O erro de presumir que "nós" aceitamos a
mensagem de 1888 parte de um erro ainda mais profundo de
incompreensão, ou seja, qual foi realmente a mensagem.
O ponto de vista endossado oficialmente de que foi aceita
deve também levar em consideração que nada houve de
peculiarmente adventista a respeito dela. A mensagem é
avaliada como "a doutrina da justificação pela
fé", ou seja, a mesma "doutrina" que os
protestantes têm crido por centenas de anos. O trecho
seguinte, de um de nossos estimados autores, um
vice-presidente da Associação Geral, é típico dessa
opinião amplamente aceita da mensagem:
"Alguns podem indagar, o que foi esse ensino de
justificação pela fé que se tornou o alicerce do grande
reavivamento adventista de 1888, como ensinada e realçada
pela Sra. White e outros? Tratava-se da mesma doutrina que
Lutero, Wesley, e muitos outros servos de Deus haviam estado
ensinando." (L. H. Christian, The Fruitage of
Spiritual Gifts [Os frutos dos dons espirituais], p. 239).
Seria extremamente humilhante confessar que
"nós" rejeitamos "a mesma doutrina que Lutero,
Wesley, e muitos outros servos de Deus haviam estado
ensinando". Então, devemos dizer que aceitamos "a
doutrina" em 1888 e após isso.
Conquanto outro escritor de autoridade admita que a
mensagem de 1888 fosse "a terceira mensagem angélica
em verdade", como Ellen White a caracterizou (RH, 1º de
abril de 1890), ele confunde a questão insistindo em que
muitos líderes evangélicos não-adventistas também
proclamavam "a mesma ênfase . . . geral", tendo
obtido sua mensagem "da mesma Fonte". Sem
exceção, todos esses livros altamente recomendados de anos
recentes deixam implícito logicamente que a
"verdade" da mensagem do terceiro anjo nada mais é
do que o ensino protestante popular. Nenhum toma uma
posição coerente de avaliar a mensagem de 1888 como Ellen
White o fez, nem reconhece qualquer elemento singularmente
adventista nela. Observem a insistência de Froom:
"Homens de fora do movimento adventista --
[tinham] a mesma preocupação geral e ênfase, e foram
suscitados por volta da mesma ocasião. . . . O impulso
manifestamente veio da mesma Fonte. E quanto à época, a
Justificação pela Fé centralizou-se no ano de 1888.
"Por exemplo, as renomadas Assembléias Keswick da
Grã-Bretanha foram fundadas para 'promover a santidade
prática'. . . . Cerca de cinqüenta homens poderiam ser
facilmente alistados nas décadas finais do século dezenove
e primeira décadas do século vinte . . . todos dando essa
ênfase geral." (Froom, Movement of Destiny,
pp. 329, 320; destaques do original).
A conclusão é lógica e irrecorrível: devemos ir a essas
fontes para obter a "doutrina" e aprender como
ensinar justificação pela fé. E temos feito isso, por
décadas, a despeito do fato de que a tendência desse ponto
de vista sobre justificação pela fé é antinomista [contra
a lei].
Podemos crer que esses líderes evangélicos eram homens
bons, sinceros, vivendo à altura de toda a luz que possuíam.
Mas acaso proclamavam "a mensagem do terceiro anjo em
verdade", como Ellen White descrevia a mensagem de
1888? Nosso autor admite que conquanto eles "não
entendessem nossa mensagem específica", isto é, o
sábado e o estado dos mortos e outras doutrinas
"peculiares", não obstante proclamavam "a
mesma . . . justificação pela fé" que o Senhor nos
concedeu em 1888. Contudo, em contraste, Ellen White insiste
que a mensagem de 1888 contém um nutrimento espiritual
peculiar que conduz à "obediência a todos os
mandamentos de Deus" (TM 92).
A posição dessas autoridades logicamente apóia o ponto
de vista de nossos oponentes de que nada há de especial
quanto ao cerne da mensagem adventista do sétimo dia. Isso
incentiva a sua perspectiva de que à parte de seja quanto da
"doutrina" evangélica possamos tomar por
empréstimo dos evangélicos, a essência do adventismo do
sétimo dia é o legalismo. Certamente, pois, não temos
qualquer mandato para chamar o mundo cristão a julgamento e
arrependimento.
Qual é a verdadeira avaliação da mensagem de 1888?
Tratava-se da "mesma doutrina" que os reformadores
protestantes e os evangélicos do século 19 ensinavam, como
nossos autores insistem? Ou era uma compreensão distinta e
única do "evangelho eterno" em relação com nossa
doutrina especial do santuário? Nossos autores endossados
oficialmente ignoram todos qualquer relação especial com o
santuário.
A verdade disso é crucial para o entendimento de nossa
identidade como um povo.
Se a mensagem de 1888 foi somente a doutrina protestante
histórica de justificação pela fé, defrontamos alguns
problemas sérios:
(1) Suponhamos que aceitemos que Ellen White esteja correta
ao dizer repetidamente que a mensagem de 1888 foi objeto de
resistência e rejeição; segue-se, necessariamente, que a
liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia rejeitou a
"mesma doutrina" que Lutero e Wesley ensinaram
concernente a justificação pela fé.
Em outras palavras, o dizermos que a mensagem de 1888 era a
"mesma doutrina" que Lutero, Wesley . . . haviam
estado ensinando" logicamente requer que nossos
antepassados de 1888 rejeitaram a posição protestante
histórica. Tal rejeição seria tão desastrosa quanto a
rejeição de Lutero por Roma, ou a rejeição de Wesley, pela
Igreja da Inglaterra! Seria equivalente a uma queda espiritual
tão má quanto a queda de Babilônia.
Mas isso não pode ser, pois destruiria a Igreja. Assim,
nossos autores são forçados a presumir que "nós"
aceitamos a mensagem de 1888, e tivemos um "grande . . .
reavivamento".
(2) Novamente, se a opinião de que a mensagem de 1888 foi
"a mesma doutrina" dos reformadores, isso requereria
que "Lutero, Wesley, e muitos outros servos de Deus"
dos séculos 16 ao 19 tivessem pregado "a terceira
mensagem angélica em verdade". Assim, os
adventistas do sétimo dia não podem logicamente ver sua
identidade
nas três mensagens angélicas de Apocalipse 14.
Alguns anos atrás Louis R. Conradi, nosso líder na
Europa, seguiu essa idéia oficial a seu final lógico e
manteve que Lutero pregava a terceira mensagem angélica no
século 16. Conradi com o tempo deixou a Igreja. (Ele havia
também sido um opositor da mensagem da assembléia de 1888).
E hoje estamos perdendo pastores, membros e jovens pela mesma
razão básica -- nada vêem em peculiar e atraente em nossa
mensagem do evangelho porque esses pontos de vista endossados
oficialmente deixam implícito que nada há de singular a
respeito.
Acaso nosso historiadores de confiança puseram sem querer
em curto circuito o Movimento Adventista que tem um destino a
cumprir? Se assim for, grande dano foi feito, pois idéias
publicadas com autoridade desempenham um grande impacto
sobre a Igreja mundial.
Reiteração da Posição Sobre 1888
Outro ponto de vista altamente endossado quanto à mensagem
de 1888 é que representou uma mera "reiteração"
do que os pioneiros adventistas tinham crido desde os nossos
primórdios, uma recuperação de um equilíbrio homilético
na doutrina e pregação, temporariamente perdida entre 1844 e
1888. Esse ponto de vista tem chegado a ser amplamente
acatado. Alguns poucos exemplos são suficientes:
"Esta assembléia [de 1888] . . . provou-se ser o
início de uma reiteração desta gloriosa verdade, que
resultou num despertamento espiritual entre nosso povo."
(M. E. Kern, RH, 3 de agosto de 1950).
"O maior acontecimento dos anos oitenta na
experiência dos adventistas do sétimo dia foi a
recuperação, ou a reiteração e nova conscientização, de
sua fé na doutrina básica do cristianismo: "saber que
um homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé
de Jesus Cristo" (A. W. Spalding, Captains of the
Host [Capitães da Hoste], p. 583).
"Houve aqueles que aceitaram a ênfase [de 1888]
sobre justificação pela fé; na outra extremidade os que
pensavam que essa ênfase ameaçava os 'velhos marcos'. . .
"A reação da Igreja durante os anos noventa à nova
ênfase sobre justificação . . . foi mista." (N. F.
Pease, The Faith That Saves [A Fé que Salva], pp. 40,
45; 1969).
Se esta posição de "reiteração" (ou
"ênfase") estiver correta, algumas indagações
adicionais podem ser suscitadas:
(1) Como líderes conscienciosos puderam resistir, rejeitar
ou mesmo negligenciar uma reiteração do que eles próprios
sempre creram e tinham pregado por vinte, trinta ou quarenta
anos antes? Ou se essa sessão de 1888 incluía uma nova
geração de pregadores adventistas, como poderiam eles
rejeitar uma "gloriosa verdade" que seus
antepassados imediatos não tinham estado pregando?
(2) Novamente, como poderíamos defender-nos contra a
acusação de que a Igreja Adventista sofreu uma queda moral
semelhante à de Babilônia se aceitamos o ponto de vista de
que os irmãos em 1888 rejeitaram a reiteração da verdade
que criam no início do movimento adventista? Quando alguém
está subindo, e subitamente vem para trás, isso é uma
"queda".
Deploramos os grupos desviados e as críticas descaridosas
dos que injustamente dizem que a igreja caiu como o fez
Babilônia. Não cremos nisto. Mas a versão oficial de
nossa história sobre 1888 logicamente admite esse
desencorajador ponto de vista. Muitas mentes pensantes
seguem-no às suas últimas conclusões, como o fez Conradi.
Quanto mais descartamos as verdades de 1888, mais evidente se
torna que grupos desviados, fanatismo, apostasias, e morna
complacência proliferam, devido a nosso fracasso perdurável
em reconhecer essas realidades.
Este capítulo apresentará evidência de que a mensagem de
1888 não foi uma mera reiteração das doutrinas de Lutero
e Wesley, nem mesmo dos pioneiros adventistas. Nem foi uma
reedição do que os oradores de Keswick e líderes
protestantes populares da época ensinavam como "doutrina
da justificação pela fé". Foi muito maior do que isso!
Tratou-se do "começo" de um conceito mais maduro
do "evangelho eterno" do que havia sido claramente
percebido por qualquer geração prévia. Foi o
"começo" do derramamento final do Espírito Santo
como a chuva serôdia. Foi o anúncio inicial da mensagem
do quarto anjo de Apocalipse 18. Deveria ser uma bênção
sem precedentes desde o Pentecoste (cf. FCE 473; RH, 3 de
junho de 1890).
Isso não significa dizer que os mensageiros de 1888 eram
maiores do que Paulo, Lutero, Wesley, ou qualquer outro, nem
que eles eram estudantes mais brilhantes e inteligentes. A
mensagem que traziam era simplesmente a "terceira
mensagem angélica em verdade", um entendimento de
justificação pela fé paralela à doutrina do "tempo
do fim" da purificação do santuário celestial, onde o
Sumo Sacerdote ministra no Dia da Expiação antitípico no
Compartimento Santíssimo, sendo com ela coerente (cf. EW 55,
56, 250-254, 260, 261). Ele entrou nessa última fase de Sua
obra em 1844. De lá Ele ministra a verdadeira justificação
pela fé àqueles que O seguem pela fé. Daí, há algo
peculiar a respeito de justificação pela fé à luz do Dia
da Expiação, e a mensagem de 1888 o reconhece.
Se tivesse obtido livre curso para plena e
cordial aceitação e desenvolvimento teológico, a mensagem
teria preparado uma comunidade de cristãos para encontrar o
Senhor "sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito", "sem contaminação
perante o trono de Deus". Era intenção de Seu Divino
Autor amadurecer as "primícias para Deus e o
Cordeiro". Se isso não for verdade, a credibilidade de
toda a vida de Ellen White será afetada, bem como nosso
respeito próprio denominacional.
Ademais, a óbvia e inegável rejeição dessa mensagem
não constituiu uma queda moral ou espiritual da Igreja
remanescente envolvendo um repúdio da teologia protestante.
Foi, antes, a captura de seu desenvolvimento espiritual
ordenado, uma pobre cegueira e falta de habilidade em
reconhecer a consumação escatológica do amor e chamado do
Senhor.
A rejeição dessa mensagem virtualmente eclipsou um
entendimento ético e prático da purificação do santuário celestial. Deixou somente a capa exterior da
estrutura doutrinal, tal como as provas cronológicas dos 2300
anos, e o conceito mecânico do "juízo
investigativo" como pregado por nós antes de 1888. Nosso
próprio crescimento retardado em entendimento tem atraído
a zombaria de nossos oponentes evangélicos que fazem pouco
caso desta verdade peculiar adventista como "balofa,
mofada e sem proveito". É por isso que tantos dentre
nossa própria gente, especialmente os nossos jovens, vêem
a "doutrina" do santuário como entediante e
irrelevante.
O Que Ellen White Via na Mensagem de 1888
Tão logo ouviu um pouco da mensagem do Dr. Waggoner em
Mineápolis (pela primeira vez e por casualidade), ela
reconheceu ser a "preciosa luz" em harmonia com o
que tinha estado "tentando apresentar" durante os 45
anos anteriores. Ela não experimentou ciúme, mas acolheu bem
os mensageiros e sua mensagem. Era um desenvolvimento
adicional, em plena harmonia com a luz passada, mas nunca
claramente pregada antes:
"Vejo a beleza da verdade na apresentação da
justiça de Cristo em relação com a lei de Deus tal como o
Doutor tem-na apresentado diante de vós. Dizeis, muitos
dentre vós, que é luz e verdade. Contudo, não a tendes
apresentado em sua luz daí em diante. . . . Isso que foi
apresentado se harmoniza perfeitamente com a luz que Deus
tem-Se comprazido em dar-me durante todos os anos de minha
experiência. Se nossos irmãos ministrantes aceitassem a
doutrina que tem sido apresentada tão claramente . . . o povo
seria alimentado com sua porção de alimento no tempo certo."
(Ms. 15, 1888; Olson, op. cit., pp. 284, 295).
Os próprios irmãos em Mineápolis entenderam que a
mensagem era uma revelação de nova luz, antes que uma
reiteração do que se havia pregado anteriormente. Isso está
implícito como segue:
"Um irmão perguntou-me se eu pensava que havia
alguma nova luz que deveríamos ter, ou quaisquer novas
verdades? . . . Bem, devemos parar de pesquisar as Escrituras
porque temos a luz sobre a lei de Deus, e o testemunho de Seu
Espírito? Não, irmãos." (Ms. 9, 1888;
Olson, pp. 292, 293).
Assim, a mensagem de 1888 foi algo que os irmãos não
haviam compreendido anteriormente. Houve uma falha em apreciar
o cerne e veracidade da terceira mensagem angélica,
apreendendo somente suas formas exteriores:
"Há somente alguns poucos, mesmo daqueles que
reivindicam crer, que entendem a terceira mensagem angélica;
contudo esta é a mensagem para este tempo. É a verdade
presente. Mas quão poucos assumem esta mensagem em seu
verdadeiro peso e a apresentam ao povo em seu poder. Com
muitos tem somente pequena força. Disse-me o meu guia: 'Há
muita luz ainda para brilhar da lei de Deus e do evangelho da
justificação. Esta mensagem entendida em seu verdadeiro
caráter, e proclamada no Espírito, iluminará a terra com a
sua glória.'" (Ms 15, 1888; Olson, p. 296).
"A obra peculiar do terceiro anjo não tem sido
vista em sua importância. Deus intencionou que o Seu povo
estivesse bastante adiantado da posição que ocupa hoje...
Não está no ordenamento de Deus que a luz seja ocultada de
nosso povo -- a própria verdade presente de que carece para
este tempo. Nem todos os nossos pastores que estão dando a
terceira mensagem angélica, realmente entendem o que
constitui essa mensagem. " (5Testimonies
714, 715).
Ellen White nunca, nem uma vez sequer, empregou a palavra
"reiteração" ou mesmo "ênfase" com
respeito à mensagem de 1888. Claramente, ela parecia
ser nova luz, o que contradizia idéias mantidas pelos
irmãos, tal como os judeus imaginavam que Cristo contradizia
Moisés quando de fato a Sua mensagem cumpria Moisés. O seu
contexto é a mensagem e o seu recebimento:
"Vemos que o Deus do céu às vezes comissiona
homens para ensinar o que é considerado como contrário às
doutrinas estabelecidas. Devido a que os que outrora foram
depositários da verdade se tornaram infiéis a seu sagrado
legado, o Senhor escolheu outros que recebessem os brilhantes
raios do Sol da justiça, e advogassem as verdades que não
estavam em harmonia com as idéias dos líderes religiosos. .
. .
"Mesmo os adventistas do sétimo dia estão em perigo
de fechar os olhos à verdade como está em Jesus, porque ela
contradiz algo que têm assumido como verdade, mas que o
Espírito Santo ensina não ser verdade." (30 de maio
de 1896; TM pp. 69, 70).
Havia um princípio que tornava uma revelação antecipada
de "nova luz" necessária em 1888. Isso é declarado em um dos sermões de Ellen White em Mineápolis:
"O Senhor necessita de homens que sejam . . .
atuados pelo Espírito Santo, que estejam certamente recebendo o maná recém vindo do céu. Sobre as mentes
desses, a palavra de Deus emite luz. . . .
"Aquilo que Deus concede a Seus servos para falar hoje
talvez não tivesse sido verdade presente há vinte anos, mas
é a mensagem de Deus para este tempo." (Ms. 8a,
1888; Olson, pp. 273, 274).
Houve uma distinta diferença em sua mente entre a mensagem
da justificação pela fé como apresentada em 1888 e a
"mensagem passada" que o Senhor apresentou antes de
1888. Conquanto não devesse haver contradição, deve haver
desenvolvimento adicional: "Desejamos a mensagem
passada e a nova mensagem." (RH, 18 de março de
1890). (Mas os apelos dela não são uma licença ao fanatismo
ou idéias novas irresponsavelmente proclamadas).
Numa série de artigos da Review no princípio de
1890, Ellen White debateu a verdade da purificação do
santuário em conexão com a controvertida mensagem de
justificação pela fé de 1888. Cada verdade complementava
a outra. Houve uma desesperada necessidade por mais profundo
entendimento do evangelho eterno com relação ao Dia da
Expiação:
"Estamos no dia da expiação, e devemos operar em
harmonia com a obra de Cristo de purificação do santuário.
. . . Devemos agora apresentar perante as pessoas a obra que
pela fé vemos nosso grande Sumo-sacerdote realizando no
santuário celestial." (RH, 21 de janeiro de 1890).
"A obra mediatória de Cristo, os grandes e santos
mistérios da redenção, devem ser estudados e compreendidos pelo povo que reivindica ter luz superior a
todos os outros povos sobre a face da Terra. Estivesse Jesus
pessoalmente sobre a Terra, Ele teria se dirigido a um número
maior dos que reivindicam crer na verdade presente com as
palavras com que Se dirigiu aos fariseus: 'Errais não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus'. . . .
"Há velhas, contudo novas verdades para serem ainda
acrescentadas aos tesouros de nosso conhecimento. Não
compreendemos ou exercemos fé como deveríamos. . . . Não
somos chamados para adorar e servir a Deus pelo uso de meios
empregados em anos anteriores. Deus requer agora serviço mais
elevado do que nunca antes. Requer o desenvolvimento dos dons
celestiais. Ele nos tem posto numa posição em que precisamos
de coisas melhores e mais elevadas do que nunca antes se
deu." (ibid., 25 de fevereiro de 1890).
"Temos estado ouvindo Sua voz mais distintamente na
mensagem que tem avançado pelos últimos dois anos. . . .
Temos somente começado a obter um pequeno lampejo do que seja
a fé." (ibid., 11 de março de 1890).
É, pois, evidente que:
1. A mensagem de 1888 foi "luz" que os irmãos
não haviam visto nem apresentado "até então".
2. Era o nosso "alimento no tempo
certo"--alimento para hoje, não o maná restaurado de
ontem.
3. Ellen White ouvira em Mineápolis pela primeira vez uma
exposição doutrinária do que estivera "tentando
apresentar" o tempo todo -- os incomparáveis encantos de
Cristo à luz de Seu ministério do Dia da Expiação. Nenhum
outro lábio humano o havia pregado.
4. Ela reconheceu em E. J. Waggoner um agente empregado
pelo Senhor para uma revelação avançada da verdade a Seu
povo e ao mundo.
5. A "verdade" da terceira mensagem angélica
não havia sido compreendida pelos nossos pastores porque eles
não tinham avançado em entendimento como deveriam ter feito
há quarenta e quatro anos após o início da purificação do
santuário. Em vez disso, luz adicional havia sido omitida do
povo.
6. Os irmãos na época entenderam o apoio dela a Waggoner
e Jones como uma recomendação da nova luz que
traziam. Não foi um chamado a seu entendimento original das
"doutrinas estabelecidas". Opunha-se à mera
reiteração de antigos entendimentos. Caso os irmãos Butler,
Smith e outros assim o entendessem, não a teriam fortemente
defendido, em lugar de se oporem a ela, como o fizeram?
7. Portanto, o que os irmãos rejeitaram foi o chamado para
"mudanças bastante decisivas". Eles não recusaram recuar; recusaram avançar. Assim, tentaram
permanecer parados -- algo bem difícil para qualquer exército
que está em marcha.
A Luz de 1888 e o Começo da Luz Maior
Ellen White freqüentemente falava da certeza de que o
Senhor enviaria nova luz se e quando o Seu povo estivesse
disposto a recebê-la. O trágico "se e quando" é
necessário apenas porque o novo vinho deve ter novos odres, e
isso significa uma crucifixão do eu (cf. Mateus 9:16,
17):
"Se pela graça de Cristo o Seu povo tornar-se
novos odres, Ele os encherá com o novo vinho. Deus concederá luz adicional, e velhas verdades serão
recuperadas e recolocadas no edifício da verdade; e onde quer
que os trabalhadores forem, triunfarão. Como embaixadores de
Deus, devem pesquisar as Escrituras para buscar as verdades
que têm estado ocultas sob o entulho do erro." (ibid.,
23 de dezembro de 1890).
"Uma grande obra deve ser feita, e Deus vê que
nossos irmãos dirigentes têm necessidade de luz maior, para
que possam unir-se harmonicamente com os mensageiros a quem
Ele enviará para realizar a obra que Ele determina que
realizem." (ibid., 26 de julho de 1892).
Pode haver qualquer dúvida de que a mensagem de 1888 foi o
começo da mensagem do quarto anjo, que une a sua voz com a do
terceiro anjo? Nem o The Fruitage of Spiritual Gifts
[Os frutos dos dons espirituais] (Christian), o Captains of
the Host [Capitães da hoste] (Spalding), o Through
Crisis to Victory [Através da crise à vitória] (Olson),
o The Lonely Years [Os anos de solidão] (A. L. White),
nem a recente "Declaração" do Patrimônio White
inserido em Selected Messages [Mensagens escolhidas],
Vol. 3, (pp. 153-163), faz uma única alusão a esse fato. O
mesmo é verdade quanto ao artigo sobre a assembléia de 1888
na edição da primavera de 1985 de Adventist Heritage
[Herança adventista]. Nossa Seventh-day Adventist
Encyclopedia [Enciclopédia adventista do sétimo dia]
discute a mensagem de 1888 em vários artigos, mas nunca a
reconhece pelo que foi (pp. 634, 635, 1086, 1201, 1385).
Essa omissão de verdade vital é impressionante.
Assemelha-se à prontidão dos judeus em reconhecer Jesus de
Nazaré como um grande rabino, enquanto deixam de vê-Lo como
o Messias. Mas a lógica e a coerência requerem esta manobra
especial por aqueles que insistem em dizer que a mensagem de
1888 foi aceita. Precisam virtualmente ignorar o fato de que a
mensagem foi o começo da chuva serôdia e do alto clamor, ou
terão que explicar como uma obra que deveria ter-se
espalhado "como fogo na palha seca" tem se arrastado
por quase um século, quando poderia ter iluminado o mundo
há muito tempo se "nossos irmãos" a tivessem
verdadeiramente aceito (Carta B2a, 1892; GCB 1893, p. 419).
Observem como Ellen White viu claramente a mensagem de 1888
à luz de Apocalipse 18:
"Várias pessoas me têm escrito, indagando se a
mensagem de justificação pela fé [de 1888] é a mensagem
do terceiro anjo, e tenho respondido: "É a mensagem do
terceiro anjo em verdade". O profeta declara: "E
após isso vi outro anjo descendo do céu, tendo grande poder;
e a terra foi iluminada com a sua glória."
[Apocalipse 18:1] (RH, 1º de abril de 1890).
"O alto clamor do terceiro anjo já começou na
revelação da justiça de Cristo. . . Este é o começo da
luz do anjo cuja glória encherá toda a terra." (ibid.,
22 de novembro de 1892).
Se essa tremenda mensagem deve ser proclamada pelos
reavivalistas protestantes populares, não temos razão de
existir como um povo especial.
A Luz Apagada do Alto Clamor
O Senhor é misericordioso e longânimo, e pronto a
perdoar. Ele restaura o que se perdeu sob condição de
arrependimento. Mas não podemos permitir que a confusão
neutralize a parábola de 1888.
Se aqueles que se opuseram à luz em Mineápolis mais tarde
se arrependessem verdadeiramente e obtivessem o perdão, por
que não foi o propósito original da mensagem de 1888
cumprido? É certo que não houve reavivamento e reforma
coerente em escopo e efeito com o que viria, caso a luz
tivesse sido aceita. O Senhor não enviou mais luz além
daquele fatídico "começo". Podemos perguntar, por
quê?
Em ocasião alguma entre 1888 e 1901 a liderança
responsável da Igreja manifestou um firme propósito de
retificar o trágico erro de 1888. Dúvida, suspeita,
desconfiança da mensagem e dos mensageiros prosseguiram mesmo
por décadas.
Conquanto essa tragédia tenha se passado, não há
necessidade de concluir que o Senhor retirou Suas bênçãos
de Seu povo. O que foi desprezado e rejeitado foi a chuva
serôdia, mas a chuva temporã tem continuado a cair.
Inumeráveis almas têm sido conduzidas ao Senhor durante o
século passado -- inclusive cada leitor deste livro. Nenhuma
pessoa que teve parte na história de 1888 está vivendo hoje.
Deus não Se esqueceu do Seu povo. Mas nossa atitude atou
Sua mãos, tornando impossível que Ele enviasse mais
derramamento de chuva serôdia. Ele não poderia e não
desejou lançar Suas pérolas mais preciosas perante aqueles
que não reverenciam Sua graça mais abundante. Portanto,
essas chuvas da chuva serôdia cessaram após o derramamento
inicial ter sido persistentemente repudiado. Ele não está
além da capacidade de ser ofendido.
Num sermão que despertou a reflexão, em linguagem quase
cifrada, Ellen White falou de como Elias foi alimentado por
uma viúva fora de Israel porque os que se achavam em
Israel e que tinham luz não viveram à altura dela.
"Eles eram o povo de mais dura cerviz no mundo, os mais
difíceis de impressionar com a verdade", disse. O
sírio Naamã foi purificado da lepra enquanto os israelitas
leprosos permaneciam contaminados. Quando os habitantes de
Nazaré se levantaram contra o Filho de Maria,
"alguns" estavam prontos para aceitá-Lo como o
Messias, mas uma influência "pressionou-os" a
abafar a sua convicção. Essas foram ilustrações de nossa
história de 1888:
"Mas aqui uma condição de descrença se levanta:
Não é este o filho de José? . . . O que fizeram eles em sua
loucura? 'Levantaram-se e O expulsaram da cidade'. Aqui desejo
dizer-vos quão terrível coisa é quando Deus concede luz, e
ela impressiona o coração e espírito. . . Ora, Deus foi
aceito em Nazaré por alguns; o testemunho aqui esteve de que
Ele era Deus; mas uma influência contrária pressionou-os
. . . o que levaria os corações a descrer." (Ms. 8,
1888; Olson, pp. 263, 264).
Essa "influência contrária" é um fator
significativo em nossa história de 1888. Dois dias antes ela
havia advertido que os passos da descrença que se haviam dado
comprovar-se-iam finais para aquela geração no tocante a luz
adicional da chuva serôdia:
"Estamos perdendo muitas bênçãos que poderíamos
ter tido nesta assembléia [Mineápolis], porque não
avançamos em nossos passos na vida cristã, como nosso dever
é apresentado perante nós; e essa será uma perda eterna."
(ibid., Olson, p. 257).
"Essa luz que deve encher toda a Terra com a sua
glória foi desprezada por alguns que reivindicam crer na
verdade presente. . . . Eu não sei, mas alguns têm até
agora ido longe demais para retornarem e se arrependerem."
(TM 89, 90; 1896).
"Se esperais que luz venha numa maneira que agrade
a todos, esperareis em vão. Se esperardes por chamados mais
altos ou melhores oportunidades, a luz será retirada, e
sereis deixados em trevas." (5T 720).
Falando de uma reunião de líderes e ministros em 1890,
Ellen White revelou o patético quadro de Jesus sendo
rejeitado tal como a enamorada em Cantares de Salomão 5:2ss
fez o seu amado afastar-se: "Cristo bateu à porta em
busca de entrada mas não houve lugar para acolhê-Lo, a porta
não foi aberta e a luz de Sua glória, tão próxima, foi
retirada" (Carta 73, 1890).
A Fonte de Incompreensão Reformacionista
Esforços zelosos por décadas para descartar a mensagem de
1888 como "nova luz" tende a desviar atenção
favorável da própria mensagem para os conceitos populares
não-adventistas do protestantismo. Esse foi o caso por quase
sessenta anos, começando em torno dos anos da década de
1920. Christ Our Righteousness [Cristo, Justiça
nossa], de A. G. Daniells em 1926 não percebeu nada peculiar
na mensagem de 1888, mas equivocadamente interpretou-a como
estando "em perfeita harmonia com o melhor ensino
evangélico [não-adventista]" (Pease, By Faith Alone
[Pela fé somente], p. 189).
Essa longa tradição tem, indubitavelmente, lançado os
fundamentos do êxito de correntes atuais de conceitos de
justificação pela fé semelhantes aos mantidos pelos
teólogos calvinistas "reformacionistas". Se os
não-adventistas possuem a verdade quanto à justificação
pela fé, temos que necessariamente importar deles a verdade. Mas
no processo de fazê-lo, as verdades de 1888 têm sido
negligenciadas, e mesmo sido opostas.
O que se segue tipifica esta posição amplamente acatada.
Ela confunde seriamente as posições reformacionistas com a
mensagem de 1888. Eis um exemplo do venerável fundamento
sobre que repousa a fenomenal confusão de décadas
recentes:
"A justificação pela fé [de 1888] não era nova
luz. Há os que têm mantido a errônea idéia de que a
mensagem da justiça de Cristo era uma verdade desconhecida
ao movimento adventista até o tempo da assembléia de
Mineápolis, mas o fato é que nossos pioneiros a ensinavam
desde o princípio mesmo da Igreja do advento. Quando eu era
um jovem pregador, ouvi por diversas vezes nossos veteranos,
como J. G. Matteson e E. W. Farnsworth, declararem que
justificação pela fé não era um ensinamento novo em nossa
Igreja." (Christian, The Fruitage of Spiritual
Gifts [Os frutos dos dons espirituais], pp. 225, 226).
É triste dizer que alguns desses "veteranos"
não eram receptivos à luz crescente de 1888. Essa
insistência em que a mensagem de 1888 não era nova luz foi a
insígnia familiar da oposição dessa época. Não
muito depois da assembléia de Mineápolis, R. F. Cottrell
escreveu um artigo para a Review atacando a mensagem de
1888, perguntando: "Onde está a Nova Ruptura?" (RH,
22 de abril de 1890). W. H. Littlejohn igualmente atacou a
mensagem com um artigo em 16 de janeiro de 1894, intitulado,
"Justificação Pela Fé Não é Nova Doutrina".
Ambos deixavam de reconhecer o que estava acontecendo em seus
dias -- a iniciação da chuva serôdia.
Alguns autores têm citado isoladamente declarações de
Ellen White, distorcendo-as, em apoio à mesma tese de
oposição--de que não se tratava de nova luz. Mas ela não
se contradiz nesse importante ponto. Examinemos as
declarações empregadas em apoio à posição de
"reiteração". Devemos conceder-lhes uma justa
atenção:
"O Pr. E. J. Waggoner teve o privilégio [em
Mineápolis] da concessão de falar claramente, apresentando
suas posições sobre justificação pela fé e a justiça de
Cristo com relação à lei. Isso não era nova luz, mas a
velha luz colocada onde deveria estar na terceira mensagem
angélica. . . Não era nova luz para mim, pois me havia vindo
de autoridade mais elevada pelos últimos quarenta e quatro
anos." (Ms. 24, 1888; 3 SM 168; Olson, p. 48).
"Obreiros na causa da verdade deveriam apresentar a
justiça de Cristo, não como nova luz, mas como preciosa luz
que por um tempo foi perdida de vista pelo povo."
(RH, 20 de março de 1894; Olson, p. 49).
Essas declarações não dizem que a mensagem de 1888 em
sua plenitude não foi a nova luz da chuva serôdia e do
alto clamor. No contexto, a declaração do Ms. 24, de 1888
foi escrita para refutar o preconceito de irmãos oponentes
que depreciavam a mensagem como meramente uma novidade de
origem humana. Toda luz é eterna; nenhuma é estritamente
"nova". Mas era certamente novo para os nossos
irmãos em 1888 e para as nossas congregações. E teria sido
novo para o mundo se a houvéssemos proclamado!
E seja o que foi a luz de 1888, nova ou velha, é óbvio
que ninguém mais a havia pregado entre nós durante aqueles
"últimos quarenta e quatro anos" (Ms. 5, 1889; MS.
15, 1888; Olson, p. 295). Mais adiante, no manuscrito de 1889,
Ellen White declarou que a mensagem inteira de 1888
provar-se-ia realmente "nova luz" se a comissão
evangélica devesse ser terminada naquela geração:
"Perguntas foram feitas naquela época: "Irmã
White, acha que o Senhor tem alguma nova e aumentada luz para
nós como um povo?" Eu respondia: "Certamente. Não
só penso assim, mas posso falar com entendimento. Sei que
há preciosa verdade a ser-nos desdobrada se somos o povo que
deve permanecer de pé no dia da preparação de Deus."
(3SM 174).
Os adventistas do sétimo dia não devem cultivar a
reputação de serem inventores de novas doutrinas, mas
reparadores de brecha, restauradores de veredas para nelas
habitar, descobridores dos velhos caminhos. Tal apresentação desarmará o preconceito, enquanto a
apresentação da verdade como algo inventado há pouco
despertará oposição.
Mas isso não nega que a mensagem de 1888 foi uma
revelação avançada para a igreja. Conquanto a convicção
de Ellen White gradualmente se aprofundasse no sentido de que
se tratava do cumprimento da profecia de Apocalipse 18, ela
via como se harmonizava com o conceito peculiar da
purificação do santuário celestial. Esse era o cérebro da
mensagem.
Esta é uma verdade que os sinceros amigos protestantes
nunca compreenderam. Poderia uma razão disso ser que nós
jamais a tornamos clara a eles?
É chocante aos judeus ortodoxos que têm orado pela vinda
do seu Messias reconhecer que Ele veio há muito tempo mas foi
rejeitado por seus antepassados. Não é menos chocante aos
adventistas do sétimo dia que se mantêm orando pelo
derramamento da chuva serôdia reconhecer que a bênção veio
um século atrás, mas foi rejeitada por seus antepassados.
__________
1. Não há evidência de que Ellen White assumisse a missão
de Jones e Waggoner, assim fazendo-os redundantes. Contudo, a
idéia comumente prevalecente hoje é de que a mensagem deles
é redundante porque Ellen White escreveu após 1888 a luz que
eles foram comissionados a trazer à igreja e ao mundo. Ela apoiava
a mensagem deles porque era o que estivera "tentando
apresentar", ou seja, "os incomparáveis encantos de
Cristo". Mas ela nunca alegou que o Senhor lhe havia
imposto o encargo de proclamar a mensagem do alto clamor. A
maior parte de Steps to Christ [Caminho a Cristo] foi
escrita antes de 1888 e compilada depois. Dizer que não
necessitamos da mensagem de 1888 por dispormos de seus
escritos é contradizer sua própria mensagem.