Sobre Pregações e Sermões

 

1. Isentos da teatralização pentecostal, os sermões são mais sinceros e autênticos, porém, em geral, demonstram mais razão que inspiração.

Os adventistas interpretam mal o conselho: “Apresentai a Deus um culto racional”, cujo sentido é culto espiritual, pois Paulo condena a razão humana, considerando-a como loucura para Deus. Por essa interpretação equivocada o uso da razão em substituição à inspiração é muito freqüente.

Existem muitos pregadores inspirados e repletos de misericórdia. Outros, moralistas e sem afeição.

Milagres ocorrem nos cultos, além de coincidências providenciais, demonstrando que Deus tem misericórdia do povo adventista, apesar de seus pregadores.

O púlpito é usado com um critério institucional, que atua como filtro das advertências. Pode-se falar mal dos pecados do povo, mas nunca dos pecados de seus líderes.

2. Sermões fracos, médio uso da Bíblia, superficiais, repetitivos...

Como já dissemos, pouca inspiração é sentida. Poucos frutos produzem. A ênfase no racional e o medo de falar algo errado ou censurável, produz sermões acanhados e sem novidade, ou atualização. Repete-se à exaustão o que todos já sabem.

Não há lugar para nova luz, advinda do trono da graça, mediante estudo da Bíblia com oração, como recomenda a Sra. White. A criatividade ou originalidade só encontra espaço nos sermões engraçados, leves, direcionados a jovens.

Irmãos há que, sem possuírem o dom de pregar, insistem em ocupar mais que meia hora no púlpito. Estes ocupam o lugar daqueles que poderiam pregar, mas estão descartados automaticamente das escalas por diferentes fatores.

São convidadas pessoas inexperientes para ocupar o púlpito. Parece-nos que existe muito medo diante dos mais experimentados. Com gente mais nova, é fácil manipular e dominar tudo. É como se alguém se assentasse no lugar de Deus e quisesse dominar a Igreja no lugar de Cristo.

Há, por exemplo, uma proibição constante contra pregadores que não falam o previsível. Distritais parecem sentir medo ou, de fato, não têm liberdade para conceder o púlpito por "recomendações superiores".

Quando alguém diz alguma verdade que incomoda, queima-se imediatamente e vai para a quarentena, que pode durar a vida inteira. Se alguém é rotulado por algum pastor como "pregador perigoso", essa pessoa é perseguida e sutilmente afastada da Igreja e da participação.

São muitos os problemas. Para resumir, digo que há pouca liberdade no uso da palavra. Um só orador em cada culto. Muitos sermões moralistas e sem misericórdia. A pessoa de Jesus não é amplamente comentada. Dá-se ênfase mais a doutrinas e abstrações que à Palavra que proporcione a contemplação de Cristo.

3. Deveria existir liberdade de expressão dentro da igreja.

Enquanto não estão no recinto da igreja, nossos irmãos ouvem rádio, assistem à TV, acessam à Internet... Portanto, são pessoas informadas, acostumadas a captar, avaliar e selecionar mensagens de várias fontes. Não será um sermão ou outro, fora dos padrões, que os farão afastar-se da fé.

Se oramos e cremos que Deus realmente nos ouve ao nos reunirmos em Seu nome para ouvir à Sua palavra, devemos permitir que Deus conduza a pregação e os pregadores.

Não devemos podar os que têm o Dom da Palavra porque em nosso juízo, ou do pastor, este ou aquele não convenha. Devemos ouvir a todos. "Que sejam dois, no máximo três e os outros julguem." I Cor. 14. Diria até que não devemos proibir sequer que se fale em línguas. I Cor. 14, final.

Devemos falar a verdade sem medo das conseqüências. Devemos nos aproximar do púlpito cheios do Espírito Santo de Deus. Amor e misericórdia devem ser a nota tônica. Cristo deve ser exaltado, Sua pessoa, Seu amor, Sua bondade... Pois Ele é tão misericordioso que permanece à nossa porta e bate com insistência! Poderia ter-Se retirado, mas ainda não desistiu de nós.

Quanto maior for a misericórdia expressa no sermão maior será sua santidade. A santidade se revela mais pela presença do amor -- uma vez que o resumo da lei é o amor -- do que por uma vida isenta de erros socialmente reprováveis. “As prostitutas e os ladrões vos precedem no reino dos ceus”. Por isso, digo que o amor, que é o vinculo da perfeição, deveria ser nitidamente notado em cada sermão.

Simpatia, amabilidade, carinho e firmeza pelo que é certo, ainda que caiam os céus e a terra estremeça, devem ser notados nos pregadores!

Texto Anterior | Próximo Texto

Sodré Gonçalves

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com