Pecado Contra o Espírito Santo: Forte Argumento contra a Trindade

Como participante do debate sobre a "questão trinitariana" dentro da IASD, quero oferecer mais uma contribuição ao lado dos anti-trinitarianos.

Todos sabemos que os trinitarianos têm o Espírito Santo como uma terceira pessoa, além das outras duas que reconhecidamente a Bíblia apresenta: o Pai e o Filho. Para entendermos o erro trinitariano, vou abordar o assunto "trindade" sob a ótica do pecado contra o Espírito Santo. Todos temos ciência de que o pecado contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável. Este é um ensino que saiu da boca  do próprio Cristo, o Filho de Deus.  Segundo Cristo, "todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens."  S. Mateus 12:31

Entendido e crido que o pecado contra o Espírito Santo é imperdoável, todo cristão deve ter extrema preocupação em saber no que consiste este pecado tão ofensivo. Nós , os anti-trinitarianos somos os primeiros que devemos nos  preocupar com a questão, pois, estamos categoricamente negando a pessoalidade do Espírito Santo.  Para nós, o Espírito Santo não é a terceira pessoa da trindade, igual ao Pai e ao Filho.

Nós cremos e ensinamos que o Espírito Santo é simplesmente o Espírito do nosso Deus, o Pai.  Se estivermos errados, ao negarmos o Espírito Santo como a terceira pessoa da trindade, certamente pecamos contra o Espírito Santo e não podemos ser jamais perdoados. 

Com essa preocupação em mente, temos então a obrigação de colocar de lado todo o nosso preconceito e buscar a verdade com perseverança, seja ela qual for.  

A  Bíblia ao falar sobre o pecado imperdoável, ela o faz de uma maneira que tira todas as  dúvidas. Nós podemos até aceitar a possibilidade da existência de um tipo de pecado contra o Espírito Santo que seja progressivo; que partindo de um pecado inicial, sendo este continuado por muito tempo, chega finalmente ao ponto de provocar o definitivo afastamento do Espírito de Deus. No entanto, esse tipo de pecado progressivo, constante, que também é chamado pecado contra o Espírito Santo, não está claramente apresentado na Palavra de Deus.

Por outro lado, a Bíblia apresenta um tipo de pecado contra o Espírito Santo que acontece uma única vez e que traz conseqüências imediatas: a perdição eterna. Esse pecado repentino, praticado uma única vez, acontece quando alguém, por falta de temor de Deus no coração, atribui ao demônio, obras que estão sendo realizadas pelo próprio Deus. Foi o que aconteceu no incidente relatado por S. Mateus no capítulo 12. 

Jesus havia expulsado os demônios pelo poder de Deus que havia nele e quando os fariseus atribuíram o milagre ao poder do  demônio, cometeram o pecado contra o Espírito Santo. Os fariseus erraram na identificação da origem dos milagres de Cristo e não tiveram a prudência de esperar outras condições para firmar suas convicções. Intempestivamente concluíram que o poder que estava em Cristo era o de Satanás. O pecado contra o Espírito Santo fora instantaneamente cometido.  

Todo o processo do incidente nos leva a entendermos algumas questões práticas. Uma primeira  questão que aponto, é a clara apresentação de uma distinção entre as pessoas do Pai e do Filho.  Pecado cometido contra a pessoa do Filho pode ser perdoado; o mesmo não acontece com o pecado cometido contra a pessoa do Pai.  

Essa verdade bíblica, se opõe frontalmente à uma das afirmações do dogma trinitariano: a plena igualdade das três pessoas divinas. No caso relatado pelo apóstolos S. Mateus, pecar contra o Pai, não é o mesmo que pecar contra o Filho. O resultado distinto do pecado cometido contra o Pai e contra o Filho, claramente demonstra que existe um tipo de diferença entre os dois, que joga por terra a idéia trinitariana de igualdade plena entre as pessoas divinas. Dizer que a diferença visível está determinada pela condição humana de  Cristo, é um argumento muito pobre e que leva à um complicador maior ainda: havia então dois Cristos: um humano que podia ser ofendido, e outro divino que não.

À luz das Escrituras é possível construir uma  melhor resposta para a questão. A Bíblia ensina que é o Pai que realiza o trabalho de conduzir alguém para os pés de Cristo.  Disse Jesus: 

"Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."   S. MATEUS 6:44,    

"E dizia: por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido."   S. JOÃO 6:65,  

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora." S. JOÃO 6:37.  

Já é possível começar a entender no que efetivamente consiste o pecado contra o Espírito Santo. Este é a impossibilidade provocada pelo próprio homem da atuação em seu coração do Espírito de Deus.  Sendo o Pai, que através do seu Santo Espírito, atua no coração humano para levar a pessoa para Cristo; quando essa  pessoa  deliberadamente não reconhece a autoridade do Pai, em qualquer situação, ela impede que o Pai, através do seu Espírito Santo, possa  fazer alguma coisa; como por exemplo, conduzí-la até o Salvador.  

A Bíblia não permite que nós entendamos o assunto de outra maneira.  O apóstolo S. Paulo foi muito clarO quando afirmou que o sentimento do arrependimento  é dado por Deus:   

"E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida. "  ATOS 11:18,  

"Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte."   CORÍNTOS 7:10,  

"instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade  "   TIMÓTEO II 2:25.  

Sendo que tudo vem de Deus: o Filho, o arrependimento, o perdão, a vida eterna, "E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida. "  ATOS 11:18,  

"Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte."   CORÍNTOS 7:10,  

"Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade." TIMÓTEO II 2:25.

Sendo que tudo vem de Deus: o Filho, o arrependimento,  o perdão, a vida eterna, quando alguém não reconhece a autoridade do Pai, o Espírito do Pai fica impedido de atuar em seu coração.

Enquanto o homem não atribui ao demônio aquilo que está sendo realizado pelo poder de Deus, o Todo Poderoso continua a trabalhar em seu coração e só pára quando ocorre a morte de sua criatura.  Isso explica a aceitação de Cristo por pessoas que viveram anos e anos no pecado até que um dia resolveram ouvir a voz de Deus. Explica também a contumaz rejeição da  voz de Deus por outras pessoas que resistem ao chamado até a morte.

Posso até imaginar a possibilidade de um tipo de pecado contra o Espírito Santo que seja progressivo, demorado e intermitente, no entanto, o clássico pecado contra o Espírito Santo que a Bíblia ensina, é aquele cometido uma única vez e que acarreta imediatamente conseqüências eternas.

"Está escrito nos profetas: e serão ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim." S. JOÃO 6:45,  

"Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma lançarei fora." S. JOÃO 6:37.  

Para nós, os anti-trinitarianos, o Espírito Santo é o próprio Pai, mas não em pessoa e sim em Espírito. -- Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de vinte anos, excluído da igreja em 29/11/2003, por não crer na doutrina católica da trindade e falar contra ela.


Editor do Arquivo X da IASD Discorda

Estimado irmão Elpídio,

Achei interessante sua argumentação no artigo "Pecado contra o Espírito Santo: Forte argumento contra a Trindade", mas penso que o senhor foi um pouco longe demais em suas conclusões. Concordo plenamente quando afirma que só podemos ir a Jesus, o nosso Salvador, se o Pai primeiramente o trouxer, pois a Bíblia é muito clara neste sentido (João 6:44). Concordo também com sua conclusão de que se rejeitarmos a influência do espírito de Deus (ou espírito Santo) em nossa vida, não resta nenhuma esperança para nós, pois somente em Jesus (para onde o Pai está nos atraindo) é que pode existir salvação (Atos 4:12).

Embora seja também um anti-trinitariano convicto, não consegui ver nos textos que mencionam o pecado contra o Espírito Santo um argumento tão forte assim contra a trindade. É claro que o entendimento do pecado contra o espírito Santo (ou espírito de Deus) se torna muito mais coerente se conciliado com o conceito bíblico de um só Deus, o Pai, e de um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6). Porém, um trinitariano poderia facilmente contra argumentar explicando que no plano da salvação as três pessoas divinas, embora coeternas e iguais, possuem funções diferentes, de forma que, o papel da terceira pessoa da trindade é nos convencer do pecado, e portanto, se rejeitamos sua influência estamos perdidos, pois jamais seremos conduzidos ao verdadeiro arrependimento.

Mas o ponto em sua conclusão que gostaria de destacar como indo longe demais, é a parte onde o senhor afirma: “... o clássico pecado contra o Espírito Santo que a Bíblia ensina, é aquele cometido uma única vez e que acarreta imediatamente conseqüências eternas”.

Não posso concordar com esta conclusão, pois ela dá a entender que um único pecado ou blasfêmia contra o Pai pode resultar em perdição eterna. Será que o Pai é tão intransigente assim? Este pensamento não nos levaria a errônea conclusão de que Jesus é longânimo e paciente, mas o Pai é duro e intransigente? Jesus afirmou: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:9), então como posso sustentar o conceito de que o Filho perdoa mais que o Pai. Se não existe somente um pecado ou blasfêmia que ao ser dirigido contra Jesus venha nos colocar em eterna perdição, assim também não existe um pecado específico e único contra o Pai que jamais possa ser perdoado.

A mensagem de toda a Bíblia é de que Deus (YHWH), o Eterno, é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se, e grande em bondade, perdoando o pecado e a rebeldia (Êxo. 34:6 e 7), e tudo isto até mil gerações (Êxo. 20:6). É por estas milhares de razões que só consigo entender o pecado contra o espírito de Deus como nossa insistente e contínua rejeição à Sua obra de nos levar até Jesus, o Salvador.

Entendo o episódio bíblico onde Jesus menciona o pecado contra o espírito Santo, como um solene alerta aos líderes judeus, pois caso continuassem insistindo em rejeitar a convincente operação do espírito de Deus em lhes apontar com clareza que ali estava o Seu Filho amado, o Messias prometido, eles todos, mais cedo ou mais tarde, se tornariam insensíveis ao poder de Deus, cauterizando assim suas consciências de forma definitiva e permanente. Este, no meu entender, é o pecado imperdoável!

Peço a permissão para colocar em meu site o seu artigo. Ele será incluso na seção "De olho na lição da escola sabatina", como um comentário para a parte de 4ª feira. Logo abaixo dele, pretendo colocar as observações que fiz acima. Estarei no aguardo de sua resposta.

Um forte abraço,

Irmão X, editor do http://www.arquivoxiasd.com.br.


Resposta do Irmão Elpídio

Querido irmão X,  

Antes de mais nada quero demonstrar minha admiração pelo seu trabalho e aproveito para dizer  que a admiração será muito maior quando o irmão puder deixar o anonimato.  

Em relação ao seu questionamento, com base nisso que o irmão escreveu:  

"Porém, um trinitariano poderia facilmente contra argumentar explicando que no plano da salvação as três pessoas divinas, embora coeternas e iguais, possuem funções diferentes, de forma que, o papel da terceira pessoa da trindade é nos convencer do pecado, e portanto, se rejeitamos sua influência estamos perdidos, pois jamais seremos conduzidos ao verdadeiro arrependimento."   

Eu diria para o trinitariano que o pecado contra o Espírito Santo que a Bíblia apresenta, deita por terra a suposta igualdade essencial, natural e substancial que a doutrina da trindade prega haver entre as três pessoas divinas.Se as três pessoas divinas são essencialmente, naturalmente e substancialmente iguais, então não poderia haver distinção ao se pecar contra qualquer uma delas. Se a Bíblia diferencia as pessoas divinas tendo como base o pecado, é porque, existem diferenças entre elas, que não podem ser explicadas apenas pelas suas "funções" no plano da salvação.  

Em São Mateus se percebe com clareza que o pecado cometido e que foi classificado como imperdoável, foi um pecado cometido contra Deus, o Pai. No caso, o pecado se constituiu na blasfêmia de atribuir ao diabo aquilo que o próprio Deus estava realizando. Não posso negar o que está escrito. Esse tipo de pecado não pode ser cometido contra o Filho, pois todas as obras que Cristo fez e ainda faz, as fez e as faz não pelo seu poder, mas pelo poder de seu Pai.  

Esse tipo de pecado também não posso cometer contra o Espírito Santo, como uma suposta terceira pessoa, pela condição simples da não existência dessa terceira pessoa. Portanto, o pecado contra o Espírito Santo, dada as condições peculiares do Pai e do Filho no plano da salvação, só pode ser cometido contra o Pai e nunca contra o Filho. "O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma" e por isso, nunca poderá ser atribuído ao demônio, algo que esteja sendo feito pelo poder próprio do Filho, e assim, esse tipo de pecado nunca poderá ser cometido contra o Filho.  

Diria também ao trinitariano que, o pecado contra o Espírito Santo, não é cometido contra a "função" da pessoa no plano da salvação e sim, contra a própria pessoa e esse tipo de pecado, só poderia ser cometido contra quem, que após a encarnação de Cristo, é o único que possui em si mesmo os atributos da divindade. Os atributos que Cristo possuía em si mesmo, ele os aniquilou para se tornar homem.  

O irmão também comparou as pessoas do Pai e  do Filho e acertadamente disse que por ser Filho  a "expressa imagem do Pai", o Pai é a fonte e a inspiração do amor de Cristo para com os homens pecadores e que, seria contraditório o Pai ser implacável com alguém que peca contra ele e o Filho demonstrar para com os pecadores misericórdia infinita. Eu digo que não tenho condições de fazer esse tipo de julgamento; de dizer para Deus o que é correto Ele fazer ou deixar de fazer.  

Vejo na Bíblia e no Espírito de Profecia inúmeros exemplos de pessoas que foram prontamente fulminadas por se oporem à vontade de Deus. Cito o caso de Coré, que após dizer que foi pelo poder do inimigo que Moisés tirou o povo do Egito, recebeu da parte de Deus uma pronta condenação. Eu não posso colocar Deus no banco dos réus. Simplesmente tenho que aceitar o que sua Palavra revela. Se a Bíblia diz que uma ofensa direta contra a pessoa de Deus, nos moldes da que São Mateus mostra, é imperdoável, a mim compete simplesmente aceitar o que a Escritura diz.  

Também acrescento, que Cristo é a insuperável prova do amor de Deus para com os homens e quando um homem zomba de Deus, que está se revelando na pessoa do seu Filho, o Filho não pode interceder por essa pessoa, pois ela está abominando o perdão que não vem do Filho, mas do Pai que ele conscientemente ou não, está rejeitando. O Filho não perdoa ninguém, quem perdoa é o Pai. É o Pai o autor da lei. É ao Pai que o homem ofendeu e é do Pai que ele deve buscar o perdão. Se uma pessoa nega o Pai, jamais terá o Filho. Se uma pessoa nega o Filho, jamais terá o Pai. Não nos aproximamos de um sem o outro. O Pai dá o perdão a aquele que aceita o sacrifício do Filho e ao Filho é conduzido por Deus aquele que escuta Sua voz. Em resumo, é Deus quem opera tudo, todo o processo da salvação. Por isso, é tão grave atribuir ao demônio aquilo que Deus faz.-- Elpídio da Cruz Silva, adventista há mais de vinte anos, excluído da igreja em 29/11/2003, por não crer na doutrina católica da trindade e falar contra ela.

Série de artigos do mesmo autor (Irmão Elpídio):

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