Sobre a Música Adventista

 

1. A música não é tão animada ou envolvente, nem deixa de ser.

É um meio termo, padrão "laodiceano". Também não se aprova a mundanidade musical, manifestada na música chamada "gospel". Porém, não se vê tanta inspiração e santidade na música adventista, com raras exceções.

Há uma tendência de se substituir pregação por música na IASD. Não se sabe se a causa é a fraca pregação, ou se os jovens já não desenvolvem tanto interesse bíblico quanto como musical.

O uso do Hinário e de instrumentos tem sido cada vez mais substituídos por corinhos e playbacks, o que compromete a participação e o desenvolvimento de talentos musicais na igreja local, além de promover o distanciamento entre jovens e adultos na preferência e hábitos musicais.

2. A música é fonte de grande conflito também na IASD.

Apesar de o adventista se vangloriar de possuir boa música, 90% dos hinos dos CDs e do Hinário Adventista são de autores evangélicos americanos, principalmente batistas.

O público adventista é muito exigente com qualidade musical, mas, em geral, é pouco competente para criar esta qualidade. O apoio para este desenvolvimento tem sido estendido precariamente a alguns "escolhidos". Mas os setores de produção musical cobram elevado preço em relação ao preço de mercado.

Talvez por apreciarem mais música americana, os adventistas desprezam geralmente as músicas nativas, de raiz ou modo de expressão brasileiro.

Há uma verdadeira guerra nas igrejas sobre quem pode cantar e sobre o uso de bateria, guitarra e outros instrumentos, que não sejam o piano ou órgão. A discussão fica sempre em torno de formas externas, a roupa de quem canta, o instrumento que usa... O critério é bem superficial, gerando mais discussão que crescimento na fé.

Se o músico é parente de alguém superior, ou representa uma instância superior, toca o que quiser... Mas, nas "igrejinhas", qualquer deslize é recriminado.

3. “Se separares o que é puro do que impuro serás a minha boca”.

“Os anjos cobriam-se até os pés e cantavam, santo, santo, santo é o Senhor”. “Tocai a harpa e o saltério com som solene”. Salmo 92. Depois que Uzá foi consumido, Davi e os músicos mudaram sua atitude em relação à música.

“Não devemos trazer o mundo para a Igreja e, sim, a Igreja deve alcançar o mundo.”

A Bíblia, nossa regra única regra de fé, em Neemias 13 fala de dízimos para os ministros da música, “cantores”. A igreja deve ajudar financeiramente os músicos para que estes não façam da Casa de Deus, casa de espetáculos e de comércio de CDs e fitas.

O estilo mundano de expor a música, faz com que esta perca muito de seu poder, mas aumenta o número de ouvintes... A música estilo "New Age", que pode ser agradabilíssima de ouvir para muitos, impôs-se no mercado religioso como padrão e em importância inversamente proporcional ao papel desencaminhador que desempenha... Portanto, estamos batalhando por um lado adverso ao que almejamos, ou seja, a mentira tem sido verdadeira e a verdade tem sido mentirosa na música adventista.

Outro dia li o texto de um compositor nosso, falando que o importante era a letra e não a roupagem musical. Creio que ele tenha se arrependido de dizer tal coisa, pois a música fala tanto ou muito mais que a letra. Em muitos casos, a letra em nada se compara com a expressão musical que é bem mais forte, penetrante, subliminar...

Letra e música devem coincidir com a mensagem que pretendem dar. Nos roteiros de filmes e desenhos, temos um belo exemplo de como a música sempre traduz fatos, sentimentos, situações... Um baixo pode inspirar revolta, calma, dor, alegria... O piano e o violão podem falar e transmitir idéias sem se dizer uma só palavra.

Creio que muitos músicos de nossos músicos estão tão mergulhados na técnica que esquecem do próprio significado da música: expressão sonora não verbal.

"As minhas ovelhas conhecem a minha voz." O povo de Deus sabe onde está a voz de Cristo nas músicas. Ele está à porta e bate, sempre.

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Sodré Gonçalves

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