Colportagem e Literatura Denominacional

 

1. Proclamada como "a obra do quarto anjo", a colportagem adventista é um símbolo de sobrevivência da verdade nos nossos dias. Nela, homens e mulheres valorosos, renunciam conforto e saem para pregar, de porta em porta, a mensagem adventista, divulgando nossos livros.

Em meus oito anos de colportagem, obtive experiências das mais profundas com a providência e inspiração divinas, como grande auxílio nesta obra.

Os colportores enfrentam, depois dos ataques de Satanás e o pecado, que tenazmente nos assedia, outro grande inimigo: o alto preço dos livros, devido principalmente às pequenas tiragens e alto custo operacional da CPB (empresa visada e constantemente visitada pela fiscalização).

Diria ainda que a CPB é uma empresa que existe, na dimensão em que se encontra, pela desobediência a conselhos de EGW, cujos livros ela própria edita e detém seus direitos autorais em português. Essas orientações determinam que deveria haver várias pequenas casas editoras em todo o mundo. 

As grandes concentrações sempre foram prejudiciais, de acordo com EGW. Igrejas e instituições não deveriam ser ponto de grandes concentrações de adventistas como em Batle Creek e no Capão Redondo-SP. Deus recomenda editoras simples e funcionais, de liberdade da expressão, de custos baixos e gente trabalhando com habilidade. Mas tudo foi por àgua abaixo por causa do desejo de homens dominarem os homens.

2. Apesar de tudo a colportagem segue avante e Deus se revela intensamente aos colportores e mediante seu trabalho.

Mas as dificuldades financeiras que eles enfrentam fazem com que ninguém queira ser colportor. O sistema de vender para o SELS e este superfaturar o preço com lucro absurdo, para poder continuar a manter o caro sistema de cursos, pastores, assistentes, etc, gera uma dificuldade que poderá futuramente ser sanada e já se observam tentativas nesta direção.

Apesar de caro, o sistema de SELS é imensamente necessário para motivação de colportores e contratação dos mesmos. Um assistente consagrado pode muito ser útil para estimular o trabalho.

Houve um tempo em que o caráter missionário da colportagem se perdeu. Os colportores só vendiam livros sobre saúde, comportamento e relacionamento, esquecendo-se que esse tipo de mensagem é somente uma maneira de se quebrar o preconceito, ganhar a confiança e introduzir um livro com a Verdade Presente.

Quando só se vendiam livros de saúde, o meio havia se tornado o fim. Mas com a publicação de novos livros religiosos, como os do Bullón, foi resgatada a finalidade evangelística da colportagem. Talvez, a falta de uma mensagem atualizada, em roupagem adequada, linguagem e necessidades de hoje, tenha sido uma das causas desse desvio anterior da colportagem.

Mesmo assim, o preço dos livros da CPB é muito alto em relação ao mercado. Deveríamos rever o sistema de cálculo desses valores para podermos ser competitivos e, assim, espalhar os livros “como folhas de outono”. Assim, estaremos possibilitando que o colportor obtenha seu sustento mais facilmente para que este não seja pesado nas casas de irmãos em que se hospeda nem dependa da misericórdia das Dorcas.

Vivemos num país pobre, deveríamos nos lembrar sempre disso, ao produzir literatura. O Anto Testamento defende o pobre. Afirma Deus ama os pobres. Nosso sistema deveria amá-los também, tornando-os objeto de nossos esforço evangelístico pela colportagem. As Testemunhas de Jeová nos dão um verdadeiro espetáculo quanto a baixar custos e difundir suas mensagens. Que tal aprendermos isto com eles? Que tal imitarmos o que eles têm de bom?

A CPB se tornou também uma espécie de God-B, "Gráfica Oficial de Deus no Brasil", tendo como monopólio uma espécie de "selo de qualidade" semelhante ao "imprimatur" do Vaticano. Muitos membros, antes de qualquer leitura, perguntam se tal livro é da CASA, como se a CPB fosse isenta de erros ou a verdade não possa ser impressa em oputras gráficas. Sim, muitos trabalhos maravilhosos foram ali editados, mas muitos deixaram de ser por medo, opressão e falta de liberdade de expressão.

A Revista Adventista é claramente tendenciosa e parcial. Existem padrões de abordagem e proibições de enfoque bem demarcados que dificilmente alguém consegue ser sincero, escrevendo ali. Se a mornidão de Laodicéia causou ânsia de vômito em Jesus, devemos dar mais liberdade de expressão a nossos escritores para que os artigos e notícias não sejam sempre tão convenientes e cúmplices do sistema.

Pastores há que para se promoverem ou garantirem a permanência do quadro a que pertencem, enviam artigos exagerados de batismos e outros eventos promovidos, com fotografias lisonjeiras. Muitos querem se projetar mais do que a mensagem em si. Encontros enfadonhos e inúteis para quem participou são fotografados e destacados com títulos enganadores. A revista é como um relatório de que os líderes estão fazendo algo, mesmo que isso não resolva nem conserte nada.

Na colportagem, as revistas estão em baixa. A medicina é abordada de modo quase idêntico ao do mundo.

Em meio a tudo isto, os colportores insistem, seja por fé ou por falta de opção, sofrendo mais do que qualquer membro desta Igreja.

3. Sugestões

Jesus mandou que os evangelistas saíssem de dois em dois, não que o preço do livro fosse multiplicado por dois! A colportagem deve recomendar a venda em dupla, mas prover meios para que, ao trabalharem de dois em dois, os colportores ainda assim consigam bom resultado financeiro, sem prejudicar o bolso das almas que queremos ganhar para Cristo.

Não podemos vê-los como egípcios que nos escravizaram, dos quais devemos arrancar despojos, nem como perduladores, que vão gastar o dinheiro com cervejas. Devemos ser conscienciosos e justos. O custo de vida é alto no Brasil em relação a média salarial. Que Verdade esperamos nos creditar ao sermos injustos no preço de um livro?

Já que a concentração de poder corrompe e, nos dias de EGW, Deus até enviou um anjo para atear fogo  a uma de nossas editoras, a CPB deveria ser vendida e terceirizado todo o seu serviço, rateando-se os custos de produção e impressão entre os Campos.

Cada Campo no Brasil poderia se incumbir de um segmento ou  de certos livros. Editoras pequenas e funcionais deveriam existir em vários lugares. Essas editoras contratariam colportores que obteriam o sustento para todos dali.

O relacionamento íntimo e direto do colportor com o editor proporcionaria mais completa harmonia com as necessidades dos leitores. Só assim teríamos chance de causar algum impacto no mundo, pois nem cócegas estamos fazendo.

Uma rede tal de editoras estaria sempre empenhada em prover o melhor na tradução de algum livro e outro. Para sobreviverem, tornar-se-iam muito mais ágeis. Orariam mais, promoveriam mais, concorreriam mais...

Uma infinidade de livros maravilhosos ainda em inglês e outras línguas, poderia rapidamente ser editada e divulgada. O próprio Comentário Bíblico Adventista até hoje está em espanhol (que vergonha!) poderia já estar todo prontinho caso não se concentrasse e centralizasse tanto quanto se faz em nossa obra de publicações.

A posição cômoda da CPB, que detém o monopólio da Lição, do Hinário, das revistas, do sistema todo, condena essa instituição à indolência quase que completa.

Liberdade é o que falta, confiança em Deus e na Bíblia. Andam muito medrosos e sua excessiva cautela estraga os planos divinos. Pergunto: Não deveríamos temer realmente a Deus. como diz a primeira mensagem angélica? Não deveríamos temer desagradá-Lo, desobedecê-Lo, por nossa vagareza?

Pastores e povo, que temem o que deveriam amar e amam o que deveriam temer, não temais seguir a recomendação profética de que devea haver pequenas e várias casas editoras. Não temais livrar-vos desse elefante gordo e dispendioso!

A CASA, às vezes, está aberta para o público, com shows e espetáculos, mas quando estará ela aberta para Cristo? Ou pelo menos aberta aos conselhos de EGW, que ela própria publica?

A inclusão de homens como o pastor Bullón no rol dos escritores, creio ter sido providencial na recuperação do sentido evangelístico da CASA. Mas, se a CPB quiser mesmo seguir a Jesus, terá que deixar de existir e dar seu lugar paulatinamente a pequenas editoras conforme é a ordem de Deus. Loucura? Sim, a sabedoria de Deus sempre será loucura para o homem e a sabedoria do homem, loucura para Deus. De que lado você prefere estar?

Sodré Gonçalves

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