Parlamentar Europeu Prevê que a Religião Substituirá o Estado num Mundo Globalizado

01/04/2001 16:14

Lisboa, 01 abr (SN) - O Patriarca de Lisboa defendeu hoje a convergência cooperativa das religiões "com diálogo e respeito mútuo" com o objetivo de dar resposta a uma nova ordem de valores de justiça e paz no quadro da globalização. 

D. José Policarpo falava na Universidade Lusíada, em Lisboa, na abertura do seminário internacional "Religião e Globalização: Perspectivas para o novo milênio", iniciativa do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa e que prossegue até segunda-feira. 

O seminário tem como objetivo reunir líderes religiosos, políticos, representantes da sociedade civil e os mídia para analisar "em que medida a religião pode ajudar de forma concreta as pessoas a viver de forma digna e tolerante num mundo globalizante", segundo Giovanni Celiento, vice-diretor do Centro Norte-Sul. 

Ao mesmo tempo, o evento pretende promover o diálogo interreligioso, uma cultura de paz e de solidariedade, tendo para o efeito convidado representantes de 12 religiões, em particular, budistas, católicos, ortodoxos, anglicanos, islamistas e judeus. 

Na sua intervenção, o Patriarca de Lisboa salientou que a globalização é, ao mesmo tempo, "uma vantagem e um risco", com a característica de ser cada vez mais um fenômeno universal, "tal como as religiões, na sua essência".

"Prevejo que o próximo século será, para o bem e para o mal, um tempo profundamente marcado pelo fenômeno religioso", observou, precisando que esta "explosão" do religioso terá um contributo "específico e único das religiões". 

Na sua opinião, para a construção deste futuro são necessários o diálogo inter-cultural e interreligioso de forma a vencer "os particularismos e extremismos" existentes nas sociedades. 

"Por exemplo, há diferenças abissais, de cultura para cultura na forma de conceber os direitos humanos", apontou D. José Policarpo. O Patriarca também considerou "estranho" que cada vez mais os Estados "se considerem neutrais em relação ao fenômeno religioso, cuja importância os líderes da Humanidade não podem ignorar". 

Da mesma forma, o vice-presidente do Conselho Norte-Sul, Giovanni Celiento, observou que apesar do fenômeno da globalização trazer muitas oportunidades aos indivíduos, "nem todas são boas, e existem riscos". "A religião pode ter um papel crucial na preservação da face humana da globalização", defendeu, acrescentando que as várias confissões religiosas "podem ser, ao contrário do que se pensa, um fator de união em vez de divisão". 

Para o vice-presidente da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa José Medeiros Ferreira, "em breve, nenhum poder político e nenhum Estado vai poder controlar ou ter condições para regulamentar o fenômeno da globalização". 

"Os Estados parecem desorientados perante um fenômeno que lhes escapa e cedo ou tarde todos os políticos serão ultrapassados por ele. Quem nos poderá valer então?" questionou. Afirmando-se um humanista que abraça todas as religiões, Medeiros Ferreira disse acreditar que através desta via será possível criar uma "normalidade normativa que dê aos homens um sentimento de pertença". 

Até segunda-feira, os participantes, representantes de várias religiões, vão apresentar documentos de trabalho para discussão. Serão ainda debatidos em painéis temas como a relação entre a religião e a política, a exclusão social, o desenvolvimento, o papel da sociedade civil, parcerias e cooperação com instituições públicas.

Fonte: http://www.msmtnews.com.br/noticias/ 

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