Lição 10: Novas Reflexões à Luz do Concerto Eterno

Por Cleiton Heredia

 

1) Uso do termo “Antiga Aliança”:

a) De certo modo, pode-se dizer que a nova aliança é assim. A base da aliança, a esperança básica que ela tem para nós, as condições básicas, são as mesmas da (antiga aliança)*. (Texto contido na parte de Sábado)

*Seria melhor se a palavra “antiga aliança” no texto acima fosse substituída Por “Aliança Eterna”. A Nova Aliança é a mesma Aliança Eterna pronunciada pela primeira vez em Gen.3:15, repetida a Noé, Abraão, Moisés e ao povo de Israel; é o mesmo Evangelho Eterno que foi pregado pelos discípulos e que está sendo proclamado através da Terceira Mensagem Angélica. Já a “antiga aliança” foi a tentativa humana de fazer um “acordo” com Deus com base em promessas humanas.

b) Realmente, não havia nada errado com a antiga aliança; ela falhou porque o antigo Israel falhou repetidamente em atender às suas condições. Infelizmente, uma forma insensível de adoração chamada ritualismo bloqueou o coração de Israel. Assim, a majestosa comitiva da Divindade teve negada a entrada ao Seu legítimo trono. (Texto contido no Comentário de Sábado da Edição do Professor)

Vamos definir os termos: Para o autor da lição “antiga aliança” é o evangelho em símbolos (cerimônias que apontavam para o Messias e Sua missão), que foram suspensos diante da realidade da cruz. Por isso quando ele diz que “Israel falhou em atender às suas condições”, refere-se a desobediência às leis e preceitos pronunciados pelo Senhor no Sinai.

Dentro do conceito do Concerto Eterno, “antiga aliança” refere-se à pretensão de Israel tentar prometer ao Senhor ao invés de simplesmente crer em Suas promessas. De acordo com este conceito, foi aí que Israel falhou invalidando a Aliança de Deus (Jer.31:32). Eles não falharam simplesmente porque desobedeceram, eles falharam muito antes, quando deixaram de crer a semelhança da Fé de Abraão (Gen.15:6). A obediência é conseqüência da Fé.

c) Uma coisa é clara: A nova aliança não é muito diferente da (antiga aliança)*  feita com Israel no Monte Sinai. De fato, o problema com a aliança do Sinai não era que era velha ou antiquada. O problema, ao contrário, é que foi (quebrada)** (Texto contido na parte de Domingo)

*No monte Sinai o Senhor tinha a intenção de renovar a mesma Aliança Eterna que firmou com Abraão, cuja base era: O Senhor promete e o homem crê naquilo que o Senhor promete.

**O problema é que foi invalidada pelas promessas humanas que jamais são dignas de confiança (a Aliança antes de ser quebrada não foi aceita como o Senhor queria que fosse – pela fé).

d) As respostas às perguntas acima, todas encontradas nesses quatro versos, provam que muitas facetas da (antiga aliança)* continuam a existir na nova. A "nova aliança" é, de certo modo, uma "aliança renovada". É a conclusão, ou o cumprimento, da primeira. (Texto contido na parte de Domingo)

*Aliança Eterna

e) Embora a nova aliança seja chamada "melhor" (veja a lição de quarta-feira), na realidade não existe nenhuma diferença nos elementos básicos que compõem a (antiga)* e a nova aliança. (Texto contido na parte de Terça-feira)

 *A Aliança estabelecida no Éden, renovada com Noé, Abraão, Isaque, Jacó e Moisés (Aliança Eterna)

f) Ontem vimos que, quanto aos elementos básicos, a (antiga)* e a nova aliança eram iguais. ...Mas o livro de Hebreus chama a nova aliança de "superior aliança". O que isso significa? Em que uma aliança é melhor do que a outra? (Texto contido na parte de Quarta-feira)

*A identificação da antiga aliança como aquela baseada em promessas humanas, é fundamental ao tentarmos entender porque a nova aliança é superior ou melhor.

g) O serviço do santuário do Antigo Testamento era o meio pelo qual eram ensinadas as verdades da (antiga aliança)*. (Texto contido na parte de Quinta-feira)

*Aliança Eterna

h) O sangue de Cristo confirmou a nova aliança, tornando sem valor ou nula a "antiga" aliança do Sinai e seus sacrifícios. (Texto contido na parte de Quinta-feira)

Novamente nos deparamos com a expressão “antiga aliança” sendo aplicada aos sacrifícios simbólicos ensinados no Sinai. Estes sacrifícios simbólicos foram instituídos pelo próprio Deus como um recurso tremendamente didático de antecipar a essência dos ensinamentos comunicados na realidade da morte de Cristo em nosso lugar.

Como a realidade da cruz necessitava de um tempo específico dentro dos propósitos eternos de Deus para acontecer, para que aqueles que vivessem antes da cruz não ficassem em desvantagem a respeito do conhecimento da graça de Deus, Deus instituiu o ritual de sacrifícios vicários desde o Éden (Gen.3:21). Estes sacrifícios simbólicos ensinavam a “Nova Aliança”, cuja essência é a salvação com base exclusivamente nos méritos de Cristo.

Quando a lição coloca que o “sangue de Cristo...(tornou) sem valor ou nula a antiga aliança do Sinai e seus sacrifícios”, parece fugir do conceito de que a “antiga aliança” tornou-se sem valor ou foi anulada por causa da pretensão humana em prometer a Deus, tentando realizar pelas próprias forças (obras) aquilo que só Deus poderia (graça mediante o dom da fé). É neste sentido que a visão Adventista contemporânea dos dois concertos confunde-se em parte com a visão das igrejas populares:

Visão das Igrejas Populares

Visão Adventista Contemporânea

Visão Adventista da Mensagem de 1888

Muita confusão sobre o contraste entre o velho e o novo concertos, porque a idéia do dispensacionalismo é amplamente mantida. A obediência aos dez mandamentos, principalmente a guarda do sábado, faz parte do velho concerto.

Há muita confusão, e mesmo algum dispensacionalismo está presente. A raiz do velho concerto não é discernida, pois há muita ênfase em empenhar e prometer obediência aos dez mandamentos (especialmente para as crianças).

A raiz do velho concerto foi a promessa do povo sem fé para obedecer. Deus nunca nos pediu para fazer tal promessa para Ele; isto gera a escravidão através do conhecimento de nossas promessas quebradas. Em vez disso, Ele nos pede para crer genuinamente em Suas promessas para nós.

Fonte: 1888 Re-Examinado, de Donald K. Short e Robert J. Wieland

É certo que a realidade da cruz substituiu os sacrifícios simbólicos de animais, mas tanto os tipos como o antítipo apontavam para a verdade da “Nova Aliança” – o Concerto Eterno.

2) Termos que podem sugerir conceitos equivocados com respeito a Aliança Eterna:

A premissa original da "aliança" não mudou com o passar do tempo, mas cada vez que a aliança foi oferecida, a natureza pecaminosa da humanidade quebrou o contrato. Mas Deus não desistiu de nós e ainda nos oferece a salvação, se decidirmos aceitá-la. (Texto contido no Resumo da Edição do Professor)

A palavra “contrato” tende a dar uma errônea noção do significado do Concerto Eterno, pois sugere um termo bilateral de compromissos. O Concerto Eterno é um termo unilateral onde Deus promete e age como Pactuante e nós recebemos como Beneficiários.

A frase “oferece a salvação, se decidirmos aceitá-la” também dá margem para interpretação equivocada, pois pode sugerir que a salvação oferecida no Evangelho Eterno (Concerto Eterno) só passa a atuar em minha vida caso EU tome a iniciativa em aceitar (legalismo subliminar). Mas que escolha ou iniciativa possui uma pessoa morta? (Ver Ef.2:1 e 5). Só temos a oportunidade de aceitar ou recusar após Cristo nos vivificar (iniciar Sua salvação em nós). Aqui está uma das idéias mais maravilhosas do Concerto/Evangelho Eterno: “Deus nos salva para que tenhamos a possibilidade de escolhê-lo ou recusá-lo”.

3) Esta pergunta na parte de terça-feira precisa ser analisada com cuidado:

8. Leia o texto de Isaías no alto. Que condições existem para os que querem servir ao Senhor? Existe realmente alguma diferença entre o que Deus pediu a eles e o que pede a nós hoje? Explique sua resposta.

Qual foi a condição imposta a Adão e Eva? Qual foi a condição exigida de Noé? Qual foi a condição estabelecida com Abraão? Não existiram, não existem e não existirão condições para que o Senhor estabeleça conosco Sua Aliança Eterna (Promessa de Salvação). O Senhor inicia Sua salvação em nossas vidas sem nos perguntar ou exigir nada em troca. A semelhança de Abraão que creu que o Senhor era poderoso para cumprir o que prometeu, assim também nós precisamos aprender a “repousar” nAquele que iniciou esta boa obra em nossa vida, confiando de que Ele é poderoso para aperfeiçoá-la (Fil.1:6). Geralmente relacionamos a palavra “condição” com obediência, mas obediência não é a condição do Concerto Eterno e sim o seu resultado.

4) O Comentário de terça-feira da Edição do Professor foi muito bom, pena que apenas um parágrafo foi reservado para apresentar um conceito tão fundamental e importante como este:

Em Êxodo, a aliança se baseou em duas motivações possíveis. A primeira era se Israel faria o que Deus falara, por suas próprias forças. A segunda era se Israel obedeceria às obrigações da aliança pela fé por meio da graça capacitadora, misericordiosamente oferecida pelo EU SOU celestial.

Finalmente e pela primeira vez é mencionada a distinção fundamental entre a antiga e a nova aliança.

No Sinai o Senhor tinha o propósito de renovar a Aliança Eterna com Seu povo. A aliança do Senhor em todos os tempos sempre foi a Nova Aliança. Logo após o povo dizer a Moisés: “...tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, o ouviremos e o faremos” (Deut.5:27), o Senhor pacientemente tenta explicar a verdade da Aliança Eterna (Nova Aliança) que eles não estavam conseguindo entender: “Ouvindo o Senhor as vossas palavras, quando me faláveis, o Senhor me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que te disseram. Em tudo falaram bem. Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e em todo o tempo guardassem todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre! Vai, dize-lhes: Tornai-vos às vossas tendas.” (Deut.5:28-30).

Aqui está o Senhor explicando aquilo que mais tarde disse através de Jeremias (Jer.31:33) com respeito a Nova Aliança que opera de dentro para fora: “Quem dera que as suas palavras e atos exteriores procedessem de um coração renovado e transformado pela minha Aliança (promessa) de graça”. O Senhor sabia que suas promessas em obedecer eram promessas vãs, pois estavam baseadas em sua própria força e capacidade. De uma maneira quase que desconsolada o Senhor pede para que voltem para suas tendas. O Senhor não podia explicar o seu erro em palavras que entendessem. Podia apenas deixar que aprendessem do modo mais difícil.

5) A excelente declaração na parte de quarta-feira parece perder um pouco do brilho com a explicação que se seguiu:

O problema da antiga aliança não era a aliança em si, mas o fracasso do povo em aceitá-la pela fé (Heb. 4:2). A superioridade da nova aliança sobre a antiga é que Jesus – em vez de ser revelado apenas pelos sacrifícios de animais (como na antiga aliança) – agora aparece na realidade de Sua morte e Seu ministério sumo sacerdotal. Em outras palavras, a salvação oferecida pela antiga aliança é a mesma oferecida pela nova. Na nova, porém, é revelado mais completamente o Deus da aliança e o amor que Ele tem pela humanidade caída. É melhor no sentido de que tudo o que havia sido ensinado pelos símbolos e tipos do Antigo Testamento teve cumprimento em Jesus, cuja vida sem pecado, morte e ministério sumo-sacerdotal foram simbolizadas no serviço do santuário terrestre.

Acima é dito com correção: “O problema da antiga aliança não era a aliança em si, mas o fracasso do povo em aceitá-la pela fé” sendo apresentado Heb.4:2 como base bíblica. Em outras palavras, a nova aliança era superior porque não se baseava nas promessas feitas pelo homem a Deus (Exo.19:8), mas nas promessas feitas por Deus ao homem.

A aliança em si, não apresentava nenhum defeito ou falha, pois era a mesma Aliança Eterna repetida desde o Éden. Logo a superioridade da Nova Aliança vai muito além da menção da substituição dos símbolos e tipos do antigo testamento pela realidade da cruz. Sem dúvida que quando a realidade tomou lugar dos símbolos, tudo ficou muito mais claro, mas o princípio básico não mudou: “Somos salvos pela graça mediante a fé genuína que é um dom de Deus” Efésios 2:8. E também outro ponto importantíssimo que não pode ser esquecido: O Senhor tentou por inúmeras vezes fazer com o Seu povo a Nova Aliança muito mesmo antes da realidade da cruz.

Se fosse necessário esperar que a realidade da cruz substituísse os símbolos e ritos para qual eles apontavam, para que a Nova Aliança fosse instituída, isto significa dizer que a Aliança Eterna só passou a vigorar depois da cruz, o que é inconcebível, visto ela ter sido pronunciada já no Éden. A Aliança Eterna pronunciada no Éden e repetida para Noé, Abraão, Moisés e o povo de Israel sempre foi a “Nova Aliança” (Colocar no coração do homem as leis de Deus que são a manifestação de Seu caráter, recriando-o a Sua imagem e semelhança).

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