O Sangue de Jesus Pode Também Purificar a IASD de Todo o Pecado

 

Desde criança, ouvimos falar que o sangue derramado lá na cruz tem poder e pode nos purificar de toda a transgressão. De primeiro, a gente até cantava na igreja: "Se todo o mal tu desejas deixar, o sangue de Jesus dá o poder. É teu querer do maligno escapar? Terá neste sangue o poder. Há poder, sim, força sem igual..."

Em geral, temos a consciência de que o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado. Em termos teológicos, de forma forense ou jurídica, mantemos a crença de que o pagamento do pecado que foi feito lá cruz nos torna isentos de uma dívida para com Deus. Portanto, somos perdoados, pois Cristo pagou nossa culpa.

Creio que “jamais metade se contou do amor de Deus Jeová”, como cantamos em um outro maravilhoso e santo hino.

O sangue derramado purificando o pecado. com certeza, tem muito mais a nos dizer e sobretudo muito mais a fazer por nós. Em espírito de oração, busquemos a Deus neste momento, para que Ele nos ilumine e encontremos mais pérolas desta preciosa mensagem.

 

O que é pecado

É muito importante que tenhamos um elevado conceito das coisas de Deus. Não podemos tratar das coisas celestiais na linha de raciocínio baixa e terrena. Assim como a verdade é progressiva em sua revelação nas Escrituras, deveríamos buscar mais e mais conceitos que mais se aproximem das novas revelações em Cristo Jesus, a sobrexcelente revelação do Pai.

Na Bíblia, encontramos vários conceitos para o pecado e estes se combinam em perfeitos elos e relacionamentos. O mais conhecido e preferido de nós adventistas é o de João 3:4: “Pecado é transgressão da lei”. Mas este conceito não é único e o assunto do pecado não se pode resumir neste texto das Escrituras. Pois “assim lhes será a palavra do Senhor, um pouco aqui e um pouco ali”, escreveu o profeta Isaías, capítulo 8.

Se explorarmos este texto, veremos que muito ainda podemos aprender do significado de pecado. A lei, como todos já sabem, resume-se no amor ao próximo e amor a Deus. Logo, o resumo de se praticar o pecado é não estar amando a Deus e não estar amando ao próximo. Viu como já pudemos aprofundar um pouquinho mais?

Mas em se tratando de lei, de transgressão da lei, busquemos o conceito de Cristo de Lei. Para Ele, a lei não era nada superficial, no dizer de EGW, a “expressão pobre (básica) da vontade de Deus do decálogo” não Lhe limitava nem impedia de revelar as grandezas da lei de Deus expressas em outra forma mais aprofundada. Ele veio do Céu e conhecia ao Pai: “Eu sou o pão que desce do céu e vos é dado”. Certamente, portanto, Cristo trouxe novos conceitos e ampliou nosso pobre entendimento da lei, “no que estava enferma pela carne”, pela limitação humana em compreendê-la (por isso foi dada de forma resumida no Sinai) e interpretá-la.

Explicando de outra forma, sem querer parecer herético, os anjos de Deus lá no Céu não seguiam dez mandamentos como os dados no Sinai. Não faz sentido dizer a um anjo: “Não adulterarás” faz? Mas lá no céu operam coisas superiores e assuntos superiores e leis superiores, os quais não contradizem aos princípios da lei dada no Sinai, mas ampliam em muito o seu significado. Por essa razão, a vinda de Cristo instalou uma nova aliança perante a qual, a velha aliança gravada em letras e tábuas de pedra, por mais que se revestiu de glória, em nada se compara com a sobrexcelente Glória da Aliança no Espírito. II Coríntios, capítulo 3.

Uma mudança é-nos requerida ao vermos que a Bíblia está segmentada, onde se parte entre velho e novo testamento. Não podemos continuar a defender a igualdade deles, quando a própria palavra nos diferencia como um sendo inferior e outro superior, um sendo velho e obsoleto e outro “Novo e vivo caminho”.  Não podemos, para defender nossas verdades mais claramente expostas no Antigo testamento, negligenciar ou passar de largo pelo assunto dos livros de Hebreus, Gálatas, Romanos, Filipenses, Colossenses e quase todas as cartas paulinas, cujo objetivo é justamente apresentar a nova aliança e toda a mudança que houve após a vinda de Cristo.

O tema da justiça pela fé, centro da nova aliança, chegou-nos em 1888 e bate à nossa porta ainda hoje. Pede para que mudemos muitos conceitos e renovemos nossa compreensão das Escrituras. Exclama para que não mais propaguemos um velho testamento adventista em nossos estudos bíblicos, pregações, ênfases e mentalidade.

 

O que mais é pecado?

Como já vimos pecado é mais que transgredir, é não amar... Agora pergunto, onde nasce o amor? Amor tão necessário e imprescindível para a perfeita obediência, pois “se me amardes, guardareis meus mandamentos”.

A resposta a esta pergunta é o centro deste estudo: O amor nasce principalmente da contemplação do sangue derramado pelo Filho de Deus, gerando a confiança nEle. E essa confiança altera nosso distanciamento de Deus e nos faz aproximarmos dele para Lhe implorar perdão.

Não somos justificados pela fé? A fé é um resultado do amor, o amor produz a fé. Contemplemos a crença de um jovem apaixonado. É quase cega não é mesmo? Estamos assim com nosso Deus? Estamos deveras apaixonados? Se nos apaixonarmos por Ele, teremos fé nEle. Se O conhecermos e enxergarmos que Ele nos ama e deixar que Ele nos cative, teremos fé nEle. E não existe ato em toda a Bíblia que mais nos conquiste que a contemplação da cruz, do Seu sacrifício no gólgota.

Depois de contemplá-Lo sobre o madeiro, então confiaremos em Sua bondade e esta confiança resultará em aproximação, diálogo e súplicas em nosso favor. Assim o sangue de Cristo derramado, ou antes, derramando, purifica-nos de todo o pecado, de toda a dúvida, de toda a descrença.

Lutero disse: “Nada é pecado senão a descrença”. Não sei se ele baseou suas palavras naquele relato, em que Jesus disse que o “Espírito Santo vos convencerá do pecado... do pecado, porque não crêem em mim”. Mas encontro nestas declarações de Jesus, perfeita harmonia.

Jesus declarou o que era pecado, em sua visão superior à de João, relatada no próprio livro de João: “Pecado por que não crêem em mim”. Para mim, Jesus estava resumindo tudo, porque o pecado teve sua origem na descrença, sua raiz na inimizade, sua causa na dúvida do caráter de amor do Pai. Nada mais justo portanto do que declarar como Jesus, como Lutero, pecado é, antes de tudo, não crer, não confiar. Por isso, aquele sangue pode limpar nossa desconfiança, nosso real, básico e originalíssimo pecado.

 

Cenas de perdão explícito 

Procuremos contemplar o sacrifício de Cristo, desde Seu humilde nascimento, Seu humilde comportamento como criança, como adulto, e chegarmos com Ele no auge da demonstração da Sua ilimitada vontade de nos salvar, aqueles momentos no Getsêmani, onde as gotas de sangue já começam a borbulhar e nos purificar de toda a desconfiança que carregamos dEle, devido aos nossos sofrimentos.

Acheguemo-nos com ele aos pátios e perante Pilatos, ali conseguiremos enxergar todo o amor dEle, revelado ao proferir palavras de amor a alguém que lavaria suas mãos diante da injustiça. Nós nos veremos a nós mesmos nesta cena e nas cenas seguintes, sendo amados ao odiarmos, sendo perdoados ao blasfemarmos, sendo defendidos ao cuspirmos nele.

Como um povo que sempre negou o seu Mestre em todos os tempos, em todas as épocas, em todas as situações, na glória de Suas mãos estendidas por nossas transgressões, está nossa divina esperança. Está a certeza de que apesar de tudo, Ele nos compreende, perdoa e simplesmente morre pelos nossos pecados, aguardando o nosso choro em arrependimento e entrega total.

Podemos rir de Suas chagas, podemos cuspir em Sua fronte, podemos desprezar Suas palavras, podemos de mãos dadas ao diabo e falsos líderes religiosos demonstrar todo o conchavo hipócrita do mal, ainda assim aquele sangue é derramado por nós. Ainda assim, não se ouve condenação daquele Cordeiro. Ainda assim, Ele despreza nossa ignorância e não vê motivos para que Seu Pai não nos perdoe.

 

Show de realidade ao vivo

Naquelas cenas finais, em meio a todo conflito de interesse, todo conflito de idéias e doutrinas, toda injustiça praticada e camuflada, toda venda de princípios em troca de manutenção de um ministério falso, sim, naquelas cenas estamos nós todos ali.

Alguns como discípulos covardes, alguns como soldados fiéis à ordem, alguns como líderes responsáveis, alguns como Judas, Pilatos, Pedros, mas estamos ali. Alguns como zombadores, cuspidores, ladrões e pecadores arrependidos e ladrões e pecadores que se justificam. Todos nós. Mas Ele morria por todos e declarava amar a todos. Deus ama você, a mim, a qualquer um de nós.

Sim, aquele sangue foi derramado pelos que representavam a mim mesmo e a você mesmo. Pois, se em idênticas circunstancias estivesse eu lá, ou estivesse você, agiríamos tão perfeitamente iguais, à semelhança do que temos feito hoje em nossos dias.

Mas o sangue apenas se esvai daquele corpo em atitude fiel de pagamento expiatório. Apenas alguém divino se submete as atrocidades nossas ali representadas. Naquele show de realidade ao vivo, concentram-se todas as forças do universo, todas as pessoas, todas as personalidades, todas as igrejas... Ali também foram todos perdoados, purificados e embranquecidos, todos exceto os que não Lhe aceitaram e não distinguiram como Nicodemos o amor do Pai às pessoas, a ponto de se sacrificar tanto, ao dar Seu filho unigênito para que ninguém perecesse, ninguém morresse em seus delitos, mas que todos pudéssemos chegar ao arrependimento e ser salvos.

 

Creio que a mensagem da cruz fará mais que o fio agudo e incisivo de nossa língua e por isso, como Paulo, quero saber somente uma coisa entre vós: De Jesus e este crucificado!

Ainda três anos e meio após a morte de Cristo, os judeus tiveram chance e o pacto era-lhes estendido. Quanto tempo restará para que a Igreja Adventista do Sétimo Dia se arrependa e volte a prática da verdade? Não sei. Mas uma coisa sei e, com certeza, sei, que sem o derramamento de sangue não pode haver remissão de pecados.

Portanto, se a cruz de Cristo não motivar a todos para que sacrifiquem suas opiniões, suas administrações, suas negações de tudo o que há de verdade e tem sido negligenciado, certamente em nome do Altíssimo, não somos diferentes dos judeus e nosso destino poderá ser idêntico.

Os pregadores nas igrejas são silenciados, os pastores que enfrentam o sistema são mandados embora, os anciãos que não bajulam a administração, ou não pagam os dízimos, não são reeleitos. Os potenciais que mais poderiam estar contribuindo com a igreja toda, estão em alguma fogueira, em alguma quarentena, de molho, sob observação, amordaçados, amarrados... “pois, filho do homem, eis que porão cordas sobre ti e ficarás mudo e incapaz de os repreender, mas quando Eu falar contigo, assim lhes dirás, quem ouvir, ouça e quem deixar de  ouvir deixe, porque são casa rebelde.”

Que o Espírito de Deus, que moveu três mil pessoas a se converterem de seus maus caminhos com apenas um sermão, possa enternecer a cada adventista que hoje lê estas palavras, para que a bondade e a justiça sigam seus passos hoje e eternamente. Amém. Sodré Gonçalves, autor da série de artigos: Nova Avaliação Geral da IASD, publicada em maio, sobre vários tópicos.

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