Como Saber se Você é Tubarão ou Peixinho na AES

As mulheres passaram a votar a menos de um século. Igualdade de salário elas também conseguiram há pouco tempo. Os negros aqui deixaram de ser escravos no tempo do império, mas a discriminação oficial só cessou há poucos anos, e mesmo assim, não de forma efetiva em todos os lugares. Mas que houve uma grande melhora, não há dúvida.

Qualquer livro de anedotas de vinte anos atrás estava cheio de piadas sobre os negros, que dividiam com o português e o papagaio as risadas dos leitores. Hoje não há mais. A única que vi, em um livro da turma do “casseta e planeta”, (da rede Globo), perguntava: “o que é um crioulo? Resposta: um afro-brasileiro que acabou de sair da sala”. Acho esta anedota interessante, pois mostra a hipocrisia da sociedade, pessoas tratam bem pela frente e desprezam na ausência. O racismo velado continua. Mas isto também tende a acabar.

Viajei muitos anos pela viação Itapemirim respirando fumaça de cigarro dos outros. O fumante era cheio de direitos, o não fumante era um chato. O mundo era dos fumantes. Até nos hospitais os médicos fumavam, e todos eram obrigados a respirar aquele veneno sem reclamar. Hoje podemos viajar tranqüilos, é proibido fumar em quase todos os lugares fechados. 

Em muitos aspectos, a democracia e a liberdade de expressão estão tornando este mundo menos injusto. Está ficando difícil em muitos setores a opressão dos mais fracos.

Mas em alguns lugares as coisas mudam muito lentamente. Um dos mais antigos métodos de opressão criados pela humanidade é quando o mais forte faz o mais fraco acreditar que ele pode, através de alguns favores, trazer a felicidade, o perdão dos pecados e até a vida eterna. Pode ser com dinheiro, ou obediência e honra a pessoa do intermediador, aquele que fará o contato entre o pobre coitado e a Divindade.

Jesus demonstrou claramente que este não é o plano de Deus. Deixou bem explícito que Ele é o único intermediador. Mas, depois de sua morte, os espertos logo voltaram a explorar os mais desfavorecidos. Lutero e outros reformistas tentaram consertar este estado de opressão em nome de Deus, mas seus próprios seguidores logo retornariam a receber as honras do povo.

A igreja Adventista foi estabelecida sob a orientação Divina, e Deus inspirou os fundadores de nossa igreja para que fizessem regras que claramente evitassem um novo estado de opressão. Nenhum homem poderia decidir nada sozinho. Ninguém poderia ser considerado superior aos outros. Nosso único intermediador é Cristo. Nossa única regra de fé e prática é a Bíblia.

Mas os seres humanos são criativos. Para cada vez que Deus se compadeceu de nós e, através de homens e mulheres de bom coração, nos enviou mensagens que nos ajudariam, logo os “intermediários” encontram um jeito de continuar a oprimir os mais fracos. Exigindo-lhes honra, dinheiro, subserviência e até impunidade!

Acabo de ler o artigo sobre os tubarões e os peixinhos. Mas este não é um comentário sobre a  tubarolatria. É apenas um grito de alerta e de socorro, de interrogação e indignação. Até quando?

Até pouco tempo atrás, deputados e senadores podia roubar, mentir, até assassinar, que não podiam ser punidos. Era a IMUNIDADE parlamentar. O deputado Aécio Neves conseguiu acabar com esta discrepância.

 

Ajuda atrapalhada

Fui auxiliar um grupo de irmãos de uma pequena igreja aqui no ES a realizar um programa de encontro distrital. Logo de início, notei sua grande preocupação com o aparelho de som. Eles eram muito pobres, e receberiam a visita de outras igrejas, e não tinham “som” na igreja.

Estavam economizando há meses, e já dispunham de  algo em torno de 400 reais, mas o som custava quase dois mil reais. Fariam a compra à prestação, e o aparelho sairia por quase o dobro. Propus ajudá-los. Além de dar uma parte, fui com eles à loja em Vitória. Lá, descobri que podiam dividir em quatro vezes sem qualquer aumento.

Ofereci então outra ajuda; eles dariam quatro cheques, e eu os cobriria se não tivessem dinheiro na época, e eles me pagariam depois quando pudessem. Eles gostaram, mas, envergonhados, me lembraram que não tinham cheque, nem cartão de crédito... eram pescadores, moram em uma pequena cidade litorânea que vive da pesca e dos mineiros ricos que vêm à praia no verão.

Dei então quatro cheques meus,  pré-datados, levamos o aparelho de som, eles fizeram o programa, ficou ótimo, o som está sendo usado em todas as reuniões para a glória de Deus.

Com algum atraso, eles pagaram a primeira parcela. Um bom tempo depois, quando iam pagar a segunda, surgiu um impasse. A tesoureira da igreja informou que havia conversado com o tesoureiro da Associação, sr. Heliomar Possmoser, e este havia dito que não era para eles  pagarem. Porque eu não era pessoa jurídica, e a igreja não pode pagar à pessoa física.

Ao bom entendedor meia palavra basta, mas como há maus entendedores, é preciso às vezes dois parágrafos para explicar a mesma coisa. O tesoureiro da AES, não queria que os membros pagassem um aparelho que eles haviam comprado porque estavam pagando a uma pessoa física, e não jurídica. Acho que agora ficou bem claro.

O ancião, homem simples, também pescador, reagiu indignado. Disse que ele não tinha cheque, nem cartão de crédito, mas tinha o costume de honrar seus compromissos, todos ali na cidade o conheciam como gente que paga o que deve. Adventistas não são caloteiros.

Em minha profissão de vez em quando recebemos cheques sem fundos. De vez em quando, um calote. Mas, é regra, os maus pagadores são ricos. Pobres em geral pagam. Quando não têm nada, voltam às vezes um ano depois e nos trazem uma galinha ou uma caixa de beterrabas. Para estas pessoas, honrar seus compromissos é coisa sagrada.

Quando fiquei sabendo do impasse, senti o mesmo que quando era obrigado a respirar a fumaça do cigarro do meu professor na faculdade. É a indignação frente à prepotência. É o peixe sozinho na caixa fitando o tubarão.

Primeiro, avisei que não queria receber mais o resto do dinheiro. Já havia ajudado com uma quantia, agora, ajudaria no restante. Fim do impasse. Não disse nada a eles para evitar confundir mais suas mentes, eles vêem os líderes como infalíveis e a observação estapafúrdia do tesoureiro da AES já havia causado problema suficiente.

Os especialistas na área econômica, dr. Armínio Fraga e Delfim Neto, poderão me dizer que o homem lá tem suas razões, a nota fiscal tem não-sei-o-quê e a pessoa jurídica tem sabe-lá-o-quê, mas isso não interessa. Não os ajudei como pessoa física nem jurídica, mas como pessoa espiritual.

Qual a função de um tesoureiro de Associação? Onde há na Bíblia a instituição deste poderoso cargo? A única que me lembro está em que dentre os doze discípulos de Jesus um era o tesoureiro. Mas Judas tinha interesse que o grupo ganhasse mais, mesmo que fosse com maus propósitos. Aqui na AES, o tesoureiro atrapalha as doações para a igreja! Ao invés de ajudar, de favorecer, de resolver os problemas, ele os cria!

 

300 mil reais somem

Como são tratados os membros humildes que vão até a luxuosa sede da Associação na capital do Estado? Como são tratados os que pedem auxílio para suas igrejas?

Nesta administração, fecharam um hospital, sucatearam um internato, fizeram franquias (isto mesmo, franquias) da maioria das escolas adventistas, fecharam congregações...

No EDESSA, um diretor desprovido de qualquer qualificação para o cargo, aliado ao irmão do tesoureiro da Associação, sumiram com 300.000,00 reais em apenas 10 meses. (No ano de 2000). Sem construir nada, sem fazer nada para a escola. Perseguiram bons professores, espantaram os alunos...

O pastor Maurício, presidente da Associação, admite que aquela administração prejudicou a escola. Mas, segundo afirma convicto, não há punição para os que administram. Eles gozam da tal “imunidade parlamentar”.

A esposa do pastor Maurício, que estava assistindo nossa conversa, chegou a rir quando falei em punição. E perguntou, espantada: “Como? Que punição?” Respondi que, pelo menos, os corruptos fossem obrigados a ressarcir a instituição que foi depauperada. E que os que os apoiaram também fossem obrigados a pagar, do próprio bolso.

Eles me garantiram, em  público, que explicariam onde estava o dinheiro. O tesoureiro deu sua palavra que responderia.  Mas, depois, resolveram não dar satisfações. Eles podem dizer uma coisa hoje, e não cumprir amanhã. “A igreja sabe onde estão os trezentos mil”, garantiu, soberano, o nosso presidente. Só que eles não tem explicação a dar. Onde já se viu tubarão dar explicação a peixe? Observe que eles se autodenominam “a igreja”. Os irmãos pequenos não são a igreja. Eles são.

Até quando? Pastores que não são aliados políticos do presidente e tesoureiro também são perseguidos. Enquanto os aliados recebem favores, os que não concordam com os desvarios administrativos são abandonados. Tenho provas abundantes do que estou dizendo.

 

Ameaça de morte

Durante a administração desastrada que afundou o EDESSA, várias pessoas tentaram sensibilizar os todo-poderosos de plantão para que salvassem a escola. Mas eles não dão ouvidos ao que vem de baixo. Na época, escrevi uma carta aos professores, dizendo que tivessem confiança em Deus que o problema seria superado. Em seguida, o irmão do diretor me ligou, deixou um recado na secretária eletrônica me ameaçando de morte. Fiz um boletim de ocorrência na delegacia e mostrei a gravação ao pastor Maurício.

Bom, de certa forma, alguma coisa ele fez, pois não morri ainda, como vocês podem constatar. Mas fica tudo por isso mesmo. Não há punição para os de cima quando erram. Eles podem fazer a festa como o dinheiro dos peixinhos. Podem gastar à vontade. Podem perseguir, caluniar, ameaçar...

Sou uma pessoa com endereço, atividade e crenças bem conhecidas de todos aqui onde vivo. Ao comentar assuntos sobre a administração da igreja, falo apenas o que posso provar com facilidade, sendo que a maioria das coisas nem é preciso provar, são de domínio público.

Depois que escrevi para o “adventistas.com” (entrevista com o pastor Maurício), muitos membros e pastores entraram em contato comigo contando coisas escabrosas que estão vendo acontecer. Mas o que mais dói, o grande clamor que sobe para os Céus é a pergunta: Até quando?

Até quando eles vão continuar pisando, destratando, desdenhando dos menos favorecidos? Sabem que com eles nada acontece. O salário está garantido no final do mês. Se a coisa fica muito ruim, são transferidos, com as despesas de mudança pagas por conta do contribuinte. E quando nós reclamamos, somos os “maus”. Somos os “infiéis”. Só que nós, aqui em baixo, pagamos nossas dívidas e explicamos nossos atos. Caro irmão. Você quer saber se é tubarão ou é peixinho? Experimente sumir com 300.000,00 reais DOS OUTROS, e veja o que acontece... -- Tales Fonseca

Leia também:

Retornar

Para entrar em contato conosco, utilize este e-mail: adventistas@adventistas.com