Bode Azazel: Símbolo de Satanás ou de Cristo? (Parte 7)

 

VERSO 17:

Nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel”. (ARA – grifos acrescentados).

 

Nesta sétima parte, pretendíamos complementar o estudo sobre a ascensão do Messias no dia da ressurreição, quando Ele compareceu diante do Pai, no Santuário celestial, para ter a certeza que o Seu sacrifício havia sido aceito pelo Pai. (Cf. João 20:15-17 e DTN. 20ª ed. 1997. p. 790.) Contudo, antes de chegarmos lá, com a ajuda do Texto Sagrado e do Espírito de Profecia, veremos ainda um pouco mais sobre o dia em que de fato ocorreu a expiação plena, por meio do sacrifício expiatório do Cordeiro de Elohym (um novilho, para expiação e oferta pelo pecado, um bode para Yahweh, para expiação, e um carneiro, para holocausto).

 

UMA OFERTA PELO PECADO NO PRIMEIRO DIA DA LUA NOVA

É de fundamental importância que saibamos, que em quase todas Cerimônias e/ou Festas ordenadas por Yahweh (com exceção de duas), havia ofertas pelo pecado e holocaustos. Portanto, diariamente havia o holocausto Tamîd e no sétimo dia, havia o holocausto do sábado, além do holocausto diário. Porém, nestes não havia oferta pelo pecado e sacrifício expiatório. No entanto, conseqüentemente, em todas as outras havia, pelo menos uma oferta pelo pecado.

As outras Festas e/ou Cerimônias eram as seguintes: o sacrifício realizado “Nos princípios dos vossos meses ... Também se trará um bode como oferta pelo pecado, ao SENHOR, além do holocausto contínuo, com a sua libação”. (Num. 28:11 e 15 – ARA).

O Filho do Homem morreu em uma época em que a nação judaica, contava os meses apenas tendo por base a Lua Nova – o 1º dia da Lua Nova sendo o 1º dia do mês, conseqüentemente, o 1º dia da Lua cheia era o 15º dia do mês. Porque cada fase da Lua, corresponde à aproximadamente sete dias. As fases são: Lua Nova (começo do mês), Lua Crescente, Lua Cheia (no 1º mês - Festa dos Pães Asmos) e Lua Decrescente ou Minguante.

O profeta Samuel escreveu o seguinte:

Disse Davi a Jônatas: Amanhã é a Festa da Lua Nova, em que sem falta deveria assentar-me com o rei para comer; mas deixa-me ir, e esconder-me-ei no campo, até à terceira tarde”. “Escondeu-se, pois, Davi no campo; e, sendo a Festa da Lua Nova, pôs-se o rei à mesa para comer”. “Sucedeu também ao outro dia, o segundo da Festa da Lua Nova, que o lugar de Davi continuava desocupado; disse, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Por que não veio a comer o filho de Jessé, nem ontem nem hoje?”. “Pelo que Jônatas, todo encolerizado, se levantou da mesa e, neste segundo dia da Festa da Lua Nova, não comeu pão, pois ficara muito sentido por causa de Davi, a quem seu pai havia ultrajado”. (1Sam. 20:5, 24, 27 e 34 – ARA – cf. Isaías 66:22-23 e Apoc. 22:2).

Essa comemoração está baseada em Números 10:10:

Da mesma sorte, no dia da vossa alegria, e nas vossas solenidades, e nos princípios dos vossos meses, também tocareis as vossas trombetas sobre os vossos holocaustos e sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por lembrança perante vosso Deus. Eu sou o SENHOR, vosso Deus”. (ARA – cf. Num. 28:11-15).

 

O CORDEIRO DA PÁSCOA – UMA OFERTA PELO PECADO

O sacrifício realizado “No primeiro mês, aos catorze dias do mês, é a Páscoa do SENHOR”. (Num. 28:16 – ARA). A Páscoa não era um holocausto. Era uma oferta pelo pecado.

A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados”. (Mat. 26:28 – ARA).

O apóstolo João também escreveu:

No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”. (João 1:29 – ARA).

Percebam que o apóstolo não se referiu ao Messias como um determinado tipo de Cordeiro (bode expiatório, cordeiro da páscoa, novilho, pomba; etc.), mas a disse claramente: “... Eis o Cordeiro de Deus!”. (João 1:36 – ARA). Porque todos os tipos representavam a Ele – “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

A outra Festa e/ou Cerimônia, intimamente ligada à Páscoa era a Festa dos Pães Asmos.

No primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, vieram os discípulos a Jesus e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa?”. (Mat. 26:17 – ARA).

E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípulos: Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa?”. (Mar. 14:12 – ARA).

Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa”. (Luc. 22:7 – ARA).

Percebam que na Festa dos Pães Asmos, também estava incluído o sacrifício da Páscoa. Assim escreveu o profeta Ezequiel: “No primeiro mês, no dia catorze do mês, tereis a Páscoa, festa de sete dias; pão asmo se comerá”. (Eze. 45:21 – ARA).

Além desses detalhes importantes, existem outros relatados por Moisés. Ele disse que durante a Festa dos Pães Asmos teria:

Um bode, para oferta pelo pecado, para fazer expiação por vós”. (Num. 28:22 – ARA).

No primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis”. “No sétimo dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis”. (Num. 28:18 e 25 – ARA – cf. Êxodo 12:16).

Por que, então, a santa convocação não era para o 14º dia, o dia que antecedia o dia dos Pães Asmos? Porque a cerimônia do sacrifício da Páscoa no crepúsculo da tarde do 14º e, início do 15º dia. Por isso, no 15º dia (à noite), todos já deveriam estar presentes para comer a Páscoa. Páscoa que era sacrificada no final do 14º dia.

Este mês vos será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família”. (Êxodo 12:2-3 - ARA).

E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde”. (Êxodo 12:6- - ARA).

Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel”. “Desde o dia catorze do primeiro mês, à tarde, comereis pães asmos até à tarde do dia vinte e um do mesmo mês”. (Êxodo 12: 15 e 18 –ARA – cf. v. 19).

Do décimo dia até o décimo quarto dia, temos 05 (cinco) dias: 10º, 11º, 12º, 13º e 14º. O Cordeiro teria que ser separado pelas famílias da congregação de Israel, no 10º (décimo dia). Foi justamente em uma data correspondente ao 10º (décimo dia) que, os líderes da nação judaica tomaram a decisão de matar o Messias.

Então, os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio; e disseram: Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação. Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. Desde aquele dia, resolveram matá-lo”. (João 11:47-53 – ARA – cf. Mat. 26:1-5 e 6-16; Mar. 14:1-2 e 3-11; Luc. 22:1-2 e 3-6; e João 12:1-11).

Em João 12:1, a expressão: “Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia”, não está dizendo que este dia que o apóstolo João está narrando, na seqüência do relato do livro, era o sexto dia antes da Páscoa. O fato ocorrido, aqui, possivelmente, é que ele se lembrou (estava esquecendo a seqüência) de narrar a ida do Messias a Betânia, conforme também está relatada em Mateus, Marcos e Lucas. Uma outra possibilidade, é a seguinte: sendo que a Páscoa era no 14º (décimo quinto) dia, o 6º (sexto) dia a que o apóstolo João refere-se, é o sábado do sétimo dia – o 9º (nono) dia. Porque em João 12:12-13, está escrito:

Os líderes da nação já haviam determinado que o Messias deveria morrer pela nação (João 11:47-53).

Desde aquele dia, resolveram matá-lo. De sorte que Jesus já não andava publicamente entre os judeus, mas retirou-se para uma região vizinha ao deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali permaneceu com os discípulos”. “Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para, se alguém soubesse onde ele estava, denunciá-lo, a fim de o prenderem”. (João 11:53-54 e 57).

No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava a caminho para Jerusalém, tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!”.

Esse dia seguinte, corresponde ao 1º dia da semana (o 10º dia do primeiro mês – Êxodo 12:2-3 e 6).

De acordo com a ordem de Yahweh (Êxodo 12:2-3 e 6), o cordeiro Pascal deveria ser morto na tarde do dia 14º (décimo quarto) e comido na noite seguinte, que corresponde ao dia 15º (décimo quinto).

Sendo assim, o Messias, conforme referencias citadas acima, comeu a Páscoa (no 15º dia) que foi sacrificada no 14 º (décimo quarto) dia. E na mesma noite em que Ele comeu a Páscoa, 15º dia – quinta-feira à noite, Ele foi traído, preso e condenado.

Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis”. (Êxodo 12:10 – ARA – cf. v. 12).

O verso 12 corresponde ao sofrimento e ferimento (quando suou sangue) do Messias no Getsêmani.

Em João 18:28, está escrito:

Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa”. (ARA – Em uma próxima oportunidade será feito um comentário sobre este verso).

Nos versos 31 e 32, é dito porque os líderes judaicos levaram o Messias para o pretório.

Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém; para que se cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por que havia de morrer”.

No entanto, não era apenas para que se cumprisse o tipo de morte que o Messias haveria de morrer, mas, também, era para que se cumprisse a profecia de Êxodo 12:10: “Nada deixareis dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, queimá-lo-eis”.

Portanto, de acordo com esse verso, tudo o que era permitido aos líderes judaicos fazer, eles fizeram durante a noite. E o que não era lícito a eles praticar – “matar uma pessoa”, a quem eles chamavam de “malfeitor”. Então, entregavam aos romanos para que fosse “queimado”, “destruído”, melhor dizendo: para que fosse “morto em uma cruz”.

Ellen G. White escreveu o seguinte:

No cenáculo de uma morada de Jerusalém, achava-Se Cristo à mesa com os discípulos. Tinham-se reunido para celebrar a páscoa. O Salvador desejava celebrar essa festa a sós com os doze. Sabia que era chegada a Sua hora; Ele próprio era o Cordeiro pascoal, e no dia em que se celebrava a páscoa, devia ser sacrificado. ...”. (O Desejado de Todas as Nações. 20ª ed. 1997. p. 642.).

A expressão: “E no dia em que se celebrava a páscoa, devia ser sacrificado. ...”. Deveria ser traduzida: “E no dia em que era comida a páscoa, devia ser sacrificado. ...”. Pois este é o verdadeiro significado conforme escrito por Ellen G. White.

Em outra página ela escreveu:

Em companhia dos discípulos, fez o Salvador vagarosamente o caminho para o jardim de Getsêmani. A Lua pascoal, clara e cheia, brilhava num céu sem nuvens. Silenciara a cidade de tendas de peregrinos”.(Ibidem. p. 681.).

No livro o Grande Conflito, Ellen G. White também escreveu:

Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo. No dia catorze do primeiro mês judaico, no mesmo dia e mês em que durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo, tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria comemorar Sua própria morte como o ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.’ Naquela mesma noite” [15º dia] “Ele foi tomado por mãos ímpias, para ser crucificado e morto. ...”. (33ª ed. 1987. pp. 398-399.)

 

UM BODE PARA EXPIAÇÃO DURANTE A FESTA DOS PÃES ASMOS

Percebam que na Festa dos Pães Asmos, também estava incluído o sacrifício da Páscoa. Assim escreveu o profeta Ezequiel: “No primeiro mês, no dia catorze do mês, tereis a Páscoa, festa de sete dias; pão asmo se comerá”. (Eze. 45:21 – ARA).

Além desses detalhes importantes, existem outros relatados por Moisés. Ele disse que durante a Festa dos Pães Asmos teria: “Um bode, para oferta pelo pecado, para fazer expiação por vós”. (Num. 28:22 – ARA).

No primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis”. “No sétimo dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis”. (Num. 28:18 e 25 – ARA – cf. Êxodo 12:16).

Durante a Festa dos Pães Asmos, era oferecida uma oferta pelo pecado, para que fosse feita uma expiação pela congregação.

Portanto, a expiação não ocorria apenas no dia 10 do sétimo mês – no Yom Kippur. No entanto, não podemos confundir a purificação (expiação pelo) do Santuário, que era realizada apenas no 10º dia do sétimo mês, com esta expiação (Num. 28:22) realizada em favor do  povo.

Em função do que foi apresentado acima, podemos afirmar que o Filho do Homem não morreu como “o Cordeiro da Páscoa”, embora o cordeiro pascal fosse um tipo dEle. A Escritura Sagrada, expressamente, nos afirma que Ele era e é, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29).

Por que Ele morreu com “Cordeiro de Deus” (João 1:36) e não como: cordeiro da Páscoa ou bode expiatório, etc? A própria Escritura Sagrada diz qual é a única e suficiente razão.

Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu”. (Heb. 7:26-27 – ARA).

Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção”. (Heb. 9:11-12 – ARA).

Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus; nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”. (Heb. 9:24-28 – ARA).

Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”. (Heb. 10:10 – ARA).

Nas próximas partes, veremos qual a ligação que há entre a Festa Páscoa, a Festa das Trombetas e a Festa do Yom Kippur, com o sacrifício expiatório do “Cordeiro de Deus”, na cruz do Calvário. – josielteli@hotmail.com

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