Sobre a Interpretação Profética

 

1. A visão adventista das profecias da Bíblia é, sem sombra de dúvida, a mais consistente, racional e biblicamente fundamentada. Porém, a ignorância nesse aspecto por parte de membros e de muitos pastores é injustificável.

É como se possuíssemos rios de dinheiro no banco e não tivéssemos sequer ciência disto, vivendo em completa pobreza!

A interpretação histórico-profética adotada pela IASD, linha de interpretação apontada pela própria Bíblia, é culta, ampla, abrange todos os povos, todas as épocas, não se apega a incidentes históricos casuais como cumprimento, como ocorre em vários intérpretes de profecias, mas abrange através dos símbolos bíblicos, grandes acontecimentos.

Exemplos:

“A terra se abriu e engoliu o rio de fogo que perseguia a mulher” cumpre-se no descobrimento da América e fuga dos protestantes perseguidos na Europa, devido à Reforma para se refugiarem numa terra, que lhes asseguraria liberdade de consciência espiritual.

Para falar do terrorismo, causando guerras no Oriente, a Bíblia diz: “Rumores do oriente e do norte causarão medo e por isto sairá para extirpar e matar muitos.” Daniel 11:40-45.

Antes de se falar em globalização comercial, um adventista já falava de universalização do comércio em Brasília, baseado em Apocalipse 13, que fala do amplo e mundial controle da besta feita a partir de mecanismos de controle comercial.

As previsões do livro O Grande Conflito, relativas ao tempo do fim, com a hegemonia norte-americana e o abandono dos fundamentos do protestantismo, cumprem-se hoje aos nossos olhos, 150 anos depois. 50% dos americanos já são católicos! Creio que EGW deve ter sido quase apedrejada pela imprensa naquela época, por afirmar que essas coisas ocorreriam.

A mensagem adventista de que dois poderes seriam os grandes protagonistas dos últimos eventos, evitando oferecer qualquer sentido profético à URSS, livrou-nos do desapontamento evangélico, pois o esfacelamento da União Soviética levou consigo centenas de títulos de livros evangélicos que interpretavam a URSS como tendo papel protagonista.

Tudo nos recomenda, portanto, a reafirmarmos como verdade, que somos "o povo da profecia".       

2. A falta de Cristo, ou do recheio do amor de Deus na pregação profética, tem potencializado a negligência no estudo e pregações proféticas.

Fala-se muito na mulher meretriz (Catolicismo) sem nada se comentar da tristeza de Deus por ter sido traído, sem nada dizer sobre desesperado amor de Cristo pela sua esposa, sua Igreja, em diversas fases, que O rejeitou.

Em geral, os pregadores de profecia adoram gráficos e datas, mas são excessivamente secos, não umedecem a mensagem com porções generosas da Água da Vida, que é Jesus.

Buscam mais convencer com argumentação racional que atrair com o amor com que Deus nos tem amado. Suas pregações são desprovidas do toque divino e repletas de sabedoria humana. Paulo dizia: “Eu não vim até vós com palavras de sabedoria humana, mas com palavras de poder.”

O adventismo explica o Apocalipse apenas como diferentes seqüências proféticas de eventos históricos, esquecendo-se de que o Apocalipse é também uma carta cheia de amor, vinda do Pai, através do Filho, que enviou o Seu anjo ao profeta João, que transformou essa revelação em carta às igrejas da Ásia e dos confins da Terra, enquanto este mundo existir.

Comentam-se os fatos proféticos, alienados das idéias e sentimentos ali inclusos. Usa-se, portanto, o nome de Deus em vão, pois não se converte, de fato, ninguém assim.

O que se otém, através desse tipo de estudos, é um monte de pseudos-intelectuais, tão mundanos quanto eram antes, mas agora batizados no time adventista, batendo no peito e dizendo: "Estamos certos, sabemos demais, somos menina dos olhos de Deus...", etc.

Li recentemente um texto de A. T. Jones, comentando Apocalipse 17. Que diferença! Que profundidade! Que cristianismo!

A palavra de poder é aquela que é movida por profundo amor ao pecador. As profecias estão repletas de declarações de amor, de dó, de compaixão, mas tudo é passado por alto. Querem somente convencer, não atrair pelo amor nem transformar vidas.

Ameaças terríveis são combinadas com o tom de “bem-feito para eles!”. Queremos   mostrar que entendemos o código profético da Bíblia. E o máximo que conseguimos são espectadores, que saem da Igreja inchados de conhecimento e esfomeados de Cristo.

Para tudo, existe uma maneira legalista de abordagem e uma maneira cristã. Você pode falar de carne de porco em termos de saúde, sangue, vermes, leis, ou pode falar do amor de Deus por Seu povo, a ponto de Se preocupar e cuidar até mesmo de sua alimentação.

Você pode falar de idolatria de forma condenativa, como uma transgressão da lei, ou pode falar do ciúme de Deus, que verdadeiramente nos ama e quer que fixemos nossos olhos espirituais somente nEle e não em outros seres ou coisas.

Você pode falar da proximidade da volta de Cristo, expondo datas, fatos, profecias e passar por alto a falta que nós fazemos a ele, a saudade que Ele sente de nós, o intenso desejo que Ele tem de nos avisar de seu breve retorno, pois quer levar-nos a todos para junto de Si.

Estamos muito preocupamos com o dia da chegada mais do que com a Pessoa que está chegando! Talvez, também por isso, o estudo profético esteja tão em baixa.

3. O que fazer? Mudar o nosso comportamento em relação as profecias.

“Aquele que não vier pela porta é ladrão e salteador.” “Eu sou a porta.” Qualquer mensagem que não recorde o amor divino, expresso através de Jesus, que não traga a declaração de Sua pessoa acima dos fatos e a Ele exalte em espírito de adoração, seja anátema, considerada sem valor, lixo!

Joguemos no lixo o conhecimento de datas e acontecimentos e trechos decorados de EGW, se em nós não estiver operando Aquele que nos deu Sua palavra para a salvação/conversão e não apenas para condenação/convencimento.

Sejamos de fato aqueles que ministram na nova aliança, que é do espírito e não pelo ministério da condenação e da morte, gravado em letras e tábuas de pedra. II Coríntios 3.

O adventista que não estudar Jones e Waggoner dificilmente conhecerá a maneira neo-testamentária e poderosa de abordar temas proféticos. O espírito que demonstramos é mais importante do aquilo que falamos. Lembremo-nos disto sempre!

Deixemos que Jesus nos eduque e aprendamos com Ele a ter tato, a nos humanizar tão completamente quanto Ele, abriu mão de ser como deus para tornar-Se como nós e nos salvar. Vamos abrir-lhe a porta e deixar que o Senhor da gentileza, do poder, do amor e da verdadeira santidade, expressa em ternos afetos de misericórdia, venha nos influenciar.

Haverá alguém? Jesus não espera uma resposta do povo. Não faz um apelo específico aos líderes. Espera apenas que alguém aceite abrir a porta. "Se alguém ouvir a minha voz e abrie a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo." Não força a entrada e parece ter lágrimas nos olhos. Oh, Jesus, perdoa-nos por deixá-Lo esperando do lado de fora!

Sodré Gonçalves

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