Opinião "Leiga" Sobre o Artigo da Revista Spectrum

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Ser – Terrível, Infinito, Não Humano, Transcendente, Imanente

Por Olive J. Hemmings *

Um Comentário da Lição da Escola Sabatina para 25 de março a 1.o de abril de 2.006: “A Personalidade e Divindade do Espírito Santo”

A humanidade pode somente compreender de maneira parcial o Ser Infinito ao qual nos referimos como “Deus”. A nossa compreensão é parcial porque nos esforçamos para entender um ser não humano infinito a partir de um ponto de vista humano finito. Isso está refletido em cada expressão de nossa fé, começando com o texto sagrado.

Não há nada de errado com nossas expressões humanas, desde que essas expressões não sejam tomadas no sentido absoluto. Ao tornar absoluto o finito, colocamo-nos em perigo de “construir para nós mesmos um ídolo feito em nossa imagem humana” (1) e nós corremos o duplo risco de arruinar o próprio finito (2). Neste ponto aquilo que nós compreendemos não é totalmente transcendente, mas totalmente imanente. Este não pode ser o Criador de todas as coisas como deveria ser.

Apesar de sua linguagem predominantemente humana a respeito do Criador, a Bíblia apresenta duas instâncias nas quais a nomenclatura e descrição divinas transcendem o humano. Estas são encontradas em Êxodo 3:14 e João 4:24. Esses dois versos são as chaves para reconhecer a transcendência e imanência do Ser Divino.

No primeiro verso, o Criador é o Ser em si mesmo (“Eu Sou”). No segundo, com o qual eu começarei, o Criador é Espírito. Ao observar cuidadosamente ambas as passagens, podemos concluir que o Criador transcende o humano, mas permanece firmemente enraizado na história como Espírito. A história de Jesus e a mulher samaritana junto ao poço em João 4:7-26, apresenta uma intrigante conversa sobre o Infinito. Nesta conversa, Jesus procurou dirigir os olhares da mulher acima de sua visão finita para a água da vida eterna. Na história, essa mulher procura confinar o Divino em uma pequena montanha – talvez em Samaria ou talvez em Jerusalém – onde o verdadeiro lugar de adoração existe. Ela não está segura (João 4:20).

Jesus responde: “mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; ... Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23-24). O principal ponto de Jesus é que o Criador é Espírito. .

A palavra grega utilizada para Espírito no Novo Testamento é pneuma. Uma observação cuidadosa desta palavra na sua língua original pode estimular maior reflexão sobre o Criador. Em primeiro lugar, a palavra é neutra em gênero. Como tal, ela nada diz sobre o gênero do Criador. Em grego (e hebraico), o gênero não é necessariamente designado com base no sexo (masculino ou feminino) como em inglês. Nessas línguas, uma coisa inanimada pode ser masculina ou feminina.

Muito significativo, igualmente, a palavra hebraica para Espírito, no Velho Testamento é feminina em gênero. Novamente, isso não diz nada necessariamente sobre sexo ou gênero do Divino. Isso indica somente que pensamentos sobre o Divino são expressos em linguagem humana. A designação inglesa para o gênero masculino (ele) para o Espírito apesar da sua versão grega e hebraica em gêneros neutro e feminino reflete uma leitura do texto sagrado baseada numa cultura dominada pelo masculino.

Além disso, a palavra pneuma como Jesus a utiliza para descrever Deus em João 4:24 não tem nenhum artigo definido (o). No grego quando o artigo definido é omitido a ênfase é freqüentemente na descrição ou qualidade, mais que na identidade. Portanto, João não identifica “O Pai” como “O Espírito”. Ao invés disso, ele descreve Deus como Espírito. Este é o jeito de João dizer que Deus não é carne ou humano, e, portanto, não pode ser confinado no espaço (uma montanha em Samaria ou Jerusalém), ou tempo, ou qualquer outra realidade humana – incluindo gênero.

Este “approach” está em manter o “modus operandi” dualístico de João da carne e espírito, luz e trevas, verdade e mentira. Na verdade, João inicia seu evangelho (João 1:1-14) declarando que o logos pré-existia numa natureza similar à de Deus e entrou na história como o Cristo revestindo-se de carne (3).

Portanto, para João, Aquele que chamamos “Deus” ou “Pai” transcende a carne (história/humanidade) como Espírito. É esta mesma transcendência que faz o Divino imanente. Somente como Espírito pode o Divino mover-se sobre as águas e criar o mundo. Somente como Espírito pode o Divino mover-se entre humanos e convencer corações humanos.

O Ser Infinito existe acima de tudo que nós compreendemos, mas permanece entre nós de forma que podemos entendê-lo. Este é o mistério da Graça Divina que nós experimentamos em cada momento da vida, embora não possamos explicá-la coerentemente.

Êxodo 3:14 apresenta a única ocorrência da auto-denominação divina. “Qual é seu nome? Que lhes direi?”, pergunta Moisés. “Eu Sou o que Sou”, responde o Divino. Aqui o Divino não é autodenominado como alguém que vem à existência, ao invés disso, o Divino é declarado como Ser(4). Como humanos nós permanecemos dentro daquela realidade infinita procurando alcançar o que pela natureza podemos experimentar, mas não podemos compreender completamente.

Portanto, uma confissão ateísta pode realmente ser uma rejeição das imagens finitas que nós construímos no lugar do infinito. Pois a negação da existência do Ser é a negação da sua própria existência. À medida que compreendemos essa imanência essencial do Divino como Ser, nosso foco desloca do finito em direção às fronteiras do infinito, mas não pode nos levar para além delas.

O Divino sendo Ser articula plenamente o que H. Richard Niebuhr denomina (“monoteísmo radical”) e este é o legado do pensamento hebraico. Este monoteísmo radical requer uma responsabilidade ética radical que reside no coração da vida e ensinos de Jesus de Nazaré. Aquele que é Ser é a fonte de toda espécie, raça, gênero ou nacionalidade.

Este monoteísmo radical nos impele a permanecer em humildade na presença deste inefável assombroso. Ele nos impele a colocar de lado os ídolos que construímos em seu lugar em nossas tentativas falhas para compreender o incompreensível. Ele nos impele a derrubar as imagens humanas que nós erigimos no lugar do divino – imagens que servem somente para criar devastação dentro da comunidade dos seres. Ele nos impele a derrubar as barreiras que construímos contra o outro, e unir mãos e corações em nossa desesperada busca para nos tornarmos um novamente com nossa Fonte.

Notas e Referências

1.Richard Niebuhr, Radical Monotheism and Western Culture (Louisville, Ky.: John Knox Press, 1960), 45.

2.Por exemplo, a referência ao Divino como Pai, Filho, e Espírito Santo é uma expressão maravilhosa do modo e relacionamento cósmico e propósito que a humanidade deve como um todo emular. Contudo, quando as imagens exclusivamente masculinas do Divino se tornam absolutas, isso ofusca a imagem divina no sexo feminino. Nesse caso, a nossa conversão do finito em absoluto torna-se de uma vez só idolatria para o sexo masculino e ruína para o sexo feminino.

3.Conforme João 1:1, o logos (palavra) pré existia com Deus “e a palavra estava com Deus e a palavra era Deus”. Uma leitura cuidadosa da expressão “a palavra era Deus” na língua grega não indica que o logos e Deus são um e a mesma pessoa. Ao invés disso, a ausência do artigo definido antes de “Deus” indica que o logos é da mesma natureza de Deus (divina). Isso significa que Cristo pré existia como um ser divino-espiritual. Esta é a razão porque a tradução do Novo Mundo traduziu essa passagem como, “a palavra era um deus”.

4.Na verdade, alguns estudiosos da Bíblia acreditam que a designação YHWH (Yahweh) pode ter sua origem na declaração divina.

* Olive J. Hemmings é PhD e professora de religião no Columbia Union College, Takoma Park, Maryland, Estados Unidos.

Escola Sabatina: Comentário Universitário Spectrum. - II Trimestre de 2006. Personalidade e divindade do Espírito Santo. Lição 1 - 1 de abril de 2006. Tradução: Classe Universitários, da IASD de Jd. Estádio.


Comentário:

Evidentemente não está revelado para o homem a completude do conhecimento sobre Deus. Sabemos algumas coisa sobre Deus e essa alguma coisa sobre Deus que sabemos, o sabemos por estarem reveladas nas Escrituras Sagradas. Quanto a usar o ser humano finito para conhecer parcialmente o infinito, as Escrituras apóiam firmemente essa possibilidade. São as próprias Escrituras a revelar que o ser humano finito, é a imagem do ser divino infinito. Compreendendo o finito, podemos conhecer um pouco do infinito.

Como é que podemos ter uma idéia sobre o amor do Pai Eterno, senão for pela idéia que temos do amor humano? Sabemos qual a extensão do amor de uma mãe para como seu filho e é com base nesse saber, que avaliamos a grandeza do amor de Deus. A referência para uma pálida compreensão do amor divino, é a amor humano.

Poderíamos incluir nessa argumentação a justiça humana, a bondade humana, a honra humana e muitas outras manifestações do caráter humano, e todas essas manifestações humanas são capazes de nos fazer conhecer Deus, ainda que parcialmente. Deus supera em tudo, qualquer referencial humano; no entanto, os referenciais são válidos, porque mesmo Deus os utiliza para que nós possamos conhecê-lo. 

Sabendo que somos homens e não Deus, não haverá problema algum usar o que conhecemos sobre nós mesmos para nos ajudar na compreensão de Criador eterno.

Deus é o Ser em si mesmo, no entanto, não deixa de ser um ente. É um ente em si mesmo. Não depende de algo externo a si mesmo para ser. Deus é também espírito e sendo espírito, não está eliminada a sua pessoalidade corpórea.

Deus é espírito e está numa outra dimensão que transcende o plano material; no entanto, essa dimensão não exclui um corpo, a possibilidade de presença visível semelhante à presença de um ser físico. Prova? Moisés na caverna o viu pelas costas.

O ser divino que é escondido pela luz inacessível, não é o Cristo e nem uma suposta terceira pessoa de uma suposta trindade ou ainda uma suposta trindade. O ser invisível que se oculta na luz inacessível, a quem nós conhecemos como Pai celestial, nos foi mais perfeitamente revelado por um que se fez homem, Cristo seu Fillho.

Vejam bem, o conhecimento sobre o homem pode perfeitamente servir de referência para o conhecimento do divino, de Deus; é claro, uma referência imperfeita. -- Elpídio da Cruz Silva, adventista bereano do sétimo dia.

Série de artigos anti-trinitarianos do mesmo autor (Irmão Elpídio):

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