis em busca de liderança, seguindo seus ditames e louvando-os. Um sutil culto a Baal promove o amor do eu enquanto professando devoção a Cristo. (A prática comum de funcionários de associação designar o seu presidente como "o chefe" é exemplo de uma di­reta violação do conselho de Cristo em Mateus 20:25-28). A motivação de "debaixo da lei" pode permear tão pro­fundamente a Igreja que pessoas sinceras julgam quase impossível conceber qualquer outro tipo de liderança efi­caz15.

(8) Uma importante verdade que nos auxiliará a entender a mente de Cristo para com a Igreja Adventista do Sétimo Dia é nossa história relativa a 1888. A despeito de décadas de mornidão no seu interior, o Senhor envi­ou o "começo" da chuva serôdia por intermédio de delegados a uma assembléia da Associação Geral. Ele honrou este povo com a "revelação da justiça de Cristo" nessa "mensagem muitíssimo preciosa" destinada a iluminar a terra com glória.

(9) A reorganização de 1901 tinha a intenção de trazer reavivamento e reforma e um retorno à liderança de Cristo operando mediante aqueles que criam em Sua palavra: "Todos sois irmãos". Mas o reavivamento espiri­tual não teve lugar. Foi somente um sonho, um "o que poderia ter sido". O padrão de 1888 de descrença não foi revertido16.

A assembléia da Associação Geral de 1903 foi vista por alguns como um passo para trás. A atitude de Jones e Waggoner para com a  constituição revisada foi considerada no capítulo 10 deste livro. Alguns poucos uniram-se-lhes em suas convicções:

 

"Qualquer homem que já leu essas histórias [Neander, Mosheim] não poderá chegar a nenhuma outra conclusão senão a de que os princípios que estão para ser introduzidos mediante esta proposta constituição [1903] . . . são os mesmos princípios, e introduzidos precisamente da mesma maneira, como se deu centenas de anos atrás quando o Papado foi criado. . . . No momento em que a votais estareis recuando para onde estivestes dois anos atrás e antes disso." (P. T. Morgan, GCB 1903, p. 150).

"Irmãos, a coisa a fazer é voltar aonde estivemos dois anos atrás na questão de reorganização, e assumi-la, e levá-la adiante, e dar-lhe uma chance porque aqueles que têm ocupado posições de responsabilidade têm admitido que não a adotaram à risca por não crerem que fosse possível. Eu creio que é possível." (E. A. Suther­land, ibid. pp. 168, 169).

 

(10) Se acreditasse que a revisão de 1903 fosse um erro, Ellen White não se teria a ela oposto publica­mente, embora algumas de suas declarações posteriores possam ser aplicadas como sendo uma desaprovação. Contudo, o fato importante a ser observado é que ela não retirou o seu apoio da igreja organizada seguindo-se a 1903, tendo, antes, a ela permanecido fiel e leal até sua morte em 1915. Isso se deu a despeito do fato de que es­tava profundamente desapontada com os resultados espirituais da assembléia de 190117. O Senhor prosseguiu ao longo de todos aqueles anos a honrar esta Igreja com o ministério de Sua mensageira.

A solução ao nosso problema não consiste em destruir ou alterar o sistema mecânico de nossa organiza­ção constitucional, mas em achar arrependimento e reconciliação com Cristo dentro dela. Tudo é fútil a menos que o machado seja lançado à raiz da árvore. Fraquezas ou erros em organização serão retificados quase que da noite para o dia quando o Espírito Santo tiver êxito em conduzir-nos ao arrependimento.

(11) Literalmente, milhões de pessoas podem testificar de que a única agência que os conduziu a um co­nhecimento do evangelho eterno de Apocalipse 14 é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a despeito de suas falhas. A melhor esperança de uma proclamação final de êxito da última mensagem ao mundo é uma arrependida Igreja Adventista do Sétimo Dia que não somente proclama a mensagem com clareza de cristal, mas demonstra além de questionamento que ela funciona. Essa era a convicção de Ellen White; em meio à era de descrença de 1888 ela tinha esperança pela reforma:

 

"Deus está à frente da Obra e Ele porá tudo em ordem. Se questões requererem ajuste na direção do tra­balho, Deus cuidará disso e operará para consertar todo erro. . . Deus conduzirá a nobre embarcação ao porto seguro." (2SM 390; 1892).

"Conquanto haja males existindo na Igreja e haverá até o fim do mundo, a Igreja nestes dias finais deve ser a luz do mundo que está poluído e desmoralizado pelo pecado. A Igreja, débil e defeituosa, carecendo de  reprovação, advertência e aconselhamento, é o único objeto sobre a Terra a que Cristo dedica Seu supremo inte­resse. . . Que sejamos todos cuidadosos para não levantar um clamor contra o único povo que está preenchendo a descrição dada do povo remanescente que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus, que está exaltan­do o padrão de justiça nestes últimos dias. Deus tem um povo distinto, uma Igreja sobre a Terra, que não vem em segundo lugar para nenhuma outra, antes é superior a todas em sua facilidade para ensinar a verdade, vindicar as leis de Deus. . . Que todos nos unamos com esses agentes escolhidos." (TM 49, 57, 58; 1893).

"Quando alguém está se apartando do corpo organizado do povo de Deus observador dos mandamentos, quando começa a pesar a Igreja em suas balanças humanas e começa a pronunciar julgamento contra  ela, podeis saber então que Deus não o está conduzindo." (3 SM 18; 1893).

"A vitória acompanhará a mensagem do terceiro anjo. Tal como o Capitão do exército do Senhor derri­bou os muros de Jericó, assim o povo observador dos mandamentos de Deus alcançará triunfo e todos os elemen­tos opositores serão derrotados." (TM 410; 1898).

"Nunca fiquei mais atônita em minha vida do que com a maneira a que chegaram as coisas nesta assem­bléia [de 1901]. Este não é nosso trabalho. Deus tem trazido à tona. . . Desejo que todos vos lembreis disto, e desejo que também vos lembreis que Deus declarou que curará as feridas de Seu povo." (GCB 1901, pp. 463, 464).

 

Tenham essas "feridas" sido curadas em 1901 ou depois disso, podemos animar-nos com a garantia de que "Ele as curará". Após 1901 e 1903 Ellen White emitiu algumas das mais contundentes declarações de sua vida identificando esta Igreja organizada como a verdadeira, e assegurando o seu triunfo final no ministério quan­do o arrependimento permear a corporação:

 

"Não podemos nos desviar do fundamento que Deus estabeleceu. Não podemos agora [1905, não fala sobre o futuro. Ênfase do Editor.] entrar em qualquer nova organização; pois isso significaria apostasia da ver­dade." (Ms. 129, 1905).

"Sou instruída a dizer aos adventistas do sétimo dia ao redor do mundo que Deus nos chamou como um povo para ser um tesouro peculiar para Si. Ele designou que a Sua Igreja sobre a terra permaneça perfeitamente unida no Espírito e conselho do Senhor dos exércitos até o tempo do fim." (2 SM 397; 1908).

"O temor de Deus, o senso de Sua bondade, circularão mediante toda instituição [adventista do sétimo dia]. Uma atmosfera de paz há de prevalecer em todo departamento. Cada palavra dita, toda obra realizada, terá uma influência que corresponde à influência do céu. . . . Então a obra seguirá adiante com solidez e dupla força. Uma nova eficiência será concedida aos obreiros em toda linha. . . . A Terra será iluminada com a glória de Deus, e tocar-nos-á testemunhar a breve vinda, em poder e glória, de nosso Senhor e Salvador." (MM 184, 185; 1902).

"Sou encorajada e abençoada ao reconhecer que o Deus de Israel está ainda guiando o Seu povo e que Ele continuará a estar com ele, até o fim." (comentários à assembléia da Associação Geral de 1913; LS 437, 438).

 

Ela claramente definiu o "povo de Deus" como "esta denominação". W. C. White escreveu o seguinte poucas semanas antes de sua morte:

 

"Relatei à [Sra. Lida Scott] como Mamãe considerava a experiência da Igreja remanescente, e seu posi­tivo ensino de que Deus não permitiria que esta denominação apostatasse tão inteiramente que viesse a existir outra Igreja." (Carta, 23 de maio de 1915).

 

Um hospital é um local onde pessoas doentes podem receber tratamento médico a fim de serem restaura­das à saúde. A vida do paciente é de suprema importância. A Igreja que deve tornar-se a Noiva de Cristo está doente; ela carece de cura. Lealdade a Cristo requererá lealdade a Sua futura Noiva, uma cooperação integral para assegurar-lhe a cura.

Nós que temos servido como missionários na África, temos visto como a lealdade a Cristo (ou sua falta) opera nos corações humanos. Funcionários "cristãos de arroz" insconscientemente demonstram seu verdadeiro espírito ao falarem da Igreja como "vós" ou "eles". Não poderiam revelar menos interesse por sua honra ou pros­peridade. Mas os verdadeiros crentes em Cristo manifestam uma unidade corporativa com a Igreja, falando dela instintivamente como "nós". Estão mais preocupados por sua honra como representando a Cristo do que por sua própria recompensa pessoal.

(12) Qual é o significado de as promessas de Deus serem condicionais? Deveríamos tomar uma atitude de esperar para ver e reter nossa lealdade e apoio até que tenhamos evidência de que a Igreja tem cumprido as condi­ções? A declaração seguinte destaca as condições:

 

"Estamos longe de onde deveríamos estar tivesse nossa experiência cristã se harmonizado com a luz e oportunidades a nós dadas. . . . Tivéssemos caminhado na luz que nos foi concedida,  . . . nossa vereda teria bri­lhado mais e mais. . . .

"Nas balanças do santuário, a Igreja Adventista do Sétimo Dia deve ser pesada. Ela será julgada pelos privilégios e vantagens de que dispunha. . . Se as bênçãos conferidas não a qualificarem a realizar o trabalho que lhe foi confiado, sobre ela será pronunciada a sentença, 'Achada em falta'." (8T 247).

 

Todas as promessas de Deus feitas ao antigo Israel não foram menos condicionais. Geração após geração foi "achada em falta" e morreram como fracassos. A história de Cades-Barnéia foi repetida muitas vezes, quando uma geração inteira, exceto dois indivíduos, tiveram que perecer no deserto. Não obstante, o Deus observador do concerto permaneceu fiel a Israel quando este Lhe foi desleal. Ele sempre tentou novamente com uma nova gera­ção. Nunca ordenou que outro povo tomasse o lugar da "semente de Abraão".

O fato de o antigo Israel ter falhado repetidas vezes como tem falhado a Igreja em tempos modernos não significa necessariamente que o padrão de deslize e apostasia continuará para sempre. As falhas coletivas do povo de Deus têm sempre envolvido o santuário celestial em contaminação; Satanás tem tido ocasião de atribuir a Deus a responsabilidade pelo fracasso de Seu povo.

O fundamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia é uma crença nas boas novas de Daniel 8:14, "E o san­tuário será purificado". Então essa constante nuvem de fracasso que tem pairado sobre o Israel de Deus será le­vantada; e o nome de Deus será reivindicado na medida em que o Seu povo demonstre que o Seu plano de salva­ção é um sucesso; o sacrifício de Cristo será, então,  reivindicado. Uma atitude cínica que declare: "Suponha que a Igreja falhe e que as condições não sejam preenchidas" é o mesmo que dizer: "Suponha que o santuário não será purificado". A honra de Deus requer que ele seja purificado!

Esta é a derradeira questão no grande conflito. Temos o privilégio de postar-nos em absoluta lealdade a Cristo e a Sua futura Esposa.

O testemunho citado acima é intitulado "Seremos Achados em Falta?" Ellen White respondeu a sua pró­pria indagação ao concluir o capítulo:

 

"Quando a purificação tiver lugar em nossas fileiras, não mais descansaremos e teremos paz. . . . A menos que a Igreja, que está  agora sendo levedada com sua própria apostasia, se arrependa e se converta, co­merá do fruto de sua própria feitura, até que se aborreça a si mesma. Quando ela resiste ao mal e escolhe o bem, quando ela busca a Deus com toda a humildade, e alcança o seu alto clamor em Cristo, permanecendo sobre a plataforma da verdade eterna, . . . será curada. Ela aparecerá em sua simplicidade e pureza dadas por Deus, separada de embaraços terrenos, revelando que a verdade a tornou verdadeiramente livre. Então os seus mem­bros serão verdadeiramente escolhidos de Deus, Seus representantes.

"É chegado o tempo para que uma reforma integral tenha lugar. Quando essa reforma começar, o espíri­to de oração operará em todo crente, e banirá da Igreja o espírito de discórdia e luta. . . . Não haverá confusão, porque todos estarão em harmonia com a mente do Espírito. . . Todos orarão compreensivelmente a oração que Cristo ensinou a Seus servos: `Venha  o Teu reino, faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu'." (ibid., pp. 250, 251).

 

Nosso dever agora é remover todo embaraço dentro da Igreja que tem impedido que "plena reforma te­nha lugar", e aprender a orar a oração do Senhor.

__________

1Ev 694-697

2Ver capítulo 4 deste livro.

3 2SM 390; 1892.

4 Ver 2 Reis 5.

5 Gálatas 3:7-9, 29.

6 AA 18; DA 29.

7 1 Cor. 12:1-28; Efés. 4:8-16; 1 Tim. 3:1-15; Tito 1:5-11.

8 Atos 9:10-19; AA 122, 163.

9 Cf. GC 62, 63, 67-69.

10 TM 26-29.

11 FE 254; 1 T 271, 413; 3T 501.

12 1 Cor. 14:33.

13 Ver por exemplo 9T 19; 1 T 186-187; 1 SM 91-93; 7BC 959-61.

14 Êxodo 32.

15 Ver TM 359-364.

16 8T 104-106; Carta de EGW ao juiz Jesse Arthur, 5 de janeiro de 1903.

17 Ibid.