Sobre a Participação dos Membros na Administração

 

1. O sistema representativo em seu principio é excelente.

Cada Igreja elege líderes, destes são escolhidos delegados que participam a cada três anos de votação dos presidentes, departamentais, pastores... Porém, com o passar do tempo, os chefes superiores criaram um jeito de burlarem, manipularem e arranjarem as coisas para que se decida o que eles querem. É como disse Carlos Lacerda: “O problema não está no sistema, está no homem”.

O sistema adventista de administração prevê uma ampla democracia, que definitivamente não ocorre. Mas existem muitas decisões justas, guiadas por Deus, em espírito de oração. Muitas pessoas são ouvidas e medianamente se faz justiça (e injustiça!).

2. Mas... é quase zero a participação de membros na administração.

Não existe praticamente espírito democrático, apesar da IASD e seu sistema proclamar de si isto. O sistema de votação nas Igrejas é uma lástima, mandam levantar as mãos quem for contra, e se ninguém se manifestar, fica imediatamente votado, constrangendo assim a pessoa a não se expor perante as demais.

O pastor é visto como chefe e cabeça da igreja, os membros evitam ficar contra ele, e quanto mais se aproximarem do pastor mais cargos e funções recebem. Regras aparecem e desaparecem segundo o interesse de se votar algo. No nível superior funciona o que o disse o profeta Ezequiel “Elegem a si mesmos”. Neste palco de arbitrariedades Deus opera de forma muito subjetiva, como disse Jeremias: “Vós colocais cerca entre mim e vós para que eu não vos abençoe”.

A mentalidade papal e católica hierárquica predomina acima de tudo sobre a mentalidade dos membros que sustentam esta ordem de coisas, o poder civil unido ao religioso é a imagem da besta, e este se  traduz na IASD quando um pastor se vale seu poder e influencia política-administrativa para se impor como cabeça e chefe no lugar de Cristo, da justiça e do amor.

O desrespeito ocorre em todas as escalas. Na principal faculdade adventista nos EUA, Andrews Universit, existe uma tese de mestrado intitulada: “Por que a familia Reis domina a obra adventista no Brasil?”. As trienais que elegem os líderes são todas manipuladas, desde o convite de delegados (representantes “cartas marcadas” das igrejas).

Qualquer oposição é duramente evitada, o que ocasiona escândalos e desabafos como este que agora fazemos. Blocos de famílias (mesmo sistema das mafias que elegiam os papas na idade média) dominam sobre o povo de Deus. Dominam, determinam, contratam, mandam embora, excluem, perdoam, condenam quem lhes apetece.

3. Poderia haver ampla conscientização do desejo de Deus que todos sejam irmãos e ninguém se ache no lugar de Jesus como cabeça e governante da Igreja.

EGW repete tanto isso no livro “Conselhos para Ministros e Obreiros Evangélicos” que, em qualquer página que você abrir, é bem provável que encontre esta idéia. O próprio sistema representativo e democrático recomenda os membros a falarem e serem atendidos, o que não ocorre, senão com aqueles que falam o que se espera que se fale.

Os membros das Igrejas devem ser ensinados a terem Jesus como o cabeça e não os pastores, a Bíblia e não livro de praxes, a justiça e não a tradicional forma de agir. Os membros das Igrejas  evitam discordar ao máximo de seus pastores achando com isto que estão buscando a união, os pastores por sua vez ficam muito à vontade para manipular conforme o desejo dos escritórios superiores e seus próprios cada decisão a ser tomada. Isto deveria acabar.

Deveriam chamar para as reuniões os que se opõem também (EGW). A união nasce do diálogo e nossos piores inimigos uma vez reconciliados se tornam nossos melhores amigos. Pensai nos profetas verdadeiros, sempre tinham uma palavra intragável.

As Igrejas deveriam buscar mais o respeito e participarem todos, não apenas alguns, das grandes decisões. Se o mundo se esforça para fazer eleições mais justas, como deveria agir o povo de Deus? Se isto ocorresse, muitos dos desejos e necessidades das Igrejas seriam sanados e as votações unilaterais deixariam de existir.

Deveríamos acabar com a mentalidade de queimar pessoas que tem idéias um pouco diferentes. O amor deveria estar acima de tudo. Deveríamos sim rejeitar aquele que não demonstra espírito de Cristo e nem a Ele tem exaltado. Mas no lugar dele exalta uma instituição, isto sim deveria ser rejeitado. A nossa instituição só terá valor se seguir a Cristo, se não, é só mais uma mulher traidora que ainda ostenta o nome de seu marido e confessa-lhe fidelidade falsamente.

Em Daniel se fala de pessoas que agiam com crueldade achando que prestavam serviço a Deus, não se dá hoje isso? Em nome da instituição não se condenou hereges às fogueiras, profetas às cisternas, profetas não são deixados serem tratados por viúvas pobres? Por que o povo de Deus sempre tem que agir assim? Por que a historia não nos ensina? Por que as cruzes são fincadas ao nosso lado e o máximo que fazemos é olhar para elas?

Por que Jesus é tão rejeitado hoje como foi no passado? Ele está de fora, não está dentro, batendo à porta de nossa casa, de nossa Igreja, dos escritórios, das associações, de nossa alma, será que vamos abrir? Alguém aí pode abrir a porta?

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Sodré Gonçalves

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